Esposa de Mentirinha (Jensoo)

O Dia que Virei uma Ladra

— Você parece uma merda.

Lisa parou de fazer babyliss no meu cabelo e me olhou pelo espelho da minha suíte. Seus olhos estavam vermelhos, os lábios pálidos e a cara de quem não tinha dormido nada durante a noite. Eu não estava de ressaca, mas, de alguma forma, seu rosto refletia o meu. Lisa estava me ajudando a me preparar para a cerimônia, assim como fez quando eu estava prestes a me casar com aquela lacraia aproveitadora da Irene, dezesseis anos antes.

— Obrigada por avisar, Jennie, eu achava que vomitar até minhas tripas a madrugada inteira me faria parecer uma das finalistas do Miss Universo no dia seguinte – debochou, revirando os olhos, e continuou a arrumar meu cabelo – Você também parece uma merda, à propósito.

— Eu sei, eu me sinto uma merda.

— Deveria mesmo.

A mais nova não estava nada feliz. Lisa não disse com todas as palavras, mas não era surpresa que ela não concordava com a minha decisão. Apesar do fato de que foi ela quem abriu aquela boca grande e contou a Doyeon sobre a aliança. E eu nem sequer tinha comprado a porcaria da aliança! De qualquer maneira, Lisa se mantinha firme em sua posição de que eu deveria ficar com Jisoo.

— Lisa, por favor – fechei os olhos, suspirando pesado – Agora não.

— Eu não ia falar nada! – mentiu, dando de ombros, e murmurou baixinho – Mas você está cometendo um grande erro.

— Lisa...

A tailandesa fez uma careta. Eu não disse a ela uma palavra sobre minha conversa com Jisoo, porque isso só pioraria as coisas. Lisa não era exatamente a melhor conselheira e suas opiniões seriam como a canção de um disco arranhado.

O resto do tempo que passamos no processo de preparação foi em silêncio. Minha mente não estava muito organizada, girando em torno de pensamentos vazios. Lisa fez perguntas sobre como eu queria minha maquiagem, mas não consegui tomar nenhuma decisão. Momentos depois, Rosé apareceu no banheiro, vestida num lindo vestido branco e longo, cheio de flores amarelas, cabelos presos e maquiagem suave. Lisa suspirou tão pesadamente que pensei que ela fosse desmaiar.

— Você está absolutamente deslumbrante, meu amor – disse minha prima, sorrindo – Eu te amo.

— Eu também te amo, querida, obrigada pelo elogio.

Rosé se aproximou para beijar Lisa. Fingi que ia vomitar para fazê-las parar. A loira riu, pegando a paleta de sombras da mão da namorada e empurrando-a gentilmente pelos quadris. Lisa não protestou, completamente abobalhada pela presença da australiana.

— Vai se arrumar logo, eu termino aqui. Seu vestido está passado e pendurado num cabide atrás da porta.

— Obrigada, amor, você é a melhor – elas deram outro selinho – Viu, Jen? Isso que é ter uma mulher que se importa com você de verdade. Não seja idiota, ainda dá tempo de...

— Vai se foder, Lisa.

Joguei um pente na direção da cabeça dela, que desapareceu do meu quarto na mesma hora. Rosé estava sorrindo e balançando a cabeça em negação quando me fez fechar os olhos para terminar o trabalho que minha prima havia começado. Ela não disse nada durante o processo inteiro, mas eu meio que desejei que ela dissesse.

Eu estava me sentindo solitária.

— Jennie, olha pra mim.

Abri os olhos. Rosé tinha uma expressão suave no rosto, mas estava tão séria como nunca a vi. Engoli em seco, tendo um forte pressentimento do que estava por vir. Ela afastou da bancada a bagunça de batons, prendedores de cabelo e toda a sorte de objetos de beleza e se sentou sobre a pedra de mármore ao lado da pia.