Cap 7

155 19 2
                                    

       — Como é possível? – Tom pergunta sussurrando.
      — Não sabemos. Alastir acredita que seja algo relacionado aos vampiros — digo baixinho, endireitando a coluna.
     — Mas você não acredita nisso – ele diz, de forma maliciosa — já que está falando com um.
     — Não. Nem Georg.
     — Tudo bem. Partiremos amanhã pra Velour – Tom termina sua bebida e se retira da bancada — Até.
    — Que merda você tá pensando em fazer? E se ele for do clã? – Georg pergunta quando Tom estava distante.
   — É exatamente pra isso que estou torcendo – digo a Georg e me viro pra Pearl.
— Onde encontramos as papoulas?

                                     *

    Depois de Tom, eu e Georg fomos dormir, e acordamos antes dos primeiros raios de sol. Pegamos nossos pertences, coloquei o tecido no rosto e descemos até a taverna, onde Pearl estava limpando o bar.
— Bom dia – digo. Georg acena com a cabeça.
— Bom dia. Temos um pouco de pão e água, caso queiram levar pra seguir viagem.
— Obrigada – faço uma pausa — Pearl, onde conseguiu as papoulas?
Pearl nos leva até os fundos da taverna, próximo aos estábulos. Uma plantação de grande porte surge em nossa vista. Árvores, algumas verduras, e papoulas. Muitas papoulas.
– Minha família tem esse cultivo há anos. Forneço um pouco para cada um da cidade. Não é muito, e nem impede que os vampiros façam algo, mas o sangue fica com gosto diferente.
— Queremos um pouco – digo.
— Eu coloquei na bebida e na água que se banharam ontem.
— Queremos mais — insisto e sustendo o olhar com firmeza.
– T-tudo bem.
Pearl vai até o canto da horta e pega um saco de pano, em seguida, vai ao meio da plantação e tira alguns ramos de papoulas, amarrando a ponta do saco.
— Quanto custa?
— Nada... só tranquem a prisão — ela diz. Como ela sabia? Olho pra Georg e ele assente e seguimos para nossos cavalos.
    — Obrigada, Pearl.
    — Você lembra muito ele – ela diz e me faz pensar se ela e meu avô tiveram algo. Eles se amavam? — obrigada por vir.
    Assinto e seguimos com nossos cavalos. Tom surge do meio da floresta, que envolve a cidade, limpando suas mãos e boca do líquido vermelho.
    — Prontos?
   Eu e Tom estamos no mesmo cavalo, o que faz nossas posições ficarem um tanto desconfortáveis, e sinto seu corpo roçar ao meu de tempos em tempos.
    — Se eu soubesse que viajaríamos assim, definitivamente não precisaria insistir.
    — Vá se fud3r.
    — O que disse, princesa? — ele perguntou ao pé do meu ouvido, e sua respiração próxima me fez arrepiar — Que cheiro é esse? Papoulas?
— Não andaríamos sem isso com você. — Georg diz.
— Mal posso esperar para chegar a Velour — Tom diz e pela sua voz, está sorrindo.

                                       *

Passamos a maior parte da viagem em silêncio. O pouco que falávamos, era mandando Tom ficar quieto, ou eu e Georg contávamos histórias, de resto, só ignorávamos Tom. Estamos a pouco tempo de Velour, e sinto minha barriga gelar. Estamos descendo a colina quando vimos as primeiras casas da cidade. E no canto mais afastado, o Forte.
— Definitivamente não era isso que eu esperava — Georg diz.
— Achou que a cidade ia ser escura e morcegos rondando? — Tom pergunta, debochando.
E mais uma, ignoramos o mesmo. 5 minutos de silêncio, e Tom começa:
— Vocês são tão divertidos. Foi a melhor viagem da minha vida.
— Cara, eu juro pelos Deuses que se você abrir a boca de novo... — digo, estressada nessa altura.
— Adoro mulheres assim. Empunhando adagas, me ameaçando. Me deixam excitado.
— Porr4 que nojo. — digo.
Chegamos ao pé do vilarejo. Levamos a manhã toda de cavalgada, e já está no meio da tarde. Tom pula de repente de Fergus.
— Eu fico por aqui. — disse, seguindo pro Forte.
— Espera, você é do clã? – digo, e então vejo a semelhança e me arrepio — Deuses... você é um Kaulitz. O próprio irmão...
— Bem vindos à nossa casa – ele diz, de forma maliciosa e num piscar de olhos, ele sumiu.
— Mary... você conseguiu – Georg diz ofegante e eu olho pra ele — entramos no olho do furacão.

                                    *

    Conseguimos dois quartos em outra taverna. O lugar é melhor que o anterior. Nos limpamos e agora estamos dissolvendo papoulas em água quente para tomarmos.
    – Isso vai acabar mais rápido do que imaginei — Georg diz e se deita na cama, que range alto.
    — Não cante vitória antes, Georg — tomo o chá e me viro pra ele — vamos andar pela cidade e ver o que encontramos.
    — Você ainda acredita na inocência deles, não é?
    — Sim — digo baixinho — quer dizer, olha esse vilarejo. Por que matar em outro lugar? E tão distante. Nem faz sentido. Essa cidade deveria ser só ruínas. Mas – faço uma pausa e levanto o indicador — isso não significa que não sejam inimigos.
Descemos até a taverna e fomos andar pelo vilarejo. Estou com a adaga embainhada na perna, e Georg tem duas facas na cintura. Só eu estou com o arco e a aljava.
    Algumas pessoas nos veem e entram em suas casas.
     — Por que eles temem a gente? Eles estão na cidade dos Kaulitz — Georg pergunta.
     — Aqui, nós somos os inimigos. Os Kaulitz governam a cidade, mas são eles que a protegem. Nos veem como ameaça à seus superiores — faço uma pausa e sorrio — Mas pode ser porque estamos armados assim.
   Eu e Georg rimos. Chegamos ao pé do Forte, o que parece ser uma antiga igreja. Vemos um cavalo e o brasão real. Que estranho. Eu e Georg nos entreolhamos, empunhamos nossas armas. E então, Gustav sai da lateral do forte. Que porr4 é essa?
     — Que porr4 é essa? — Georg diz, como se lendo meus pensamentos.
     — Ah, aí estão vocês. – Gustav diz, e parece nervoso.
     — O que você está fazendo aqui? Não me diga que Alastir... — pergunto.
     — N-não. Na verdade, eles não sabem que eu vim. Eu... — ele suspira e diz baixinho, como se não quisesse admitir pra si mesmo — eu também acho que não são eles. Tem alguma coisa muito errada acontecendo, Meridia. Eu acredito em você.
     Suspiro. Deuses, que alívio.
      – Vem, vamos entrar — digo e ele vai pra trás de Georg.
      Fechamos a porte atrás de nós, e a escuridão e o silêncio se fizeram completamente presentes. Um arrepiou percorreu minha espinha. Até, uma voz fazer nós 3 nos sobressaltarmos.
       — Meridia... estava esperando por você.

       VOTE E COMENTE <3

Pain Of Love - 1ª TEMPORADAWhere stories live. Discover now