Capítulo 56: Namorado.

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Me coloquei de pé, tropeçando para longe daquela cama que havíamos arrumado no chão. Millie se aproximou de mim na mesma hora, fazendo meu coração se derreter ao ver as lágrimas que manchavam suas bochechas e o brilho de felicidade nos seus olhos. Perfeita até mesmo quando estava chorando.

—Você não me contou. —Acusou, me fazendo engolir em seco e erguer a mão para esfregar o rosto, fazendo uma careta quando minha bochecha doeu.

—Eu sei. Desculpa, eu queria que fosse uma surpresa. Não tinha certeza de como ele ia reagir ao saber sobre você e não queria te contar pra você não criar tantas expectativas. —Afirmei, tentando me explicar, vendo os lábios de Millie tremerem quando ela entendeu e sorriu pra mim. Aquele sorriso fascinante que deixava meu coração doido.

Eu a amo. Eu a amo tanto que mal consigo respirar quando ela sorri assim pra mim.

—Você achou que eu ia odiar saber que tenho uma filha? —Justin se aproximou e eu engoli lentamente, desejando não ter dado a impressão errada.

—Ah, não me leve a mal, mas eu nem te conhecia. —Dei de ombros, como se aquilo fosse óbvio. Ele parou na minha frente, me fazendo abrir um sorriso hesitante. —É um prazer conhece-lo pessoalmente, Sr. Harrington.

—O prazer é meu. —Ele riu, balançando a cabeça negativamente ao me encarar. —Eu fiquei um tempão me perguntando quem você era depois que nos falamos. A proposito, você desligou na minha cara.

—Você desligou na cara do seu sogro? —Julian exclamou, me fazendo fechar os olhos por alguns segundos, desejando esgana-lo com minhas próprias mãos por ter uma boca tão grande.

—O que? —Justin olhou pra Julian, depois pra mim e por último pra Millie.

—Então... não foi muito legal da minha parte, eu sei. É que eu estava nervoso e não queria falar demais pra você. —Soltei uma risadinha constrangida quando o vi cerrar os olhos. —Seria meio estranho se eu respondesse sua pergunta sobre quem eu era, dizendo que era namorado da sua filha, quando você ainda nem sabia que ela existia.

—Namorado? —Ele ergueu as sobrancelhas, se virando para Madelyn, que ainda estava imóvel ao lado da porta. Mas ela balançou a cabeça que sim rapidamente, confirmando aquilo.

—É, pai, namorado. —Millie ficou ao meu lado, segurando minha mão com força quando ele olhou pra nós dois. Mas eu tinha quase certeza que ele havia esquecido a parte do namorado já, porque estava olhando pra Millie com uma expressão derretida ao ouvi-la chamando de pai. —E aquele é o Julian. A gente estuda juntos. Eu havia pedido pro Victor te encontrar.

—Você pediu pro Victor encontra-lo? —Madelyn pareceu surpresa. —Por que não me contou que estavam procurando ele?

—Eu não tinha certeza se iriamos conseguir e... —Ela olhou para o pai e depois para a mãe de novo. —Eu sabia que você ficaria arrasada se não o encontrássemos.

Justin se virou para encarar Madelyn, que corou e desviou os olhos para o chão. Isso o fez abrir um sorriso esperançoso, como se ele estivesse contente coma possibilidade de ela ainda estar esperando por ele também. Millie tentou conter um sorriso enorme ao ver a troca de olhares dos pais. Mas era difícil quando eles visivelmente ainda se gostavam. Ele continuou escrevendo cartas pra ela. Se isso não for amor, eu não faço ideia do que seja.

—Como você me encontrou? —Justin se virou pra mim depois de alguns segundos. Soltei um suspiro e contei resumidamente tudo que havíamos feito. Pesquisas, e-mails, a foto do jornal, até eu vê-lo saindo da casa de Natalie. Madelyn pareceu surpresa por alguns segundos, como se não estivesse esperando por tudo aquilo. —Que sorte a nossa se esbarrar ontem então. Obrigada por isso, Victor. Obrigada por me trazer até as duas.

—Só queria que elas fossem felizes por completo e sabia que faltava você pra isso acontecer. —Dei de ombros, entrelaçando meus dedos com os de Millie quando ela beijou minha bochecha ao me ouvir. Ele sorriu, tocando meu ombro de leve, antes de notar a bagunça na sala.

—Eu atrapalhei alguma coisa? —Indagou, parecendo confuso, antes de se virar para Madelyn. —Eu posso voltar amanhã, ou a gente marcar alguma coisa. Eu não sei, precisamos conversar e...

—Não precisa ir embora. —Millie segurou a mão dele, olhando pra mãe, antes de abrir um sorriso hesitante. —Estávamos nos preparando pra assistir um filme. Pode ficar e assistir com a gente. —Millie lançou a ele aquele olhar doce e inocente que derrubava qualquer um. —Por favor, pai.

—Se não tiver problema.

—Não, claro que não. —Madalyn finalmente fechou a porta, saindo do choque inicial de rever Justin. —Fique, por favor.

Ele balançou a cabeça que sim, com os dois se encarando como se tivessem tantas coisas a dizer um ao outro. Nos ajeitamos naquela cama no chão, enquanto os dois se colocavam no sofá, um ao lado do outro. Colocamos um filme aleatório, que eu duvidava muito que algum de nós estivesse prestando atenção.

Julian estava mais ocupado comendo pipoca sem parar, enquanto eu olhava para Millie, observando ela morder o lábio e me encarar com uma expressão agradecida, ao mesmo tempo que parecia louca para que eu a beijasse. Eu queria, mas tinha certeza que não seria uma boa ideia, mesmo que os pais dela estivessem perto de nós, encarando um ao outro a cada instante, como se estivessem nervosos e ansiosos na presença um do outro.

Millie escorou a cabeça no meu ombro, apertando meus dedos quando depois de alguns minutos percebemos que Justin e Madelyn estavam saindo de fininho da sala. Soltamos as travessas de pipoca, correndo para o quarto da mãe dela. Millie deixou a luz apagada para que eles não nos vissem, enquanto nós três nos empoleirávamos na janela para ver os dois lá fora no jardim.

Justin e Madelyn estavam sentados na grama conversando, ao mesmo tempo que olhavam pro céu uma vez ou outra, apreciando todas as estrelas. Millie apertou minha mão com certa apreensão, como se desejasse mais do que tudo que os pais se acertasse e estivesse com medo que isso fosse acontecer.

Mas os dois sorriram um para o outro quando Justin disse algo pra ela e ergueu a mão para tocar seu rosto, sem desviar os olhos dela um segundo sequer. Lentamente ele se inclinou pra frente e a beijou, como se estivesse esperando para fazer aquilo a muito tempo. Justin e Madelyn nasceram um para o outro e nem o tempo foi capaz de mudar isso.


Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Where stories live. Discover now