Capítulo 18: Ele meio que invadiu minha casa.

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Passei a maior parte da aula sentado, até o treinador berrar com quem estava sentado e mandar todo mundo correr ao redor do campo. Nem mesmo Julian escapou, já que o treinador disse que ele estava com o braço quebrado e não a perna, o que resultou nele correndo todo desengonçado ao meu lado.

Acelerei um pouco mais a corrida no final da aula, desviando dos outros alunos no caminho até chegar em Millie, que parecia perdida nos próprios pensamentos enquanto corria. Havia sido a única a não reclamar de fazer aquilo quando o treinador mandou.

—Então, você já leu algum livro de vampiros? —Indaguei, começando a correr ao lado dela, vendo Millie erguer as sobrancelhas quando percebeu que era eu.

—Alguns, por quê? —Ela sorriu de leve, balançando a cabeça.

—Então o que você acha de irmos fantasiados de vampiros no baile? —Abri um sorriso sugestivo pra ela, percebendo sua surpresa quando ouviu minhas palavras.

—O que? —Ela parou de correr subitamente, antes de se dar conta do que tinha feito e voltar a correr, arrancando uma risada de mim.

—Minha irmã tem uma fantasia de vampira. Acho que ficaria perfeita em você. Eu só precisaria encontrar uma pra mim. —Dei de ombros, observando a expressão surpresa de Millie, como se não acreditasse no que eu estava falando. —O que foi?

—Você quer mesmo que eu vá nesse baile com você, né? Quer dizer, nem é o baile de final do ano. É só... —Ela ficou muda, dando de ombros, me fazendo morder o lábio para não sorrir.

—Bem, eu te convidei, né?

—Sim, mas... —Ela balançou a cabeça negativamente. —Tudo bem, eu gosto de vampiros.

—Então isso é um sim? —Indaguei, vendo ela balançar a cabeça que sim. Abri um sorriso enorme, dando um soquinho pra o alto em comemoração que arrancou uma risada dela. —Ok, então, eu trouxe a fantasia para o caso de você aceitar. Deixei no meu armário, posso te entregar na hora da pausa.

—E você vai de vampiro também? —Ela ainda não parecia estar acreditando, mas balancei a cabeça que sim. —Por que ir comigo? Sabe, a capitã das líderes de torcida acabou de te convidar e aposto que todas as outras garotas desse colégio iriam querer ir com você.

—Mas eu não quero ir com nenhuma delas. —Afirmei, sem deixar de sorrir. —Eu quero ir com você, então... Espera, então você estava prestando atenção?

—Não, eu só... —Millie corou, desviando os olhos de mim para o outro lado, fazendo meu coração errar algumas batidas. —Vocês não estavam falando baixo. Eu só ouvi quando ela te convidou, não ouvi sua resposta.

—Bom, eu disse que não, porque já tinha com quem ir. —O apito do treinador soou, fazendo todo mundo parar de correr quando aquela aula finalmente acabou. Olhei para Millie, passando a mão na testa para afastar o suor. —Escuta, eu realmente quero ir no baile com você, mas não quero que se sinta pressionada a ir nem nada. Sabe, por conta de eu estar te ajudando com a questão do seu pai. Eu estou fazendo isso por que quero te ajudar, não estou esperando algo em troca.

—Você disse que não faz nada sem esperar algo em troca. —Lembrou, me fazendo abrir e fechar a boca várias vezes. Millie riu, balançando a cabeça negativamente. —Não estou fazendo isso porque está me ajudando. Eu quero ir com você também.

—Não, olha, sobre o que ele disse sobre esperar algo em troca, não foi nesse sentido. Eu não...

—Hora de ir, pessoal. —O treinador apareceu atrás de nós dois, nos empurrando pata irmos. Millie sorriu pra mim, antes de dar de ombros e voltar para dentro do colégio.

[...]

Me sentei na frente de Julian, vendo ele fazer uma careta e então coçar a cabeça, parecendo um pouco confuso. O refeitório ao nosso redor estava lotado e como sempre estavam todos falando alto demais. Tinha certeza que sairia daquele colégio com problemas auditivos.

—Cara, se seus pais não te contaram, então é porque é melhor você não saber nada. —Julian afirmou, me fazendo revirar os olhos.

—Eu estou indo na casa dela todos os dias, Julian. É muito justo que eu saiba o que está acontecendo. —Retruquei, vendo ele fazer uma careta e balançar a cabeça negativamente. —Você não acha estranho ela agir de uma forma toda estranha e desconfiada? Então do nada meus pais estão sussurrando sobre alguém estar atrás dela e ter sido preso? Fala sério, Julian, não pode estar nem um pouco curioso.

—E o que quer fazer, investigar a vida dela? —Ele me olhou com as sobrancelhas erguidas.

—Investigar a vida de quem? —Millie colocou a bandeja sobre a mesa e se sentou ao meu lado, abrindo um sorriso pra mim quando a encarei um pouco surpreso.

—Victor tá precisando ir no psiquiatra. Eu já disse que ele deveria marcar um horário, mas ele não me escuta. —Julian falou, me fazendo revirar os olhos e bufar, enquanto Millie soltava uma risada ao meu lado. —Deveria falar isso pra ele, talvez você ele escute.

—É sério. —Soltei uma respiração pesada, me virando para Millie. —Se você conhece alguém que se mostrasse muito desconfiado e assustado, além de ouvir sua mãe dizendo que essa mesma pessoa está possivelmente sendo procurada por alguém que está preso, você não acharia estranho?

—Sim. —Ela deu de ombros. —De quem vocês estão falando?

—Natalie, uma amiga da minha mãe. —Ela me olhou com as sobrancelhas erguidas, o que me fez suspirar. —Longa história. A questão é que eu quero saber o que está acontecendo.

—Doído varrido. —Julian resmungou, me fazendo soltar uma respiração pesada.

—Eu tô dentro. —Millie falou, me fazendo engasgar com o suco que havia acabado de beber. Julian caiu na gargalhada do outro lado da mesa, enquanto eu me virava para Millie com o coração chegando na boca.

—O que? —Soltei, vendo ela soltar uma risadinha baixa e dar de ombros.

—Você ficou de me mostrar como faz pra hackear sites, lembra? Pode começar com isso. —Ela começou a comer o que havia pegado, como se estivesse tudo bem. Como se meu coração não fosse parar de bater naquele exato momento. —Além do mais, quero ajudar de alguma forma com a questão do meu pai.

—A gente já tem uma lista enorme de nomes. —Julian comentou, fazendo Millie parar de comer e olhar pra ele sem nem piscar. —É, eu sei. Ele meio que invadiu minha casa e me obrigou a ajudá-lo.

—Eu não obriguei e não invadi nada. —Retruquei, sentindo meu rosto esquentar. —Você ajudou porque quis. —Eu me virei para Millie, umedecendo os lábios com a língua. —Eu pretendia enviar e-mails pra todos os Justin que encontramos. Pode me ajudar e decidir o que escrever pra eles.

—Tudo bem. —Ela sorriu, parecendo animada, o que me deixou feliz pra caramba. —E depois a gente vê sobre a história da Natalie.



Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora