7.2 - Desastre Capilar

27 5 6
                                    

Em resposta à indagação de Lafyla sobre a queimação causada pelo shampoo, a cabeleireira aumenta seu tom de voz para se fazer entender:

— É normal sim! Quer dizer que o produto tá retirando todas as impurezas do seu cabelo! Quanto mais queima, mais resultado dá! Nem se preocupe que os produtos Xana foram todos testados e aprovados pela blogueira Marcele.

— TÁ CERTO... — responde Lafyla com certo tom de desconfiança.

Em meio ao banheiro de tamanho suficiente para fazer um banheirão e sentindo cada vez mais ardência, a criatura marinha começa a notar suas mãos cheias de cabelo. Até que conforme a água bate em suas mechas verdes, alguns tufos deslizam sobre seu corpo enquanto outros vão direto para o chão, o que a faz berrar novamente:

— SOCORRO, MEU CABELO NÃO PARA DE CAIR!

No salão propriamente dito, Xeila pensa enquanto lava o cabelo da outra:

— Eita, deu merda...

— O QUE VOCÊ FEZ COMIGO, SUA RAPARIGA DESQUALIFICADA?! — Surge Lafyla de toalha para cobrir apenas os peitos, já que embaixo não há nada para esconder. O nada também se encontra em sua cabeça, pois não lhe restou um fio sequer.

Ao vê-la sem cabelo nenhum, Dídala cai na gargalhada. Já Xester decide dar apoio motivacional:

— Calma, mulher. Talvez algum dia você ache um cara que tenha fetiche em careca!

— Cala a boca, seu idiota! Meu cabelinho foi arruinado por uma invejosa que não aceita que eu sou a melhor pessoa do mundo inteiro! — Com os olhos jorrando lágrimas, Lafyla lamenta segurando algumas mechas como se fossem a coisa mais preciosa já existente. — É muito difícil ser incrível, eu não aguento ma... — Ao sentir uma pontada no coração, a sereia põe a mão no peito e desmaia.

Alegre pela desgraça alheia, Dídala só para de rir quando Xester dá um aviso:

— Amiga, o mesmo shampoo que Xeila deu a Lafyla ela usou em você.

— O QUÊ?! — Dídala puxa seus fios para conferir e percebe que estão se desprendendo. — Meu Deus, o meu cabelo tá caindo também!

— Eu não entendo... — Xeila franze o cenho. — Os produtos Xana são tendência no mercado internacional! Isso deve ter acontecido porque o cabelo de vocês é todo fudido.

— Fudido é o seu tabaco, sinha rapariga! — Dídala logo retruca se levantando. — Tá querendo que eu quebre tudo aqui?!

— Olhe, não mexa comigo não! Eu posso pegar seu cabelo pra jogar praga, viu?

— Claro, mas o que esperar de uma suposta profissional que usa produtos de uma marca desconhecida chamada Xana?! — Dídala indaga com desdém.

— Xana nunca prometeu fazer milagre em casos perdidos... — Xeila argumenta calmamente.

— Querida, eu sempre cuidei muito bem do meu cabelo! Caso perdido vai ser o da empresa que produz esse lixo quando eu meter um processo bem gostoso no rabo deles — Dídala anuncia cheia de ódio enquanto se vê careca no espelho.

— Processa então, se você tiver peito! — A cabeleireira desafia.

— Parando pra pensar, a violência age bem mais rápido que advogados e juízes. Quem é o dono dessa marca? — Dídala pergunta já planejando como irá matá-lo.

— Certas informações devem permanecer em segredo... — diz Xeila meio apreensiva.

— Ah, não vai dizer não, é?

Consumida pela ira, Dídala levanta Xeila e a atira na bancada de utensílios para cabelo, fazendo-a deslizar por toda a tábua e assim, derrubando todos os objetos ali presentes: secadores, pranchas, tesouras, escovas, pentes, géis, borrifadores e tudo mais caiu em meio ao chão de baratas mortas.

ProblemáticosWhere stories live. Discover now