Refúgio, a cidade perdida.

Capítulo 2 - Muito longe

O pastor Caleb e Lopez passaram a noite na casa de Zacarias, que além de ser muito alto, era forte e tinha uma aparência rude.

Zacarias tratou com muita hospitalidade os homens de Deus e confessou que não concordava com os preceitos da fé que praticava. Ele concordava com tudo o que Caleb falava e antes de dormir, o pastor se colocou em pé e deu um recado para Zacarias.

— Eu vim aqui a mando de Deus para pregar o verdadeiro evangelho a você e essas pessoas. Depois de hoje a semente que foi plantada no coração de todos aqui com certeza germinará.

— Eu vim também avisar a você Zacarias, que os sonhos que você anda tendo de ir embora daqui também são os planos de Deus para você e a sua família.

Zacarias começou a chorar e revelou algo a sua família.

— Realmente o senhor é um homem de Deus. Eu venho há tempos sonhando em ir embora para muito longe, mas nem para a minha esposa eu contei.

— E Deus tem pressa que vocês vão embora, e você, Lopez, deve acompanhá-los.

— Como assim pastor?! — assustou-se Lopez.

— Você vai levar a palavra de Deus para um lugar muito distante daqui e muitas almas serão salvas graças a você.

Lopez ficou estarrecido e Zacarias emocionado, o que era muito raro. Sua esposa nunca tinha visto ele chorar e todos na casa também foram aos prantos.

Caleb continuou pregando noite adentro, ensinando hinos e orando por cada membro da casa.

Amanheceu e alguns membros da igreja oficial da cidade bateram na porta de Zacarias. Eles queriam saber se ele abrigava um homem que andava falando mal da igreja.

Zacarias não gostou do tom de voz dos homens e os mandou embora com muita rispidez, como era de seu costume. Eles responderam que voltariam com mais gente e Zacarias pegou sua espingarda dizendo que os receberia a bala caso voltassem.

No centro da cidade, os homens avisaram o líder religioso e o prefeito da reação de Zacarias. O homem que havia dedurado Zacarias disse que eles corriam risco porque Zacarias costumava ser violento e sempre andava armado.

O prefeito visitou o seu comandante da polícia que disse que prenderia Zacarias e o pastor, mas o prefeito o alertou.

— Zacarias é muito influente na cidade e principalmente entre os trabalhadores mais humildes. Se o matarmos ou prendermos corremos o risco de uma revolta.

O comandante teve uma ideia.

— Então vamos usar pessoas de fora para resolver essa questão, assim manteremos a população calma e submissa a nós.

— O que o senhor vai fazer então? — indagou o prefeito.

— Entrarei em contato com Hoff, o mercenário, ele é o melhor que existe. Darei ordens para que ele mate Zacarias com um serviço rápido e sem nenhum alarde.

— E quanto ao homem que está pregando?

— Quero ele preso ainda hoje, vou interrogá-lo e mandá-lo para a sua terra. Caso ele crie mais problemas vamos silenciar a voz dele também.

O chefe da polícia mandou seus homens ficarem atentos e prenderem o pregador assim que o vissem. Naquele mesmo dia ele mandou um mensageiro ir atrás de Hoff para que ele viesse a Óstil e matasse Zacarias.

Hoff era um mercenário conhecido e temido. Ele era loiro, forte e tinha quase dois metros de altura. Era um exímio atirador, mas também sabia lutar com espadas e qualquer objeto cortante.

Hoff também era um bom lutador e já tinha matado algumas pessoas com as próprias mãos.

O mensageiro ficou com medo de encontrar-se com Hoff, mas deu sorte porque o matador, que morava em Bolívar, estava a apenas um dia de viagem de Óstil. Ele transmitiu o recado do prefeito de Óstil a Hoff, que se aproximou dele, o fitou nos olhos e falou.

— Esse tal de Zacarias é um homem morto, pode deixar comigo.

O dia seguinte seria marcado por despedidas na cidade de Óstil.