Após muito raciocinar, a cabeleireira chega à seguinte conclusão:
— Bom, eu vou atender Dídala primeiro, afinal ela apresentou dois motivos plausíveis....
— NÃO VAI! — A sereia exibe uma feição assustadora com seus olhos vermelhos. — Eu sou Lafyla, a sereia que derrotou Poseidon e se tornou a rainha dos mares... enquanto essazinha aí fez o quê?
— Mulher, vai mentir no Cabaré de Valentina que nem existe mais! — Dídala desdenha com cenho franzido. — E mesmo que você tivesse feito isso, aqui é um salão que funciona ou com horário marcado ou por ordem de chegada e eu cheguei primeiro! — berra apontando repetidas vezes para si.
— Mas eu estou acima de tudo e todos, então a prioridade recai sobre mim! — Lafyla retruca de tronco mais que erguido para mostrar superioridade.
— Do mesmo jeito que o meu traseiro recai sobre você! — Xester dá uma surra de bunda na sereia, que cai tonta no chão.
— Isso aí, bora acabar com ela! Eu também vou recair sobre essa infeliz! — Dídala pula em Lafyla e começa a enchê-la de porrada com a companhia do rapaz de branco. Assim, cria-se uma nuvem de fumaça repleta de onomatopeias referentes a agressão.
Para devolver fumaça com fumaça, Xeila pega um extintor acoplado na parede e ativa o objeto em direção aos três que logo começam a tossir e param o fuzuê.
— Tudo nessa rua é briga! Vamo' parou, pelo amor de Deus! — a dona suplica exibindo raiva, desespero e angústia ao mesmo tempo.
— Mulher, fala direito! É vamos parar — Xester corrige sentado no piso.
— Não! É vamo' parou mesmo, porque já era pra vocês terem parado, seus selvagens! — Xeila berra como uma mãe repreendendo seu filho.
— Querida, tem coisa que só a violência resolve — Dídala retruca com sua blusa vermelha e minissaia jeans manchadas de branco devido ao extintor.
— Ah, é? Pois agora só pra você ver o que a sua violência resolve, eu vou atender Lafyla primeiro! — Xeila decide com convicção, fazendo a sereia abrir um sorriso.
— O QUÊ?! Ah, mas não vai mesmo! — Dídala se contrapõe mexendo a cabeça em negação.
— Tá insatisfeita? Procura outro salão, meu bem! — Xeila sugere com deboche e as mãos na cintura.
— Você diz isso porque esse é o único salão nesse fim de mundo! — diz Dídala de braços cruzados.
— Então ou fica feia ou espera Lafyla ser atendida — a cabeleireira condiciona dirigindo-se à cadeira onde a sereia irá se sentar.
— Olha, eu aceito que você atenda Xester primeiro, mas essa desgraçada não! — Dídala tenta "negociar".
— Mulher, esse daí tá mais liso que a sua irmã... — Xeila fala em tom de desdém enquanto pega uma capa de corte na parte inferior da estante onde ficam os materiais de cabeleireiro.
— Você não trabalha, Xester? — Dídala questiona com um leve tom de surpresa e desapontamento.
— Eu trabalhava... nesse salão inclusive — ele responde meio sem jeito —, mas como eu dava em cima de alguns clientes, Xeila me demitiu por me achar muito antiprofissional...
— E qual o problema de dar em cima dos clientes?! — Dídala logo indaga com assertividade. — Vai que ele pega alguém legal que queira trabalhar aqui, aí o cara chama outras pessoas que podem tanto querer trabalhar como serem clientes e assim, esse salãozinho vira um estabelecimento de renome conhecido por toda a cidade de Cornópolis e quem sabe até Brasil a fora.
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Problemáticos
HumorUm conjunto de histórias de humor protagonizadas principalmente por Dídala, a pessoa mais arrogante do mundo, pois não nasceu para ter paciência com gente lerda, dramática ou preguiçosa. Ela mora na Rua dos Cornos, um lugar completamente maluco porq...