15. Outra vez

4.1K 220 18
                                    

- Ela está acordando! - Dizia uma voz.

Embora extremamente cansada, Siena se esforçou e abriu levemente os olhos, avistando um senhor de barba branca que auscultava seu coração.

- Siena, você acordou... Meu Deus!!! Fiquei preocupada... - Gritou Lilly em desespero.

- O-onde estou? - Perguntava Siena um pouco tonta e com um certo frio na barriga.

- Você está em casa, Siena, no seu quarto! - Respondeu Rafael.

- Mas então o clube, o escritório e Antony... E Rafael... - Balbuciava Siena.

- Doutor, ela está delirando... - Disse Lilly nervosa.

- Isso é normal, Lilly - O médico acalmou, um senhor de barba branca abrindo os olhos de Siena, colocando uma lanterna e rispidamente avaliando-a por meio de toque em algumas partes do corpo, Siena pôde notar rapidamente um anel no dedo do médico que chamou sua atenção, pois nele havia uma silhueta de uma serpente com os olhos em cor azul anil.

- Tem certeza, Dr.? Ela vai ficar bem? - Insistiu Lilly.

- Sim, não se preocupe. - Prosseguia o médico. - O efeito do...

- Ela está bem, Lilly! - Interrompeu Rafael - Você precisa se acalmar para não deixá-la nervosa.

Ele se levantou e pegou na mão do médico, o direcionando para a porta.

- Muito obrigado Dr., mas Siena já acordou e isso é o suficiente. Prefiro que a gente cuide dela daqui em diante, ela pode estar assustada. Acerto com o senhor depois!

O médico saiu enquanto Lilly passava a mão sobre a cabeça de Siena.

- Amiga, por favor... Fala comigo!

- O-oi Lilly - Disse Siena sonolenta olhando pra janela - O que aconteceu? Já está de noite?

- Você não queria acordar... - Lilly começou a chorar incontrolavelmente. - Me desculpa amiga.

- Desculpa pelo quê? O que está acontecendo? - Perguntou confusa.

- Lilly, acho melhor você tomar um copo de água e se acalmar. Vai deixar Siena mais nervosa, ela está bem agora! - Rafael pegou no braço de Lilly e a levou também para a porta.

Lilly saiu, chorando e trêmula.

- Só um minuto Siena, preciso acalmar sua amiga! - Rafael saiu e retornou alguns minutos depois.

- Você pode me dizer o que porra está acontecendo? - Siena se exaltou recuperando as faculdades mentais.

- Você adormeceu profundamente, não queria acordar. Acho que teve algum desmaio intenso, alguma queda de pressão ou algo do tipo, não sabemos... Mas isso provocou uma arritmia cardíaca em você. Seu coração bateu de forma desregulada!

- Como é que é? - Perguntou Siena se levantando.

- Calma Siena, tudo está bem agora! - Ele tentava acalma-la. - O médico te avaliou e ficou o tempo inteiro aqui conosco.

- O tempo inteiro? Desde que horas eu estou assim?

- Desde hoje de manhã no L'or Noir. Você deitou em meu colo e dormiu. Tentei te acordar em seguida, mas você não acordava. Precisei te trazer o mais depressa possível pra Lilly não desconfiar de onde estávamos, mas disse a ela que você tinha passado mal no escritório...

- Porque você não me levou ao hospital? - Perguntou Siena.

- Rafael! - Interrompeu Lilly outra vez abrindo a porta. - Tem uma ligação pra você do escritório. Acho que é urgente.

- Ok, vou atender! - Rafael saiu rapidamente do quarto.

- Você está melhor? - Perguntou Lilly a Siena.

- Estou sim. Um pouco grogue, mas estou bem... E você?

- Estou preocupada com você, Siena.

- Não precisa, amiga. Eu vou ficar bem... Não é culpa sua o que está acontecendo! - Siena a consolou.

- Eu deveria estar perto de você durante tudo isso que você está passando. - Disse Lilly a abraçando.

- Tudo o quê amiga?

- Meninas, preciso ir pra o escritório! - Interrompeu Rafael abrindo a porta mais uma vez. - Realmente houve um probleminha por lá e eu preciso resolver.

Rafael fechou a porta de novo e foi embora.

- Tudo o quê, Lilly? - Insistiu Siena.

- Tu-tudo... O novo emprego, o-o novo relacionamento... Acho que isso é um pico de estresse grande sabe...

- Relaxa Lilly, eu nem acho que seja pico de estresse... Nunca me senti tão relaxada. Mas sabe uma coisa, é tão estranho isso! - Siena sentou na ponta da cama.

- O-o quê é estranho?

- Não é a primeira vez que tenho algo assim.

- Assim como, Siena? Quase uma parada cardíaca?

- Sua boba! - Siena riu. - Não falo disso, falo dos sonhos. Já é a segunda vez que eu tenho sonhos que são tão reais, que não sei diferenciar da realidade.

- Ah amiga, isso é normal... Eu já tive isso! - Disse Lilly abraçando Siena. - Algumas pessoas chamam de Déjàvu, outras de paralisia do sonho... Você nunca ouviu falar?

- Não Lilly, escuta... - Siena afastou Lilly do abraço. - Isso não pode ser normal. É algo um pouco fora da realidade... Eu acho que tem algo de errado acontecendo comigo!

- Não tem nada errado acontecendo com você, amiga. Inclusive tenho certeza que você pode estar se sentindo persuadida a pensar isso, pelo que aconteceu hoje.

- Não tem nada a ver, Lilly! - Ela se irritou.

- Pode ter sim! - Prosseguiu Lilly. - Por exemplo, me diz com o que você sonhou hoje pra eu ver se é algo anormal...

- Ér... Eu, sabe... É porque Lilly... Então, eu acho que deveria procurar um médico... - Siena ficou completamente desestabilizada.

- Esse sonho deve ter sido um pesadelo, né amiga... Você ficou pálida do nada, tenha calma! - Lilly voltava a abraçar Siena. - Não precisa relembrar nada, vai tudo ficar bem.

- Eu vou procurar um médico, Lilly. Um neurologista!

Lilly parou de abraçá-la.

- V-você p-pode ir em um médico que eu conheço, ele é muito bom. Ér v-vou te passar o número depois, tá bem? - Lilly segurou as mãos de Siena.

- Tudo bem, amiga! Obrigada.

- Bom, agora vou te deixar descansar... - Lilly levantou-se e saiu do quarto.

Antes que ela fechasse a porta, o interfone tocou e ela foi atender, Siena se levantou e foi logo atrás.

- Ah, Antony? Pede pra ele subir por favor! Obrigada. - Disse Lilly ao porteiro.

- Oh, Antony está aqui? E eu toda descabelada!

- Relaxa amiga, o Antony já te viu de tantas maneiras que isso nem importa mais, né? Tenho certeza que ele irá entender. Bom, eu vou pra o meu quarto pois estou exausta.

Ela se retirou, enquanto Siena esperava ansiosamente por Antony. A campanhia tocou e ela foi prontamente atendê-lo.

- Oi lindona! - Disse Antony a beijando calorosamente. - Vi a luz acesa do apê e imaginei que você já tivesse chegado.

Siena arregalou os olhos, a cena de Antony batendo aquela porta e falando o que estava em seu sonho se repetira outra vez, bem diante dos seus olhos.

- Afinal - pensou ela - Que porra está acontecendo?

O pecado de SienaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant