Capítulo 11

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Nunca pensei que isso aconteceria, mas foi Theo Raeken quem me acalmou em uma crise, dessa vez. E, de novo, estávamos nós em sua camionete.

-- Vai me explicar por quê estamos fugindo? – ele me encara.

-- Eu acordei ansioso.

-- Percebi. E aí?

-- Só... cometi o erro de levantar da cama hoje. – então paro para pensar se continuava ou não. - Digamos que gritei com um velhinho e soquei um cara enquanto você dormia.

Ele me olha espantado e diz sorrindo:

-- Nossa, sua vida é até que interessante. Estou surpreso. – ele faz uma pausa e se vira para mim. – Gritou com um velhinho?

-- Você acha que eu queria ter gritado com um velhinho?

-- Não acho. Você acordou ansioso e teve uma crise, acontece.

-- É. – concordo, surpreso com sua resposta. – Sabe, acontece de gritar com velhinhos na rua, de vez em quando.

-- Ei, esses velhinhos até que tão merecendo. A gente tem que ajudar eles a atravessar a rua agora ou o quê? – brinca e não consigo segurar uma risada abafada.

-- Agora, socar um cara?

-- Tudo bem. Esse não me arrependo.

Rimos.

-- Eu imaginei.

-- Ele tava falando tanta merda, e eu já tinha explodido mesmo, então não custava nada.

-- Prossiga.

-- Dando opinião burra sobre parada lgbt e planejando dopar uma menina mais tarde em uma festa.

-- Puta merda.

-- Pois é.

-- E mais um dia de Liam na luta contra a homofobia.

-- Eu só não aguento gente burra.

-- Vish, peraí então. – diz e fecha o espelho do banco do passageiro, que refletia minha imagem.

-- Eu deveria ter ido andando. – reviro os olhos.

-- Se você tivesse ido andando você perderia... – começa a falar e se aproxima para abrir o porta-luvas.

-- Não gosto de onde isso está indo. – digo.

-- Então deveria ter pegado carona com outra pessoa.

E Taylor Swift começa a tocar.

-- Sei a música perfeita pra essa ocasião. Getaway Car.

Ele avança umas 8 faixas e uma batida baixa começa.

-- Você sabe que a gente não tá em nenhum tipo de perseguição policial, né?

-- A não ser que seu padrasto e sua mãe sejam policiais.

-- Ele é médico e ela bancária, hoje não é seu dia de sorte. Mas pode por suas músicas, eu não me importo.

Ele começa a cantar e eu quase desejo saber a letra para cantar junto.

Logo estamos na saída de Beacon Hills, de novo, e agora percebo que realmente não tínhamos rumo nenhum.

-- Vamos. – ele encosta o carro no início da estrada.

-- Quê? Pra onde?

-- Ficar aqui no carro que não vai ser. – fala enquanto fecha sua porta, abre a de trás, pega seu moletom antigo do time de Lacrosse e o joga para mim.

-- O que... – começo.

-- Você disse que tava com frio.

-- Ah, valeu. – digo e a visto, porque realmente me arrependi de não ter trazido o meu.

E cá estamos nós, entrando na floresta de novo.

Andamos um pouco, até chegarmos em um penhasco. Dava para ver a cidade toda. Nunca tinha percebido que aqui era tão alto assim.

-- Legal, né? – ele volta os olhos a mim.

Concordo com a cabeça, admirando a paisagem da cidade com um céu nublado.

-- Eu venho aqui às vezes. – conta.

Ficamos calados por um momento. Aí ouvimos o barulho de... uivos? Nos olhamos intrigados e nos aproximamos um pouco de onde o som vinha.

De repente vários lobos corriam em nossa direção. Nossos olhos brilham. Tento fazer aquilo que Scott faz de controlar eles pelo olhar. Acho que é natural, porque eles não pareciam interessados em nos atacar. Basicamente só passam reto por nós.

-- Que porra foi essa? – ele pergunta talvez tão confuso quanto eu.

Não existiam lobos nessa região.

-- Coisa boa não foi. Lembra quando coisas assim aconteciam com o Anukite?

-- Não quero precisar lembrar disso. – confessa.

Meu celular vibra e vejo a notificação de uma mensagem de Mase:
"Festa na Amy às 7h. Sem desculpas."

-- E não vamos. A gente tem uma festa pra ir.

-- A gente? – pergunta confuso.

-- Sim. Eu sinceramente preciso espairecer depois desse dia.

-- Não são nem meio dia. – ele sorri.

-- E em menos de meio dia já aconteceu muita coisa podre. Não sei você, mas não quero ter que pensar em lobos correndo em Beacon Hills hoje. Ou qualquer outra coisa.

-- Você tem um ponto. Mas também não quero pensar nas pessoas da nossa escola.

-- Eles não são tão ruins assim, vai.

Ele parece pensar por alguns segundos, até dizer:

-- Vamos descobrir mais tarde.

***

Fico feliz que vocês estejam gostando!

Não esqueçam de favoritar e deixar aqui embaixo suas reações ao lerem o capítulo :)

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang