Refúgio, a cidade perdida.

Capítulo 14 - O último líder

Numa bela manhã de domingo, quando todos se preparavam para ir ao culto, Arthur passou mal e faleceu aos 62 anos.

A notícia caiu como uma bomba sobre a cidade que não esperava ver seu líder partir para a eternidade porque ele gozava de boa saúde.

Arthur ainda não tinha definido o seu sucessor e a cidade ficou apreensiva porque Nicolas vivia arrumando confusão e falava publicamente que não queria assumir o poder.

Seu irmão mais novo, de nome Robert, era mais calmo e sensato, e apontado como a melhor opção para assumir a cidade.

A chefe da guarda da cidade sabia do desejo de Arthur de mandar seu filho mais velho embora, mas a viúva de Arthur o procurou pedindo que ele não tomasse nenhuma atitude.

O dia seguinte foi de muita tristeza para os moradores. Arthur não era tão querido como Zacarias ou Daniel, mas ao decorrer dos anos conquistou a admiração de muitos por defender as fronteiras de Quedhes com muita ousadia.

Após o luto, que durou uma semana, Nicolas, seu irmão Robert e sua mãe se reuniram com as autoridades civis e religiosas da cidade.

Nicolas surpreendeu a todos dizendo que a partir daquele momento seria o líder da cidade porque queria dar continuidade ao legado da família Lester.

Nicolas era muito ruim e seu irmão Robert não o confrontou. O chefe da guarda achou melhor não se intrometer e o pastor Peniel foi o único a falar.

— Seu pai, meses antes de morrer me confidenciou que não o queria como líder e sim o seu irmão Robert.

Nicolas ficou irado e se levantou.

— Cale a boca Peniel, seu idiota!

— Um homem como eu teme somente a Deus, Nicolas. Eu orei e a vontade do Senhor é que você não se sente nesta cadeira.

— Eu mandei você se calar, suma daqui! A partir de hoje a igreja de Quedhes terá um novo líder e não será você!

A primeira atitude de Nicolas como líder causou revolta na população que foi em massa reclamar com o novo líder. Nicolas mandou seu chefe da guarda matar quem o ofendesse, mas sua ordem não foi obedecida.

— Não podemos matar dezenas de pessoas porque pensam diferente de você Nicolas.

— Você é o chefe da guarda e tem que fazer o que eu mandar!

— Eu e meus homens não vamos obedecer.

— Então eu o destituo do cargo de chefe da guarda.

— Minha família, assim como a família de Peniel, serve junto com a sua família há quase um século nesta cidade, é uma pena você tomar uma decisão assim.

Fernando Messina foi o último da sua família a ser chefe da guarda de Quedhes. Ele e todos os seus familiares se retiraram do trabalho e Nicolas causou revolta ao anunciar quem seria o seu novo chefe de polícia.

Nicolas trouxe para Quedhes um homem chamado capitão Hernandes, descendente direto da família inimiga dos Messina.

A igreja ficou sendo dirigida por um amigo de Nicolas que não tinha preparo e a cidade começou a fraquejar espiritualmente.

A igreja passou a ser uma ferramenta nas mãos de Nicolas para que fosse feita a sua vontade e o pastor Bryan, um jovem bem dedicado, mas ainda muito novo para o ministério, falava apenas o que era mandado pelo novo líder da cidade.

O pastor Peniel não foi embora, mas por ordem de Deus não afrontou mais o novo governante. Ele ficou em sua casa onde recebia muitas visitas, mas não saia para pregar na casa de ninguém, já que Nicolas o havia proibido.

A cidade passou pela sua primeira crise financeira e Nicolas não sabia o que fazer. Alguns moradores estavam ameaçando ir embora e a igreja estava cada vez mais fraca.

As brigas na cidade eram uma constante e os assassinatos, que praticamente não existiam na cidade começaram a surgir.

Nicolas estava acuado e parecia estar cada vez mais cego pelo poder. Para impedir que os habitantes fugissem, ele contratou um grupo de mercenários que mudariam a história da cidade.