Como conquistar Victor Summer / Vol. 3

Capítulo 42: Delegacia.

Me afastei de Millie, deixando um selinho demorado nos seus lábios macios. Ela soltou uma respiração pesada quando me afastei, me encarando com o olhos enormes e iluminados, além dos lábios um pouco avermelhados do beijo, o que só me deu mais vontade de beija-la.

—Atrapalhei você? —Sussurrei, sem me afastar dela. Mas Millie não parecia se importar com isso, porque estava com o corpo todo inclinado na minha direção, como se não conseguisse ficar de pé sozinha.

—Não. —Ela sorriu, erguendo as mãos para passar nos meus cabelos ruivos, parecendo hipnotizada com eles. —Amo a forma como você me olha quando eu estou dançando.

—É porque você fica linda dançando balé. Me deixa completamente fascinado. —Afirmei, me inclinando para beijar os lábios dela de novo, como se eu não conseguisse ficar na presença dela sem fazer isso a cada minuto.

Millie riu, se afastando de mim pra voltar a dançar. Observei ela o tempo todo, sem conseguir desviar os olhos. Tinha certeza que ela sabia o que estava fazendo comigo, dançando como se fosse inteiramente pra mim. Quando a música finalmente parou, Millie voltou a se aproximar de mim, me puxando para um beijo.

Olhei pra ela, sem conseguir parar de sorrir um segundo sequer. Parecia que haviam fogos de artifício explodindo dentro do meu peito. Era assim toda vez que eu olhava pra ela e a via me encarando como se gostasse de verdade de mim.

—Quer jantar lá em casa, ou eu preciso te levar pra sua casa? —Indaguei, vendo ela morder o lábio e balançar a cabeça em dúvida, antes de sorri e deixar um selinho na minha boca.

—Posso jantar na sua casa. Só tenho que mandar uma mensagem pra minha mãe avisando. —Millie se afastou de mim, indo pegar suas coisas no canto da sala. Observei ela pegar o celular e enviar uma mensagem, antes de nós dois caminharmos até minha mochila ao lado da porta.

—Manda uma mensagem pro Julian perguntando se ele não quer ir também. A gente pega um taxi até a casa dele antes. —Falei, fechando a porta quando saímos pro corredor. Millie concordou com a cabeça, mandando a mensagem pra ele na mesma hora. —Ainda não acredito que mudaram de turma por causa de mim.

—Eu disse que íamos fazer isso. —Millie deu de ombros, segurando minha mão enquanto percorríamos o corredor escuro.

—É, mas eu achei que você só tinha falado por falar. —Dei de ombros, parando de sorrir quando nós dois vimos o movimento da luz de uma lanterna. —Merda, corre!

Nós dois corremos pro outro corredor, indo contra a direção da sala onde pulávamos a janela. Ouvimos o som do segurança vindo atrás, porque era óbvio que ele havia escutado a nossa conversa. Tentei abrir as portas de uma das salas, vendo Millie puxar o molho de chaves da mochila, se desesperando para encontrar a certa.

—Se ele nos pegar eu vou ser demitida. —Millie sussurrou, enfiando as chaves na porta para tentar abri-la. —Minha mãe vai me matar se isso acontecer, Victor.

Agarrei as mãos dela, puxando-a para voltarmos a correr quando o segurança começou a se aproximar de novo. Viramos em vários corredores até chegar a uma escadaria, quase caindo ao tropeçarmos nos nossos próprios pés. Millie me puxou para a primeira porta, puxando o molho de chaves de novo.

—Ei! —Ouvimos o grito do segurança e Millie se assustou, deixando as chaves cair no chão. Vi a luz da lanterna surgir nos últimos degraus da escada, percebendo que estávamos ferrados. —Eu sei que tem alguém ai. Não adianta correr.

—Vá pra saída dos fundos. —Agarrei as chaves do chão, percebendo que Millie estava tremendo quando as depositei nas suas mãos. —Eu vou distrair ele.

—O que? —Millie se engasgou, arregalando os olhos e agarrando minha mão com força. —Ficou louco? Ele vai pegar você.

—Não vai. Faz o que eu estou pedindo. Me espera lá na praça que eu já chego. —Beijei a testa dela, sentindo que meu coração ia sair pela boca. —Eu prometo que vou ficar bem, Millie. Vai logo.

Não esperei Millie responder, apenas corri e passei pela escada, vendo o segurança tomar um susto quando passei pelo corredor. Ele nem percebeu que Millie ainda estava congelada no mesmo lugar quando disparou na minha direção. Mas por sorte ela se virou e correu, fazendo o que eu havia pedido.

Mas eu menti pra Millie, porque eu sabia que aquilo não ia acabar bem. Eu não fui muito longe. Havia um lado ruim de ser o melhor aluno do colégio, porque independente disso, sempre vai haver alguma coisa que você não é perfeito. Eu preferia um bom cálculo trigonométrico do que correr ou jogar qualquer esporte.

Consegui virar em dois corredores antes de desabar no chão com o segurança em cima de mim. Fechei meus olhos com força, pressionando minha testa contra o chão frio, enquanto soltava uma respiração pesada e sentia o segurança sair de cima de mim e me segurar. Só esperava que Millie conseguisse sair, antes que ele voltasse para ver se havia mais alguém.

[...]

Estou começando a me perguntar se sou a Chapeuzinho Vermelho da história ou o Lobo Mau. Tenho certeza que ela não se mete em confusões da mesma forma que eu, enquanto o Lobo Mau tem muita cara de quem seria preso por invadir um prédio no meio da noite. Pelo menos Millie havia conseguido sair.

O relógio na parede da delegacia marcava 22:36. Fazia quase três horas que eu estava ali, sentado no corredor em uma cadeira super dura. Podia sentir os olhos do policial na sala da frente em mim, pela janela de vidro da sala que dava para aquele corredor. Mas eu evitava olhar pra ele.

—Ele não quis dizer o que estava fazendo lá. —Escutei a voz do outro policial que agora conversava com meu pai na sala atrás de mim. —Ficou o tempo todo em silencio, desde que foi pego pelo segurança.

Escondi o rosto entre as mãos, preferindo não ouvir a resposta do meu pai e o restante da conversa. Ele iria me matar assim que saíssemos daqui. Se não fizesse isso, então minha mãe faria. Tenho certeza que eles poderiam suportar qualquer briga minha no colégio, mas não isso.

—Victor? —Ergui a cabeça, soltando um suspiro ao encarar a expressão séria do meu pai.

Continua...