8.2 - Inferno na Terra

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Ao ir embora, Edravoc pegou um caminho como quem de forma nenhuma iria ao Bosque dos Cogumelos, mas é exatamente para lá que ele está indo: está arrodeando a Rua dos Cornos para chegar ao referido bosque.

Quando chega ao destino, olha para a grama em solo íngreme e recolhe o galho mais grosso visto entre vários outros mais finos. Depois, retira sua camisa xadrez e a amarra em volta da ponta do galho e com um isqueiro retirado de seu bolso, acende na camisa para assim formar uma tocha, não muito bonita, mas com uma enorme labareda.

Com a tocha em mãos, Edravoc se dirige aos arredores da torre e durante o caminho apenas dois sentimentos consomem o seu interior: o ódio pela não aceitação da sogra e o desejo de que nunca mais ela volte a se meter na relação por ele idealizada como perfeita. Assim, o lobisomem, escondido nos arbustos, discretamente ateia fogo às árvores que circundam a torre da bruxa para matá-la queimada ou asfixiada.

Broom, neste momento, encontra-se trancada em seu quarto chorando por todo o ocorrido até agora. Não lhe entra na cabeça como uma filha a quem cuidou tanto pode preferir a humilhação. Esta, inclusive, está a passos de formiguinha retirando mala por mala e bolsa por bolsa de seu quarto e deixando no chão perto da saída. Em dado momento, a jovem tropeça em uma das bolsas com o dinheiro em mãos e assim, as cédulas caem todas no caldeirão da bruxa, fazendo-a dar um grito escandaloso:

— NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!! — Rapidamente as notas são engolidas pela sopa fervente, indo-se embora sua passagem para Nova York.

— Rolívia? — Broom murmura de dentro do seu quarto após desemborcar a cara do travesseiro repleto de lágrimas.

Nas redondezas da torre, assistindo ao incêndio dos pinheiros, Edravoc se assusta ao ouvir o berro da sua namorada e de olhos arregalados pensa:

— Como assim Rolívia tá na torre?! Ela não tinha ido comprar as passagens?! Mas que merda!

Em pânico, ele corre em direção à porta da torre deixada aberta pela ciclope e rapidamente sobe os degraus até chegar lá em cima onde aparece de surpresa para avisar:

— Amor, precisamos sair daqui agora! — diz respirando fundo repetidas vezes.

— Edravoc? Mas por quê? O que aconteceu? — pergunta Rolívia tentando disfarçar o nervosismo pelo dinheiro perdido.

— Não dá tempo explicar, vem logo! — Ele apressa chamando com a mão, localizado na porta que dá para as escadas.

— Mas o que está acontecendo aqui na minha casa? — Chega a bruxa ao mesmo tempo que enxuga suas próprias lágrimas.

— Não te interessa, rascunho de Satanás! — pragueja o lobisomem consumido pelo estresse.

— Ei, que catinga de queimado é essa? — Rolívia franze o cenho e se dirige à enorme janela da torre, vendo então tudo lá embaixo ardendo em chamas como se fosse o inferno. — Edravoc, por que o bosque tá pegando fogo?!

— Depois eu explico, só vamo' embora logo! — resmunga ao mesmo tempo que finca suas garras nos pelos da cabeça devido à ira.

— Pera, isso na sua mão é uma tocha? — Rolívia arregala os olhos. — Foi você que causou esse incêndio?!

— Hãn? O quê? — Ele solta o objeto das mãos como se assim fosse deixar de parecer culpado. — Não fui eu não, foi um trovão!

— Mas nem tá chovendo! — a bruxa retruca.

— Eu já disse que essa conversa não te interessa! E você, vem logo comigo se não eu te arrebento! — Edravoc avança em direção à janela onde está a jovem.

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