2.1 - Trote de Sequestro

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Diante do ocorrido com Abelardo, Rosa se vê na obrigação de aconselhar sua irmã (só que sentada, porque em pé cansa muito). Acomodada no sofá, ela sugere:

— Dídala, tenha mais cuidado com o que diz, porque pode magoar as pessoas...

— Agora pronto! — A mais velha respira fundo e revira os olhos. — Você quer que eu pare de ser sincera por causa dos sentimentos dos outros?!

— Sim! — responde Rosa com total convicção. Em seguida, começa a subir o tom: — Graças à sua falta de sensibilidade, meu futuro marido está deprimido!

— Mulher, pelo amor de Deus... — Mesmo com os gritos da irmã, Dídala mal consegue se estressar devido ao conteúdo da fala. — Larga aquele pé rapado! Aquilo não tem nada a oferecer.

— Não dá. Estou completamente apaixonada... — Rosa fala em tom meloso, com a mão sobre o peito coberto apenas pela metade devido ao grande decote.

— Não interessa sua paixão! — retruca Dídala num grito alto e repentino. — Esse relacionamento não tem como dar certo porque vocês não vão conseguir se sustentar!

— Nada é impossível quando existe amor... — murmura acuada enquanto mexe nos seus cabelinhos azuis como uma criança que levou carão.

— Dá pra parar de achar que é uma personagem de livro de romance, idiota?! — Dídala indaga, abaixando-se na altura da irmã sentada para que esta veja com clareza a sua feição de ira. — Me diz, aquele imbecil trabalha em quê, pelo amor de Deus?

— Sei lá, não perguntei... — Rosa desvia o olhar como quem tem zero interesse no assunto.

— QUÊ?! — Dídala até recua com o susto. — Como assim você não sabe?!

— Isso é irrelevante pra mim. Eu sou contra o trabalho! — afirma ela, com a sua cara de preguiça que a irmã tem tanta vontade de esbofetear.

— Nossa, Rosa! Eu quero tanto, mas eu quero tanto te...

Com um grande sorriso no rosto, Fábio entra em casa segurando dez caixas de pizza. Vai andando meio desajeitado, não só pelo peso em mãos, mas também pelos seus cabelos escuros que lhe cobrem a cara amigável.

— E aí, pessoal! Olhem só o que eu comprei lá na Marcele Delícias!

A ânsia por agredir a preguiçosa logo se transforma em água na boca. Assim, com uma mansidão muito rara, Dídala pede ao marido:

— Amorzinho... Divide comigo?

— Claro, tenho certeza de que você vai adorar — diz ele enquanto leva as caixas até a mesa da cozinha. — Essas pizzas são a segunda melhor coisa que eu já comi na minha vida.

— Hmmm... — Dídala fica curiosa. — E qual é a primeira?

— Você! — ele responde com a sua voz suave que a esposa tanto ama. Em seguida, aproxima o rosto do dela, e assim a mulher pode ver a delicadeza nos traços daquele rosto pueril ao mesmo tempo que provocativo.

— Nossa senhora! — Dídala morde os lábios, também na tentativa de conter a saliva da sua boca. — Sendo assim, essas pizzas devem ser deliciosas mesmo. Ainda bem que Abelardo não está aqui, porque com certeza ia pedir pra comer.

— Qual seu problema com Abelardo? — Fábio questiona, franzindo o cenho repentinamente.

— Você o conhece?

— Meu grande amigo de bar! — ele responde com um sorriso, mas ao mesmo tempo irritado.

— Belas amizades você tem então! — Dídala ironiza, com os olhos alaranjados bem abertos de surpresa. — Porque aquele ali não vale merda, não merece nada de ninguém!

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