Capítulo 16: Ele está preso.

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Millie soltou uma risada quando eu não disse nada, provavelmente contente consigo mesma por ter me deixado sem palavras dessa vez. Engoli em seco, não conseguindo acreditar que isso estava acontecendo de fato.

—Millie Benson tem algumas cartas na manga. —Falei, com minha respiração pesada, como se eu tivesse corrido uma maratona. Ela riu do que eu disse, fazendo minha mente acordar para o que estava acontecendo ali. —Meus jogos favoritos são Counter-Strike e League of Legends. Posso ensinar você a jogar os dois ou um deles, tanto faz. Você escolhe.

—Pode ser os dois, você vai ler mais de 6 livros por minha causa. —Ela suspirou, enquanto meu cérebro dava pane.

—Mais de 6? —Eu fiz uma careta, vendo o brilho de diversão que surgia nos olhos dela.

—Tem os contos também. —Ela deu de ombros de forma inocente, enquanto eu me dava conta que havia deixado algo passar. —Parece que alguém não fez o dever de casa corretamente.

—Isso me faz perder alguns pontos com você? —Indaguei, fazendo nossos pedidos quando um garçom se aproximou.

—Não, eu ainda gostei de ver você os lendo por minha causa. —Ela mordeu o lábio inferior, se recostando na cadeira enquanto parecia pensar no que dizer. —Você me perguntou se eu vou no baile, então você vai?

—Eu ainda não sei. Não costumo ir nessas coisas do colégio. —Falei, porque Millie também não costumava ir. Eu tinha o costume de checar isso antes de decidir me enfiar no meio de todos aqueles alunos no colégio em um dia que eles estão bebendo e fazendo merda. —Mas é nosso último ano, então. Minha irmã vai me chamar de idiota se eu não ir.

—É, deveríamos aproveitar bastante. —Ela suspirou, ajeitando aquela franja. —O que você vai fazer quando se formar?

—Eu não sei. Estou aberto a qualquer coisa na área de tecnologia. —Dei de ombros, vendo ela sorrir com uma expressão que deixava claro que não estava surpresa com aquilo. —E você?

—Se eu tiver sorte, quero fazer literatura. Mas preciso ser aceita em uma universidade. De preferência que não seja longe daqui. —Millie parecia pensar longe e eu imaginava que era em sua mãe.

—Eu tenho uma conhecida que se formou em literatura. Ela está trabalhando em uma editora em Nova Iorque. —Falei, vendo Millie abrir um sorriso ao ouvir aquilo. —Se quiser posso te passar o número dela. Ela pode te falar sobre o curso ou sei lá... eu não sei.

—Eu ia gostar muito de conversar com alguém que trabalhe em uma editora.

—Tudo bem, eu te mando o contado dela depois. —Eu batuquei os dedos na mesa, vendo Millie olhar pra mim com curiosidade. —Mas sabe, talvez as coisas mudem se encontrarmos seu pai.

—Ah... —Ela se encolheu do outro lado da mesa. —E se ele tiver se casado? Não sei se gosto dessa possibilidade, apesar de não julgar ele.

—Se sua mãe ainda pensa nele mesmo depois de todos esses anos, talvez ele ainda pense nela também, Millie. As coisas poderiam ter sido diferentes se eles tivessem mantido contato. —Falei, vendo ela assentir com a cabeça, parecendo perdida. —Sabe, eu entendo, eles pensaram que isso seria uma coisa de verão que não havia dado em nada. Mas ninguém manda nós próprios sentimentos. Uma pena que eles tenham percebido isso tarde demais.

—Você está me fazendo criar esperanças. —Afirmou, soltando uma risada nervosa.

Comprimi os meus lábios, porque não fazia ideia de como isso era pra Millie. Meus pais estavam casados a anos. Eu era o segundo filho deles. Sempre tive os dois por perto e eu sei que tive muita sorte na vida, porque por mais que eles puxem minha orelha as vezes, eu sei que eles me amam e fariam qualquer coisa por mim e por Ella.

—Olha, isso tudo depende muito. Podemos encontra-lo e checar antes se ele é casado ou não. Se ele for, você pode pensar se quer ou não falar com ele. —Falei, soltando um suspiro e balançando a cabeça.

—Tudo bem. Acho que eu estou passando nervoso de graça. —Ela riu, colocando uma mecha de cabelo que havia se soltado atrás da orelha. —Obrigada por me ajudar, Victor. Vou ficar te devendo uma.

Eu a olhei, com meu coração prestes a explodir dentro do peito.

—Você pode me agradecer indo no baile de Dia das Bruxas comigo. —Eu abri um sorriso e tombei a cabeça de lado quando ela me lançou um olhar surpreso.

—Eu queria, mas... —Ela corou, desviando os olhos de mim. —Não tenho dinheiro pra uma fantasia.

—Eu posso ver se minha irmã tem alguma coisa que possa te emprestar. —Sugeri, vendo ela morder o lábio e me olhar com duvida. —Ella deixou várias coisas da época do colegial lá em casa. Ela não se importaria de emprestar.

—Se ela não se importar. —Millie esfregou as duas mãos na bochecha. —Eu não quero incomodar nem nada.

Eu senti vontade de rir, porque Millie não fazia ideia do que significava pra mim e aquilo era assustador.

[...]

—Mãe, eu cheguei! —Falei, fechando a porta com o pé, enquanto ouvia o som da tv da sala ligada.

Mas minha mãe não estava ali e muito menos na cozinha. Fiz uma careta, indo para o meu quarto e jogando minha mochila e meu skate no chão, antes de sair e ir para o quarto dos meus pais. A porta estava apenas escorada, me permitindo meu pai sentado na ponta da cama tirando os sapatos, provavelmente havia acabado de chegar em casa.

—Você não acha preocupante ela ficar naquela casa sozinha? —Ouvi a voz da minha mãe, me fazendo hesitar quando pensei em bater na porta e entrar. —É tudo tão recente ainda.

—Eu acho sim. Mas Natalie é adulta e está decidida a ficar lá, não podemos fazer nada quanto a isso. —Meu pai ergueu os olhos, olhando na direção que minha mãe provavelmente estava. —Você fez o que podia para ajuda-la, amor. Até sugeriu que ela ficasse aqui em casa. Não deveria ficar batendo a cabeça sobre isso agora.

—Eu só me preocupo com ela lá sozinha. —Eu me afastei da porta quando escutei minha mãe se aproximando da porta. —Victor por enquanto está fazendo companhia pra ela. Mas e quando ele não for mais? E se... e se ele encontra-la?

Eu ergui as sobrancelhas, enquanto um quebra cabeça se formava na minha cabeça.

—Ele está preso, Nora. —Meu pai rebateu. —Se tivesse sido solto, Natalie teria sido avisada.

Eu bati na porta na mesma hora, abrindo-a e pegando meus pais de surpresa. Ambos olharam pra mim assustados, parecendo decidir se eu havia ou não escutado aquilo.

—Quem é que está preso? —Indaguei, acabando com a duvida deles.


Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Where stories live. Discover now