Capítulo 4

227 35 10
                                    

Todo pingo de algo próximo à compaixão que eu havia sentido, no dia anterior, pelo Theo, deixou meu corpo no segundo e terceiro dia de detenção. Acho que, inclusive, ele deve ter feito questão disso, porque não é possível que alguém seja realmente tão irritante. No entanto, contra todas as estatísticas, sobrevivi e agora, na sexta, depois das aulas, estou indo para o refeitório de novo.

Depois de 10 minutos, Theo aparece e sorri. Por que ele estava sempre sorrindo?

-- Adiantado, Leonard?

-- Sempre. Só vamos acabar logo com isso. – digo abrindo um saco de lixo.

-- Tudo bem, mas só acho que se eu tivesse chegado aqui na mesma hora que você, já teria terminado tudo umas duas vezes. – implica.

-- E eu só acho que você deveria parar de se superestimar tanto. Já limpei aquele canto ali, não viu?

-- Na verdade, quase não enxerguei, desculpa. – ele semicerra os olhos fingindo procurar. Idiota.

-- Acha que faz melhor?

-- Ainda tem dúvidas?

-- Ok, limpa toda a metade direita então, que eu fico com essa.

Falar é fácil. Ainda mais para quem sempre chega atrasado.

-- Isso é uma competição, Liam?

-- Sinto que você quer que seja, Theodore.

-- Só é o que é. – ele dá mais um de seus sorrisos de canto de boca, que despertam o pior dentro de mim.

Ele só diz isso, vai para o seu lado do refeitório e, enquanto empilha bandejas com agilidade, lança um olhar desafiador para mim. Ele é doido. Ok, que seja, então. Estou dentro.

Jogo o lixo de 3 mesas, de uma vez, no saco. Ele percebe e realmente faz mais rápido e mais mesas que eu. Corro para pegar mais bandejas e talvez isso tenha sido meio exagerado, mas eu não ia perder. E aí a coisa aumentou de nível. Estávamos correndo de um lado para outro, agitados – eu só não sabia o quanto.

Olho para o lado e, do nada, Theo dá um mortal no ar e para agachado em cima de uma mesa. Não consigo acreditar. Como algo tão ridículo me fez soltar uma gargalhada assim? Ok, somos competitivos, fato. Mas dar um salto lobisomem para limpar uma mesa? Quem faz isso?

-- É sério que você se empolga fácil assim limpando mesas? – pergunto ainda incrédulo.

-- E algumas outras coisas também. – ele diz enquanto desce.

Vou fingir que nem ouvi isso.

-- Parabéns, parece que você venceu a competição de limpar mesas! – finjo empolgação. – Será que ganha pontos com as faculdades por isso?

-- Ficou chateado porque eu sou mais rápido?

-- Você literalmente deu um mortal na mesa.

Nos encaramos por um segundo e, então, estamos rindo.

-- Ok, acho que devo ter exagerado um pouco. – admite.

-- Você acha? – pergunto. - Não conhecia esse seu lado competitivo. Aliás, só quando era uma competição de quem era o mais chatão de Beacon Hills.

-- Como você é engraçado! – ironiza. - Sei que ficou triste por ter perdido, vou dar um desconto. Vem, eu te pago um sorvete como prêmio de consolação. Não esquenta. – ele pisca, pega sua mochila de cima da cadeira e começa a andar. Será que ele espera que eu o siga?

Fico confuso. Isso é uma armadilha?

-- Já está ficando pra trás, de novo, Dunbar! – ele grita enquanto anda de costas, se virando para mim.

-- Vai se fuder. – digo enquanto recolho minhas coisas e caminho para o alcançar.

E é isso: de repente estou na camionete de Theo Raeken, de novo. Só nunca pensei que estaria aqui em condições diferentes de fugir de cavaleiros fantasmas ou de um bando de caçadores. 


***


Ooi, mil desculpas por não ter postado sexta como prometido! Fiquei fora de casa o dia todo e pensei que seria melhor postar logo 2 capítulos hoje, na segunda, então aproveitem! 

Também não deixem de favoritar e comentar aqui suas reações!

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum