22. O Olavinho

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- Oh!! - Espantou-se Siena quando uma criança passou correndo encostando a mão em seu vestido e o melando de glacê, enquanto ela saia do carro embasbacada.

- Nossa, ninguém segura esse pestinha... Vem aqui, deixa eu te limpar! - Disse Antony enquanto tirava um lencinho do bolso e passava no vestido de Siena.

- Você sempre guarda um lencinho no bolso? - Siena sorriu.

- Oooh querido!!! - Gritou uma voz feminina de longe. - Como estou feliz de vê-lo aqui.

Era a mãe de Antony. Uma mulher magra e loiríssima com os cabelos ondulados e curtos, olhos verdes, no auge dos seus 55 anos e apesar das cirurgias plásticas discretamente esconderem alguns anos, não conseguiam apagar totalmente a idade. Vestia-se de maneira simples, mas muito refinada. Uma calça de linho cru, uma blusinha de alça, um cardigã de lã em tons pastéis e um mule em trama rústica que completavam o visual da elegante Helena Chaveron. Ela abraçava Antony como se há muito tempo não tivesse o visto.

- Que saudades de você, querido! - Disse Helena até perceber a presença de Siena e se recompor. - Olá, prazer...

- Olá, senhora. Sou Siena Napolitano, é um prazer conhecê-la! - Disse Siena dando um aperto de mão amigável.

- Essa é a Siena, que trabalhava comigo no Nonna Cuccina! - Completou Antony.

- Oh sim, já ouvi falar de você Siena! - Disse Helena sorrindo sempre elegante. - Fico feliz que tenha vindo conhecer nossa família e tenho certeza que será bem acolhida por todos...

- Que todos? - Interrompeu Antony. - Pensei que só estava você e o Richard em casa...

- Quando você vai começar a chamar seu pai de pai, Antony? - Disse Helena com os olhos marejados. - Ele se magoa, sabia?

- Quem se magoa geralmente tem coração, o Richard tem uma pedra neste lugar! - Antony franziu a testa. - Enfim, quem mais está?

Siena observava tudo calada.

- Bom, quase a família toda e alguns amigos das suas primas... Ah e sua irmã que trouxe o Olavinho!

Antony revirou os olhos. Adorava sua irmã mas sentia que ela havia mudado depois que começou a namorar e noivar com o Olavo Marinho ou Olavinho como todos o chamavam. Um homem de 35 anos, cabelos pretos e barba rala, ambicioso, cínico, que abusava de gel no cabelo, casacos de colarinho xadrez e adorava agradar o sr. Richard Chaveron, na maioria das vezes com intenções de conseguir dinheiro ou poderes em troca.

- Por favor, querido... Não crie nenhuma situação chata entre todos. Vamos tentar manter a harmonia. - Disse Helena alertando-o de forma sucinta. - Venha Siena, vamos conosco tomar algum drink. Hoje o dia está quente!

Antony, Siena e Helena andaram até o jardim aberto mais próximo da casa. A música "Água de beber" do álbum Verve Jazz Masters 13 de Tom Jobim que antes não era possível ouvir, agora se transformara em som ambiente daquela reunião de pessoas em mesas espalhadas, algumas em pé e algumas à mesa. Todas os convidados estavam com um dress code esporte fino de uma elegância ímpar para um dia de verão. Muitos brindavam com champanhe e sorrisos, outros seguiam nos drinks de frutas tropicais.

- Meu cozinheiro favorito!!! - Gritou o Olavinho em um tom de deboche chamando a atenção de todos os convidados ao mesmo tempo que levava um drink para Antony. - Que milagre você por aqui, finalmente veio ver sua família.

Antony cerrou os punhos e era possível ver a expressão de ódio em seus olhos. Ele não se importava em ser chamado de cozinheiro, mas sabia que Olavo estava fazendo aquilo de forma perjorativa para inflamar uma briga já antiga entre os Chaveron e fazer Antony se indispor ainda mais com o seu pai e todos que se opunham às suas escolhas. Sabia o que Olavo pretendia e permaneceu calado.

O pecado de SienaWhere stories live. Discover now