7.1 - Confusão no Salão

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Após muito raciocinar, a cabeleireira chega à seguinte conclusão:

— Bom, eu vou atender Dídala primeiro, afinal ela apresentou dois motivos plausíveis....

— NÃO VAI! — A sereia exibe uma feição assustadora com seus olhos vermelhos. — Eu sou Lafyla, a sereia que derrotou Poseidon e se tornou a rainha dos mares... enquanto essazinha aí fez o quê?

— Mulher, vai mentir no Cabaré de Valentina que nem existe mais! — Dídala desdenha com cenho franzido. — E mesmo que você tivesse feito isso, aqui é um salão que funciona ou com horário marcado ou por ordem de chegada e eu cheguei primeiro! — berra apontando repetidas vezes para si.

— Mas eu estou acima de tudo e todos, então a prioridade recai sobre mim! — Lafyla retruca de tronco mais que erguido para mostrar superioridade.

— Do mesmo jeito que o meu traseiro recai sobre você! — Xester dá uma surra de bunda na sereia, que cai tonta no chão.

— Isso aí, bora acabar com ela! Eu também vou recair sobre essa infeliz! — Dídala pula em Lafyla e começa a enchê-la de porrada com a companhia do rapaz de branco. Assim, cria-se uma nuvem de fumaça repleta de onomatopeias referentes a agressão.

Para devolver fumaça com fumaça, Xeila pega um extintor acoplado na parede e ativa o objeto em direção aos três que logo começam a tossir e param o fuzuê.

— Tudo nessa rua é briga! Vamo' parou, pelo amor de Deus! — a dona suplica exibindo raiva, desespero e angústia ao mesmo tempo.

— Mulher, fala direito! É vamos parar — Xester corrige sentado no piso.

— Não! É vamo' parou mesmo, porque já era pra vocês terem parado, seus selvagens! — Xeila berra como uma mãe repreendendo seu filho.

— Querida, tem coisa que só a violência resolve — Dídala retruca com sua blusa vermelha e minissaia jeans manchadas de branco devido ao extintor.

— Ah, é? Pois agora só pra você ver o que a sua violência resolve, eu vou atender Lafyla primeiro! — Xeila decide com convicção, fazendo a sereia abrir um sorriso.

— O QUÊ?! Ah, mas não vai mesmo! — Dídala se contrapõe mexendo a cabeça em negação.

— Tá insatisfeita? Procura outro salão, meu bem! — Xeila sugere com deboche e as mãos na cintura.

— Você diz isso porque esse é o único salão nesse fim de mundo! — diz Dídala de braços cruzados.

— Então ou fica feia ou espera Lafyla ser atendida — a cabeleireira condiciona dirigindo-se à cadeira onde a sereia irá se sentar.

— Olha, eu aceito que você atenda Xester primeiro, mas essa desgraçada não! — Dídala tenta "negociar".

— Mulher, esse daí tá mais liso que a sua irmã... — Xeila fala em tom de desdém enquanto pega uma capa de corte na parte inferior da estante onde ficam os materiais de cabeleireiro.

— Você não trabalha, Xester? — Dídala questiona com um leve tom de surpresa e desapontamento.

— Eu trabalhava... nesse salão inclusive — ele responde meio sem jeito —, mas como eu dava em cima de alguns clientes, Xeila me demitiu por me achar muito antiprofissional...

— E qual o problema de dar em cima dos clientes?! — Dídala logo indaga com assertividade. — Vai que ele pega alguém legal que queira trabalhar aqui, aí o cara chama outras pessoas que podem tanto querer trabalhar como serem clientes e assim, esse salãozinho vira um estabelecimento de renome conhecido por toda a cidade de Cornópolis e quem sabe até Brasil a fora.

ProblemáticosWhere stories live. Discover now