5.2 - Chororô e Esperneio

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Após ver sua namorada prestes a beijar Rafflesia, dois grandes chifres de boi começam a crescer em Xeila.

— COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE ME TRAIR?!  — grita furiosa não só pela traição, mas também pela dor de elementos pontiagudos estarem saindo da sua cabeça. — EU EXIJO UMA EXPLICAÇÃO, MAS NÃO ANTES DE ACABAR COM VOCÊS! — A corna vai em direção a elas e derruba a mesa, que leva ao chão as cadeiras junto com as moças.

Na cozinha, Dídala, Fábio e Jennifer ouvem a barulheira e vão ver o que está acontecendo na sala. Em situações normais, Dídala ficaria irritada por causa da mesa e cadeiras derrubadas, mas o prazer de ver brigando pessoas de quem ela não gosta fala mais alto, então decide apenas assistir.

— Calma, vida! É que eu tenho tanto amor pra dar que uma pessoa só não é suficiente! — Estefânya responde caída no chão.

— COMO É?! — Xeila arregala os olhos. — ENTÃO EU NÃO SOU SUFICIENTE PRA VOCÊ?!

— Olha — Também caída, Rafflesia manifesta-se —, eu nem sabia que ela já era comprometida, mas pode ficar com ela todinha pra você, porque ô mulherzinha chata, hein?

— O QUÊ?! — Estefânya entra em choque.

— Humm... — Agora mais calma, Xeila levanta Rafflesia e faz uma proposta. — Vamos ficar juntas e deixar essa coisa sozinha?

— Eu aceito! Você me passa uma aura boa. — Mesmo em pé, Rafflesia continua segurando as mãos da sua nova ficante enquanto corações surgem nos olhos das duas.

— NÃO, VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO! — Estefânya berra ofegante. — E EU FICO COMO?!

— Na merda — responde Rafflesia com cara de tédio.

— XEILA, ME DÁ UMA CHANCE DE RECOMEÇAR, POR FAVOR! — Arrastando-se ajoelhada, Estefânya implora aos prantos. — EU PROMETO SER FIEL DESSA VEZ!

— Éééé... Eu ia dizer pra você ser fiel com outra pessoa, mas eu duvido que mais alguém te aguente como eu aguentei... — Xeila fala exalando repúdio, mas logo sorri quando contorna a cintura de Rafflesia com o braço.

— MEU DEUS, EU TÔ PASSANDO MAL! EU VOU MORRER! — Com a cabeça voltada para baixo, Estefânya cobre o rosto com as mãos.

— Nem esquenta, Rafflesia. Ela sempre foi dramática — Xeila fala com descaso.

— COMO ISSO FOI ACONTECER LOGO COMIGO? AAIIII! — Estefânya cai para trás e começa a dar socos e chutes contra o chão.

Na divisa entre sala e cozinha, Fábio fica preocupado:

— Amor, ela não parece nada bem... Será que não deveríamos ajudar?

— Claro que não! — Dídala responde como sendo algo óbvio. — Deixa se lascar.

— E se a polícia vier aqui e pensar que nós fizemos alguma coisa com ela? — o homem indaga apreensivo.

Acomodado em outra mesa há um bom tempo, Fernando manifesta-se:

— Não se preocupe, pai. Desde o momento em que vocês falaram sobre montar um restaurante, eu posicionei uma microcâmera bem naquele cantinho da parede para registrar toda a experiência, então em caso de polícia, não teríamos problema.

— Por que você colocou uma câmera ali? — Dídala pergunta fazendo olhar de estranhamento.

— Acho divertido rever o fracasso das ideias do meu pai — o menino retruca sentado na postura mais correta possível.

Cercada por água advinda das suas próprias lágrimas, Estefânya segue lamentando no chão:

— AI, MEU CORAÇÃO! COMO DÓI! AAAAAAAAAIIII!!!— Contorcendo-se por inteiro, ela berra com as duas mãos sobre o peito.

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