EPÍLOGO

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3 ANOS DEPOIS.

- Olá, senhora Siena. Como está essa semana? - Perguntou a enfermeira enquanto colocava alguns prontuários na recepção da enfermaria do quinto andar do hospital Andorinha de Floripa. - Como vai o clima de Campo Grande?

- Estou bem, Dona Lourdes. Está uma delícia! Parece que o ar de lá é mais puro, mais limpo sabe. - Siena respondeu enquanto andava em direção a um dos quartos ao lado da enfermeira Lourdes. - Ela teve alguma resposta, deu algum sinal?

- Infelizmente não, minha filha. Mas se apegue a Deus e encha o coração de esperança, em algum momento ele vai te ouvir e fazer ela acordar!

- É Dona Lourdes, quem sabe, né?! - Disse Siena entrando e fechando a porta desse último quarto devagar.

- Isso que é amiga, viu Débora. A cada quinze dias, no último ano, vindo visitá-la faça sol ou faça chuva.- Comentou Lourdes com outra enfermeira

- Qual o diagnóstico? - Perguntou Débora.

- Em coma por causa de um traumatismo crânioencefálico, dizem que foi um tiro na cabeça que causou isso. Abafaram muito o caso dessa menina, ela veio lá do hospital da aeronáutica, não tivemos muito acesso à história. - Respondeu Lourdes.

- Eu hein, que loucura! - Respondeu Débora, trazendo Lourdes para ajudar em seus afazeres diários.

Siena sempre que visitava Lilly, trocava as flores do vasinho de plantas ao lado da cabeceira da cama hospitalar.

- Oi Lilly. - Disse ela sentando na poltrona e segurando a mão de Lilly. - Eu não encontrei petúnias, sei que você ama, mas eu trouxe girassóis. Eles sempre me animam quando eu me sinto triste!

Siena limpou uma lágrima que escorria.

- A sua mãe me ligou, me perguntou se estava tudo bem. Ela quer transferir você pra um hospital em SP, disse que estava cansativo vir todo mês te visitar aqui. Daqui a algumas semanas será natal, talvez seja bom você ficar perto deles.

Siena abriu um pouco as cortinas e sentou novamente.

- Seus pais ainda estão chateados devido a tudo que ocorreu. Não pudemos contar a verdade pra eles, Adam teve que inventar uma história e felizmente não chegou aos ouvidos dos superiores dele. Já te contei que ele conseguiu mexer os pauzinhos pra arquivar tudo quanto é tipo de prontuário no hospital da aeronáutica, depois desse tempo todo ele ainda tá tentando chegar no Rossini. Acho que faz uns três meses que não nos vemos, mas nos falamos semana passada, ele está em Roma agora.

Siena respirou fundo e começou a chorar.

- Sabe, fazendo uma retrospectiva... Eu nunca consegui te perdoar, Lilly. Nem conseguia vir te ver, principalmente nos dois primeiros anos depois de tudo o que aconteceu. Por muitas vezes pensei o porquê de ter levado adiante essa amizade, depois de tudo o que você me fez. Não sei se sou tão idiota de continuar estando aqui, eu vi em seus olhos que você se arrependeu, mas nada do que vem de você me interessa. Eu ainda estou aqui por um motivo...

Siena se levantou da poltrona.

- Estou aqui porque eu consegui me perdoar por sempre me sentir culpada, sempre sentir que a errada fui eu. Estou aqui porque ninguém mais está. Eu dou o que tem dentro de mim, dentro de mim eu desejo que você possa acordar e ter uma segunda chance pra acertar. Mas bem, é isso. Chega de lágrimas! - Ela enxugou o rosto com a própria blusa e deu um beijo na testa de Lilly.

Ao sair, se despediu das enfermeiras que conhecia.

- Se eu não ver vocês esse natal, feliz natal e boas festas pra vocês, meninas! - Disse animada.

O pecado de SienaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora