Capítulo 46: Ele mora aqui em Atlanta.

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Puxei um livro da estante, sem me importar ao certo sobre o que era. Eu e Victor estávamos sentados no chão da biblioteca do colégio. A hora da pausa era um dos poucos momentos de sossego que tínhamos. Me ajeitei contra o peito dele, sentindo seus braços ao meu redor.

—Acho que estamos em uma maré de azar, sabia? Primeiro somos pegos no estúdio de dança e depois sua mãe descobrindo que você não faz mais aulas. —Victor comentou, enquanto me observava folhear aquele livro sem vontade alguma.

—Eu só queria que as coisas voltassem ao normal. —Murmurei, fechando o livro e o colocando de volta na estante, antes de me virar, ficando com o rosto próximo ao de Victor. —Minha mãe ficou tão decepcionada. Não sabia se era comigo ou com ela própria, por não poder pagar as aulas.

—Você falou pra ela da Natalie? —Victor indagou, e eu balancei a cabeça que sim na mesma hora. Eu e minha mãe havíamos ido pro jardim observar as estrelas, enquanto eu explicava pra ela tudo e então contava sobre a proposta de Natalie. Iria demorar até ela arrumar o quarto de cima, mas eu podia esperar o quanto fosse.

—Gente! —Julian apareceu no final do corredor de livros, correndo na nossa direção com as mãos tentando segurar as coisas que ele trazia. —Gente, vocês não vão acreditar!

Ele tropeçou quase caindo quando chegou até nós. Victor soltou uma risada da expressão ofegante dele quando Julian se ajoelhou na nossa frente, soltando a comida que havia pegado na cantina no meu colo.

—Eu falei com ela! —Exclamou, fazendo e Victor trocarmos olhares. —Com a Davine... Eu falei com ela!

—Sério? —Victor pegou um dos sanduíches que estava no meu colo, assim como uma das garrafinhas de suco. —Como esse milagre foi acontecer?

—Espera, preciso comer pra me recuperar. —Julian pegou o lanche dele no meu colo, já que ele havia trazido pra todos nós. Eu e Victor rimos quando ele tirou o plástico do sanduíche e deu uma mordida enorme, soltando um gemido. —Foram fortes emoções pro meu coração.

—Conta logo! —Falei, me ajeitando pra comer também, vendo Julian soltar uma risada.

—Ela tava na fila quando eu cheguei. Eu tomei coragem e agradeci ela pelo dia do baile. Simplesmente aconteceu, entendeu? —Ele soltou um suspiro, negando com a cabeça. —Nos dois começando a conversar e... vocês não vão acreditar. Ela me chamou pra sair.

—Mentira! —Soltei um gritinho animado, vendo Victor rir e negar com a cabeça.

—Eu disse pra você ir falar com ela antes. Você preferiu me ignorar. —Falou, fazendo Julian revirar os olhos e bufar.

—Não importa, eu tenho um encontro. Vocês dois precisam me ajudar agora. Não posso fazer merda. —Afirmou, fazendo eu e Victor nós olharmos por alguns segundos. —Só preciso de uns conselhos.

—Tudo bem. Primeiro, já sabe onde vai levar ela? —Victor indagou, se ajeitando atrás de mim, como se estivesse pronto pra ajudar Julian a ter o melhor encontro da sua vida.

Victor Summer

Desci do táxi do outro lado da rua da casa de Natalie. Havia preferido evitar aquele bosque esquisito depois de escutar uns barulhos estranhos quando estava passando sozinho por lá. Barulhos estranhos que no caso eram muito, muito constrangedores. Prefiro demorar mais tempo pra chegar do que passar por isso.

Fechei a porta do carro, agradecendo ao motorista enquanto via um cara sair da casa de Natalie. Ela estava se despedindo dele da porta, enquanto ele atravessava o jardim até o carro estacionado na frente. Atravessei a rua, enquanto franzia a testa e observava o rosto dele de lado quando ele entrou no carro, partindo segundos depois.

—Eu não estava esperando uma visita sua. —Natalie murmurou, dando um beijo na minha bochecha quando cheguei até a porta. —Seus pais não o obrigam mais a vir até aqui.

—Eu sei. Mas eu gosto de te fazer companhia. —Falei, seguindo ela pra dentro. —Você tem aulas de balé agora a tarde? —Ela balançou a cabeça negativamente, enquanto eu fechava a porta, ainda pensando no cara. —Quem era aquele que estava saindo daqui? Seu namorado?

Natalie soltou uma risada constrangida, negando com a cabeça.

—É só um amigo. Aquele que eu disse que iria trazer meu carro de Nova York. —Ela sorriu, pegando as chaves sobre a mesa e mostrando pra mim. —Demorou, mas finalmente vou parar de andar de metrô.

—Que bom. —Sorri, parando ao lado da janela, olhando pro lado de fora. —Ele mora em Nova York?

—Oh, não, ele mora aqui em Atlanta. —Ela sorriu, separando algumas coisas e colocando dentro de uma caixa de papelão. —Ele é cardiologista aqui, mas atende algumas vezes no mês em Nova York, por isso pedi pra ele trazer meu carro.

—Entendi. —Passei a mão no rosto, olhando pra Natalie com uma expressão pensativa. Seria possível? —Não faz o menor sentido.

—O que disse? —Natalie indagou, me fazendo balançar a cabeça negativamente.

—Nada, só... —Umedeci os lábios com a língua, me aproximando para ver o que ela estava fazendo. —Ele é aqui de Atlanta?

Natalie me encarou com as sobrancelhas arqueadas, provavelmente estranhando minha pergunta. Abri um sorriso, exibindo a expressão mais curioso e inocente que eu conseguia.

—Não, não. Justin é de Los Angeles. Ele se mudou pra Atlanta assim que se formou. —Natalie murmurou, sem perceber minha cara de espanto bem ao seu lado. —Conheci ele nesses atendimentos que ele faz em Nova York. Longa história. Por que quer saber sobre isso?

—Ele se parece com alguém que eu conheço. —Menti, enquanto meu coração disparava. —O nome dele é Justin?

—Isso, Justin Harrington. —Ela empurrou a caixa de papelão na minha direção. —Você pode jogar isso no lixo pra mim? São coisas velhas que não preciso mais. Quero esvaziar o cômodo o quanto antes pra começar a dar aulas aqui...

—Claro. —Respondi, sem entender metade das coisas que ela estava falando. Puxei meu celular do bolso, abrindo meu e-mail e pegando um dos caras que havia mandado mensagem. Abri a foto do pai de Millie com sua mãe, ampliando bem no rosto dele. —Puta merda!



Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Место, где живут истории. Откройте их для себя