Capítulo 13

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         Acordo com o som do despertador quase estourando meus tímpanos. Eram 7h. Depois de pronto para sair, desço as escadas e encontro David e minha mãe na cozinha.

         Acho que já estava tudo bem entre a gente agora. Aliás, tão bem quanto poderia ser, uma vez que eles não têm todas as informações. Eles nunca vão entender que eu tenho que lidar com "esses episódios" – assim como eles gostavam de chamar – sozinho, porque os remédios não faziam efeito no meu metabolismo.

         Ontem, quando cheguei da festa, eles estavam me esperando acordados e conversamos. Minha mãe me fez prometer que nunca mais sairia de casa daquela forma, porque não era justo com eles, que ficaram muito preocupados o dia todo. Sei que estavam certos. Eles têm boas intenções e não têm culpa de não saberem nem metade da história para formar um bom julgamento.

         -- Bom dia. – digo, pegando uma panqueca e enfiando na boca.

         -- Bom dia... Não vai nem sentar? – minha mãe pergunta, enquanto mistura seu café.

         -- Tenho que ir andando já, se não perco o ônibus. – alerto, ainda de boca cheia.

         -- Boa aula, Li. – David sorri.

         -- Antes, eu esqueci de te perguntar uma coisa ontem. – ela olha para mim.

         -- O quê?

         -- Quem era aquele rapaz que tava aqui?

         David também volta o olhar para mim, curioso.

         -- Ah, é o Theo. Ele... meio que não tem onde ficar.

         -- É um amigo novo? Nunca apareceu por aqui. – ele observa.

         -- Não. – digo, já vestindo a mochila.

         -- Pois fale pra ele que é bem-vindo aqui quando precisar. – ela diz, virando a xícara.

         -- Ok. Preciso ir. Bom trabalho pra vocês! – e saio.

         Hoje o dia parecia mais leve e até consigo entender tranquilamente as aulas de exatas da manhã. Na hora do almoço encontro Mase e Corey no refeitório. Quando colocamos as bandejas na mesa, os dois trocam olhares quando veem Theo se aproximando, também com seu almoço nas mãos.

         -- E aí, o dia rendeu? Já socou um homofóbico hoje, Liam? – ele sorri, que nem sempre faz.

         Acho engraçado e respondo:

         -- A homofobia tá em baixa hoje. – levanto os ombros.

         -- Chegou mais um swiftie na mesa. – ri Corey e ele se senta.

         -- Muito bom que vocês não desconfiaram nem uma vez. – digo lembrando da imagem de um Theo cantando na camionete, com seu precioso CD.

         -- Desculpa, mas não era nada óbvio. – responde Mase.

         -- Por curiosidade, o que vocês achavam que eu ouvia?

         -- Sei lá, acho que nem pensei que você ouvia música. – diz Corey.

Meio... desnecessário, Corey. Theo revira os olhos, mas percebo sua expressão mudar quase de forma imperceptível. Mudo de assunto:

         -- Tá, mas: teorias sobre os lobos?

         -- Ainda tô preso no Plano-Chave. – fala Corey.

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora