Capítulo 12: Você é um adolescente.

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Eu olhei para Julian com os lábios comprimidos, porque sabia que ele iria ou surtar ou me zoar e não conseguia decidir qual das duas era pior. Soltei um suspiro e deixei meu notebook em cima daquela cama ao lado do puff em que eu estava sentado.

—Millie me pediu ajuda pra encontrar um cara chamado Justin, que conheceu a mãe dela em uma festa universitária a anos atrás. Ele não é de Atlanta e a mãe dela não trocou número de telefone com ele nem nada. —Falei, vendo Julian ajustar aquela tipoia que segurava seu braço e me perguntei como ele havia subido aquelas escadas até essa casa na árvore, porque estava tão maravilhado com a descoberta que nem percebi isso. —Não sei se você sabia disso já que estuda com ela, mas ela não conhece o pai dela e obviamente esse tal Justin é o pai dela então...

—Ela quer que você encontre ele, porque o cara não faz ideia que ela existe. —Julian passou a mão no rosto, parecendo pensativo. —Cara, faz 17 anos.

—Eu sei. Mas eu entendo ela. —Dei de ombros, vendo ele soltar uma risadinha.

—É claro que entende, você tá apaixonado pela garota. —Afirmou, fazendo meu rosto se curvar em uma careta. —Por que diabos eles não trocaram telefones ou sei lá, o sobrenome?

—Era só um lance de verão, Julian. Tenho certeza que nenhum dos dois estava prevendo uma filha. —Eu peguei meu notebook de novo, procurando o nome de todas as universidades de Los Angeles.

—Existe uma coisa chamada camisinha.

—E você não estava lá a 17 anos atrás pra saber se eles usaram ou não, então para de julgar, seu merdinha. —Falei, repetindo o xingamento que ele havia usado comigo, o vendo rir e negar com a cabeça.

—Tudo bem, você está certo. O que quer que eu faça então? —Ele se virou para o próprio notebook, saindo do jogo que estava pausado.

—O cara cursava medicina, então ele deve ser médico atualmente. Procura por todos os Justin que atuem como médicos em Los Angeles. —Afirmei, enquanto fazia minha própria pesquisa. —Eu vou procurar nas universidades de lá. Não devem haver mais de 1000 caras chamados Justin que cursaram medicina, certo?

—Eu te dou certeza que existem. —Julian já havia começado a digitar rapidamente no seu notebook, com aquela única mão livre. —Isso tudo pelo menos vai te render um encontro? Aliás, porque você nunca chamou ela pra sair?

—Eu não sei. Eu tinha me acomodado a rotina de apenas observar ela de longe. —Dei de ombros, mesmo que Julian estivesse de costas e não pudesse ver. —Nunca passou pela minha cabeça chegar nela ou qualquer outra coisa. Ela sempre pareceu tão...

—Antipática? —Julian sugeriu. —Metida? Antissocial?

—Estou começando a me perguntar porque exatamente eu não deixei que eles te batessem mais. —Falei, soltando um suspiro de falso pesar.

Hahaha, muito engraçado você. —Julian soltou um som de descontentamento com a boca. —Eu nem fiz nada pra apanhar. Bastou eu existir naquele colégio que aqueles babacas grudaram um post-ir escrito "saco de pancadas" na minha testa.

—Por isso que eu odeio adolescentes. —Falei, vendo ele me lançar um olhar penetrante por cima do ombro.

—Você é um adolescente. —Lembrou, enquanto eu soltava um muxoxo.

—Infelizmente.

Julian riu, negando com a cabeça e voltando a sua atenção para o notebook. Nas horas seguintes nós nos atentamos apenas a nossa pesquisa, marcando o nome e o sobrenome de qualquer um que pudesse ser o Justin que procurávamos.

[...]

Passei o restante do final de semana me perguntando porque nunca havia chamando aquela garota para um encontro. Sempre achei ela a coisa mais fascinante do mundo, porque era simplesmente agradável pra mim vê-la apenas existindo, fazendo aquelas coisas que eu já havia gravado e que combinavam perfeitamente com ela.

Mas eu havia descoberto algumas coisas sobre ela. A primeira era que ela não era tão certinha assim como aparentava ser, já que usava o estúdio de dança a noite sem ninguém saber. A segunda é que ela não era fechada e muito menos metida como Julian pensa. Ela é apenas focada e quando se abre, é extremamente gentil e doce.

Então eu estava decidido a mudar as coisas. Eu não queria apenas observá-la, eu queria conhecer cada pensamento dela. E se eu não pudesse ter mais do que seus sorrisos, eu me contentaria em ser seu melhor amigo. Então quando entrei na biblioteca e a vi seguindo em direção às fileiras de estantes de livros eu a segui, exibindo a expressão mais tranquila de todas, apesar de estar morrendo de nervosismo por dentro.

—Eu acho que entendi o porquê de Estilhaça-me ser sua saga favorita. A escrita é um pouco peculiar. —Falei, me escorando em uma das estantes bem ao lado dela, vendo Millie dar um pulo de susto quando ouviu minha voz, já que estava ocupada colocando um livro de volta ao lugar. —Bom dia.

Ela pareceu sem reação por alguns segundos, já que piscou várias vezes e sua boca se abriu como se ela fosse dizer algo, mas sem saber de fato o que.

—Você leu. —Ela soltou uma respiração incrédula. Mesmo que não fosse uma pergunta, eu balancei a cabeça que sim.

—Só o primeiro livro. —Eu abri um sorriso pra ela e tombei a cabeça de lado. —Os pensamentos da protagonista são... esquisitos.

—A escrita é peculiar mesmo, mas eu acho fascinante. —Ela abriu um sorriso enorme, como se falar daquilo a deixasse muito mais do que animada. —E a Juliette é um pouco doidinha, mesmo pensando que não. —Soltei uma risada, vendo ela se escorar na estante ao meu lado, fazendo meu interior se contorcer em apreciação aquilo. —Qual o seu personagem favorito?

—Kenji. Entendi porque minha irmã gosta tanto dele. Valorizo um bom senso de humor. —Falei, com meus olhos observando o sorriso enorme que estava nos lábios dela. —E o seu?

—Warner. —Eu ergui as sobrancelhas e ela mordeu o lábio, dando de ombros. —Você vai entender se ler os outros. —Ela me observou por alguns segundos, parecendo curiosa e ao mesmo tempo hesitante. —Não invadiu nenhum site altamente confidencial esse final de semana? Pensei que seu lance fosse esse e não livros.

Meu lance é você, mas você ainda não sabe disso.

—Quer que eu ensine você a fazer isso? —Eu ergui uma das sobrancelhas.

—Invadir sites? —Ela soltou uma risada alta, fazendo meu corpo inteiro estremecer com o quão agradável aquele som era. —Não, mas eu gostaria de ver você fazendo isso. —Ela deu de ombros quando lhe lancei um olhar interrogativo. —Eu sou curiosa. Até demais.

—Não tem nenhum segredo. —Falei, vendo ela me lançar um olhar cético, parecendo muito mais do que só curiosa. E aquela curiosidade ainda ia meter ela em problemas e principalmente eu.



Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Where stories live. Discover now