Como conquistar Victor Summer / Vol. 3

Capítulo 1: E lá vamos nós de novo.

Vou contar um segredo, a maioria das pessoas mentiu sobre o colegial pra vocês a vida toda. Não é a melhor época da sua vida, onde você vai fazer vários amigos, jogar no time da escola e namorar uma líder de torcida super gata. Essa é a época que você vai odiar mais da metade dos colegas de turma, vai se irritar com os idiotas que se acham melhor que todo mundo e vai ficar entediado nas aulas, desejando que tudo isso acabe o mais rápido possível.

—Summer! —Pisei na ponta do skate para segura-lo, antes de ergue-lo acima da minha cabeça.

—Rodinhas pra cima. —Murmurei, abrindo um sorriso inocente para o zelador do colégio que me olhava com as mãos na cintura e uma expressão séria quando passei por ele. —Já sei, já sei. Rodinhas pra cima.

—Se eu te pegar andando com esse skate aqui dentro...

—Vou passar uma semana limpando o chão dos corredores. —Completei, ouvindo-o bufar em desdém e dar meia volta. Soltei uma risada quando ele sumiu no meio dos alunos, antes de virar um corredor e soltar o skate no chão, pegando impulso para deslizar pelo piso até o meu armário.

Abri meu armário, enfiando os livros que estavam dentro da minha mochila no mesmo. Peguei meus fones, ignorando os caras que passavam dando batidinhas nos meus ombros me cumprimento e as garotas sorrindo e me lançando piscadinhas esquisitas com os olhos.

As vezes, adolescentes cheios de hormônios me assustam.

Fechei meu armário, me virando e esbarrando em um garoto gordinho, de cabelos bagunçados e camiseta de Star Wars. Os livros nas mãos dele voaram para o chão, se espalhando por completo enquanto a maioria dos idiotas ao redor riam como se eu tivesse feito aquilo de propósito.

—Aí, foi mal, cara. —Me abaixei, ajudando-o a juntar os livros enquanto ele parecia desesperado para sair logo dali. —Eu não te vi. Me desculpa.

—Tudo bem... deixa, eu pego. —Ele juntou todos os livros de qualquer jeito, me olhando como se eu fosse um alienígena antes de ficar de pé e sair em disparada pelo corredor. Fiz uma careta, vendo ele sumir no meio dos outros alunos, parecendo um bandido fugindo da polícia.

—Ai, Summer, uma semana sem parar na diretoria? —O Running Back do time do colégio cortou minha frente no corredor, me fazendo soltar um suspiro pesado e esfregar a testa.

—Pois é, meu recorde até agora. —Falei, dando de ombros quando ele soltou uma gargalhada, quando aquilo nem era tão engraçado assim. —Er... posso ir?

—É, na verdade eu queria te pedir um favor... —Eu revirei meus olhos, sabendo perfeitamente o que vinha a seguir. —Eu levei bomba na prova de física e o treinador disse que eu não jogaria se fosse mal. Será que você não poderia...

—Cara, sinto muito, mas eu não posso te ajudar nisso. —Abri um sorriso amarelo pra ele.

—Como assim não? Todo mundo sabe que você já invadiu o sistema do colégio várias vezes. —Ele deu um soquinho no meu ombro como se fôssemos melhores amigos. —Quebra essa pra mim, vai.

Ele não estava mentindo, eu já havia invadido o sistema do colégio várias vezes, porque precisava de algumas informações sobre uma certa pessoa e demorei séculos para encontrar. A maioria dos alunos acham que é por isso que eu tiro A+ em todas as matérias, mudando minhas notas no sistema. Mas a verdade que eu nunca toquei no meu nome, apenas de outras pessoas. Mas isso não significa que eu mude as notas de qualquer idiota que me pede.

—Foi mal, mas não posso. —Eu apertei a alça da minha mochila e dei de ombros. —Se o diretor me pegar, eu tô morto. Da próxima vez tenta estudar mais um pouco, cara. Física é moleza.

Ele abriu a boca para rebater, mas eu já havia desviado dele e soltado o skate no chão, deslizando para longe daquele cara, ouvindo ele soltar um xingamento baixo. Soltei uma risada, sabendo que deveria ter ofendido o ego de um dos trogloditas do colégio. Mas eu também não fazia questão de agradar absolutamente ninguém.

Sai do colégio, segurando meu skate quando vi a pessoa por trás da maioria dos meus pensamentos caminhando até o ponto de ônibus com uma pilha de livros nas mãos. Ela estava de fone e não olhava ou falava com absolutamente ninguém. Tinha certeza que a maioria do colégio a considerava metida, mas pra mim ela era fascinante.

Então eu escutei as risadas e gritos, me virando para ver dois idiotas do time do colégio empurrando aquele mesmo rapaz que havia trombado comigo poucos minutos atrás. Estavam o prensando contra um carro e batendo no rosto dele enquanto falavam algumas coisas e os outros idiotas ao redor riam.

Balancei a cabeça negativamente, descendo as escadas e me virando na direção oposta que eles. Já havia me metido em brigas e não valia a pena. Talvez ajudasse a aliviar a raiva, mas me dava uma dor de cabeça imensa na sala do diretor com ele enchendo minha cabeça com lições de moral.

Escutei um grito de dor, antes parar de andar e olhar por cima do ombro, vendo aquele garoto no chão, levando a maior surra de todas, enquanto a maioria ria. Fechei meus olhos com força, sentindo meu lado burro falando mais alto quando segurei meu Skate com força entre as mãos e me virei, caminhando na direção daquele grupo.

—Uma semana... —Resmunguei. —Durei uma maldita semana por causa desses idiotas. —A maioria dos alunos que formava uma rodinha ao redor da briga abriam espaço quando me viram, porque já me conheciam. —Ei, já chega!

—Ah, sai fora, Summer. —O idiota número um murmurou, enquanto o idiota número dois pisava no braço do rapaz no chão, o fazendo gritar de dor. —O gordinho aqui tá merecendo apanhar.

—Vocês quebraram o meu braço! —Ele gritou no chão, gemendo de dor e tentando tocar o braço esquerdo.

—Inacreditável! —Resmunguei, porque os dois idiotas também estavam merecendo apanhar.

Então puxei o primeiro deles e acertei um soco no seu olho, fazendo tombar contra o carro. Quando o outro se virou pra mim, eu segurei meu Skate com as duas mãos e taquei nele com a maior força que conseguia, escutando o estralo antes dele desabar no chão.

—VICTOR SUMMER! —O grito do diretor fez todos os alunos sumirem dali em segundos, enquanto eu soltava meu skate no chão e respirava fundo.

—E lá vamos nós de novo.

Continua...