Capítulo 22: Trate de ganhar o coração dela.

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Me levantei da minha cama, arrumando algumas coisas que estavam jogadas pelo meu quarto, enquanto Ella me observava como se quisesse ler cada pensamento meu. Ponderei sobre o que dizer, porque ao mesmo tempo que Millie eu estávamos próximos, ainda não era nada parecido com o que eu queria.

—Olha, a gente se aproximou nos últimos dias. Eu consertei o notebook dela. Estou ajudando ela com outra coisa também e a gente tem passado algum tempo juntos. —Falei, dando de ombros, enquanto eu puxava aquela caixa de livros e colocava em cima da minha escrivaninha. —Eu passei o número da Lina pra ela porque Millie me disse que quer fazer literatura quando sair do colégio. Então me pareceu uma boa ideia e ela gostou.

—Então você finalmente falou com ela? —Ella soltou um gritinho animado que me fez rir. —É sério, eu pensei que você ia passar o restante do ano fingindo demência. Não sei porque você não falou com ela antes!

—Porque... —Eu suspirei, esfregando minha testa. —Eu não sei. Nunca tive coragem o suficiente pra fazer isso. Nunca sequer passou pela minha cabeça fazer isso. Era só... bom apenas observá-la.

—Mas e agora? —Ella indagou, enquanto eu arrumava um lugar nas prateleiras na parede para colocar os livros, deixando-os de pé e na ordem correta.

—Eu não sei. Somos tipo... amigos? Não faço ideia. —Meus lábios se comprimiram quando me virei para minha irmã, que ainda me observava sentada na cama. Me escorei na escrivaninha e cruzei os braços na frente do corpo. —Eu convidei ela pra ir pro baile de Halloween.

—Você convidou ela pro baile de Halloween? —Ella soltou uma risada, me olhando como se eu fosse louco. —E ainda me diz que são só amigos?

—Não é isso. Você não entendeu a questão. —Eu peguei a baixa de papelão e joguei perto da porta, antes de me sentar na cama ao lado de Ella de novo. —Eu não faço ideia do que Millie pensa sobre mim. Algumas vezes eu pensei que ela tinha interesse em mim, mas em outras simplesmente parece que ela não está nem aí.

—Pelo amor de Deus! —Ella revirou os olhos, afundando o rosto entre as mãos. —O que você quer que a garota faça, se jogue nos seus pés? Acorda, Victor.

—E o que quer que eu faça? —Soltei, me sentindo frustrado. Eu havia sido sincero com Millie, como Natalie havia dito. No dia pareceu perfeito, mas hoje parece que a coisa toda esfriou. —Eu estou tentando, Ella. Mas eu não tenho jeito com garotas da mesma forma que tenho com computadores. Elas não são uma tela preta onde eu escrevo a porcaria de um código e tudo funciona!

—Victor, eu não conheço essa garota, mas você passou o último ano todo falando dela. Se vocês vão ao baile juntos, é indício o suficiente que ela quer passa um tempo com você. —Minha irmã tocou meu ombro, abrindo um sorriso. —Ela não é um computador, você tem total razão. Porque ela também tem sentimentos. Mas você é inteligente o suficiente pra fazer isso funcionar. Pra conquistar essa garota. Lembre-se de mim. Eu nunca desisti do Nic, mesmo quando ele deixava o medo falar mais alto.

—Certo... —Eu soltei uma risada baixa, mordendo meu lábio quando Ella encostou a cabeça no meu ombro. —Você stalkeou mais ele do que eu fiz isso com a Millie.

—Somos mesmo irmãos no final das contas, não é? —Comentou, fazendo nós dois nos olharmos antes de soltarmos uma risada e negar com a cabeça ao mesmo tempo. —Quero você no meu casamento com ela, Victor. Então trate de ganhar o coração dela.

—Eu vou tentar. —Abri um sorriso torto, antes de lançar a Ella um olhar furtivo. —Só pra avisar, eu peguei aquela sua fantasia de vampira emprestada.

Ella me olhou na mesma hora, erguendo as sobrancelhas, enquanto eu abria um sorriso inocente.

[...]

Aquele bosque não parecia mais tão esquisito. Talvez eu já estivesse me acostumado a passar por ele todos os dias. Não havia uma alma viva ali além de Julian e eu, que estava ocupado roubando biscoitos da cesta que eu carregava nas minhas mãos. Agora eu entendia o cuidado da minha mãe com Natalie.

—Nenhuma resposta do pai da Millie? —Julian indagou e eu dei um tapa na mão dele para que parasse de roubar os biscoitos. —Ei!

—Chega de comer. Isso não é pra você, cabeção. —Resmunguei, afastando a cesta dele. —E não, nenhuma resposta. Pelo menos não uma que a gente queria. Recebi de alguns falando que não eram os caras da foto. Então a gente continua na mesma.

—Olha, eu não quero ser pessimista. Mas já fazem 17 anos. É meio improvável que ele não seja casado e Millie não tenha pelo menos um irmão. —Julian deu de ombros quando o olhei. —Só tô querendo dizer que não dá pra criar muita expectativa sobre isso. As pessoas mudam e tal.

—Eu sei. Mas a gente só vai descobrir quando encontrá-lo, né? —Falei, vendo Julian comprimir os lábios, antes de nós dois encararmos a casa de Natalie quando ela apareceu no final do bosque. —Até lá, vamos apenas aguardar sem muita expectativa.

Julian resmungou alguma coisa que eu não entendi, me fazendo soltar um suspiro pesado.

—O que vai fazer depois daqui? Vamos nos juntar na casa da árvore de novo? —Indagou, me pegando de surpresa, porque ele não parecia muito feliz em dividir aquela casa com a gente.

—Eu não sei. Não combinamos nada. —Dei de ombros, esfregando a mão na testa. —Tenho que olhar minha fantasia pro baile. Você vai?

—Claro, qual a melhor companhia além de eu mesmo? —Ele abriu um sorrisinho, me fazendo rir. Aquilo era o tipo de coisa que eu esperava ouvir de Julian. —Você tem sorte, vai com a garota que gosta.

—Só falta ela gostar de mim também. —Afirmei, abrindo o portão do quintal da casa de Natalie e entrando. Julian riu atrás de mim, balançando a cabeça em negação.

—Ela gosta, cara. Pode acreditar que ela gosta.



Continua...

Como conquistar Victor Summer / Vol. 3Where stories live. Discover now