Capítulo 49: Você não deveria ter vindo até aqui.

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Minha cabeça parou de funcionar por alguns segundos, enquanto eu encarava aquele porta-retrato, sem sequer piscar ou respirar. Julian ainda estava me chamando, mas meu cérebro havia dado pane naquele momento, quando percebi o que estava acontecendo e os riscos que Natalie estava correndo.

Julian — Victor? Cara, eu estou começando a achar que você desmaiou ou passou mal.

Victor — Temos que ligar pra polícia.

Fiquei de pé, puxando a foto do porta-retrato, correndo pra fora do quarto na mesma hora.

Julian — O que? O que está acontecendo?

Victor — Lembra do Dustin? O namorado abusivo da Natalie que deveria estar preso? Ele não está preso. Ele está aqui em Atlanta. Eu o encontrei algumas semanas atrás naquele bosque atrás da casa dela, usando uma roupa da polícia.

Julian — Merda, você tem certeza? Natalie precisa ser avisada, Victor!

Parei no meio da sala, pensando no que fazer. Toda minha felicidade havia sido substituída por nervosismo e preocupação.

Victor — Liga pra polícia, Julian. Vou tentar falar com meus pais, enquanto vou pra casa de Natalie.

Desliguei a ligação sem esperar por uma resposta dele, correndo para fora do apartamento na mesma hora. Enquanto estava no elevador tentei ligar para os meus pais, mas nenhum dos dois atendeu. Liguei pra minha irmã também, mas a ligação caiu depois de chamar várias vezes.

—Merda, merda, merda! —Corri para fora do condomínio, pegando um taxi para a casa de Natalie. Tentei ligar para os meus pais de novo, mas eles continuaram sem atender. Então tentei ligar para Natalie, escutando o toque do outro lado causar uma sensação ruim dentro de mim quando a ligação caiu.

O táxi pareceu levar um século para chegar, parando naquele maldito bosque. Desci do carro, agarrando meu celular quando ele começou a tocar e o nome do meu pai apareceu na tela. Quase gemi de alívio, correndo para dentro do bosque enquanto atendia a ligação.

Victor — Pai, o Dustin tá aqui em Atlanta. Eu vi ele semanas atrás perto da casa da Natalie. Não me pergunte como eu sei disso agora, mas eu sei que ele está aqui. Ele não está mais preso.

Olhei para o celular quando meu pai demorou para responder, parando de correr quando percebi que o sinal de telefone estava falhando dentro daquele maldito bosque.

Victor — Pai, está aí? Está me ouvindo?

Pai — O que? Eu não... eu não estou entendendo o que você está falando, Victor. A ligação está ruim. Fale mais devagar.

Respirei fundo, olhando para aquelas árvores ao redor, sentindo meu peito subir e descer enquanto minha respiração estava rápida demais, a ponto de fazer meu coração doer.

Victor — Pai, presta atenção, o Dustin saiu da cadeia. Eu encontrei ele semanas atrás no bosque que fica atrás da casa da Natalie, entendeu? Ele está aqui. Ele veio atrás dela!

Pai — Como você sabe sobre o Dustin? Victor, que história é essa?

Victor — Depois eu explico. A questão é que eu o vi, pai. Ele está aqui!

Escutei meu pai dispensar alguém e depois seus passos apressados do outro lado.

Pai — Você tem certeza absoluta que era ele?

Victor — Sim, eu tenho. Eu estou chegando na casa dela. Vou avisa-la e tirá-la daqui...

Pai — Não, não, não, Victor. Saia já daí. Vou ligar pra Natalie e avisar. Já estou indo pra casa dela. Volte pra casa agora, Victor.

Victor — Ela não está atendendo o celular... Pai? Pai?

Soltei um xingamento quando a ligação caiu. Ignorei o que meu pai disse e voltei a correr na direção da casa de Natalie, atravessando aquele bosque mais rápido do que seria possível. Quase gemi de alívio quando vi a casa dela, pulando a cerca e correndo para a porta dos fundos.

—Natalie? —Parei na frente da porta, chamando ela ao mesmo tempo que batia na porta. —Natalie, sou eu, o Victor.

Bati na porta de novo, com mais força que antes, vendo ela ranger quando se abriu um pouco. Meu coração parou de bater por alguns segundos quando percebi que ela só estava encostada. Empurrei o restante da porta, encontrando a sala completamente vazia.

—Natalie? É o Victor. —Falei, porque independente de qualquer coisa eu já havia batido na porta e já havia deixado claro que alguém havia chegado. —Natalie?

Fechei a porta, caminhando para o meio da sala, encontrando o celular dela em cima da mesa. Havia duas chamas perdidas minhas e milhares do meu pai. Me deixava mais aliviado saber que ele estava vindo e que Julian iria ligar pra polícia. Me assustei ao ouvir um barulho no andar de cima, sentindo uma sensação estranha tomar conta de mim.

Subi as escadas pro andar de cima, estremecendo cada vez que o chão rangia sobre meu peso. A porta do quarto de hóspedes estava aberta, revelando que Natalie já estava começando a esvazia-la pra fazer a sala de dança. A porta do banheiro também estava aberta, enquanto a do quarto dela estava encostada.

—Natalie? —Chamei, comprimindo os lábios quando segurei a maçaneta, com minhas mãos tremendo de nervosismo. Empurrei a porta de uma vez, soltando uma respiração pesada e me apressando na direção de Natalie quando a encontrei caída no chão, encolhida e chorando em meio a soluços. —Natalie? Ei, Natalie? Eu estou aqui. O Victor. O que aconteceu?

Me abaixei ao lado dela, segurando suas mãos, sentindo ela tremer. Ela olhou pra mim, com o rosto vermelho cheio de lágrimas quando balançou a cabeça negativamente, parecendo incapaz de dizer alguma coisa. Meu sangue gelou quando vi a marca na bochecha dela, como se alguém tivesse lhe dado um tapa, além das marcas na garganta.

—Ele esteve aqui? —Indaguei, segurando o rosto dela entre as mãos. —Ele esteve aqui, não é? Natalie, vai ficar tudo bem. Vamos sair daqui. Podemos...

—Você não deveria ter vindo até aqui. Victor, você não deveria ter vindo... —Ela fechou os olhos com força, soltando um soluço engasgando e começando a chorar com mais força quando segurou minhas mãos.

—Ela tem razão, sabia? —Prendi a respiração quando ouvi a voz masculina atrás de mim, antes de sentir algo tocar minha cabeça.


Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang