Na Terra do Avatar

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Na manhã seguinte, Doyeon praticamente teve que me arrastar para fora da cama. Nem era hora do café da manhã ainda! Muito a contragosto, coloquei a roupa que ela havia separado para mim: biquíni, calça legging, regata e tênis de caminhada. Doyeon se vestiu do mesmo jeito, e como ela estava muito gostosa, parei de reclamar.

- Pra onde estamos indo? - choraminguei, já no saguão - Está tão cedo!

- Se anime, vovozinha - ela brincou - Eu inscrevi a gente no dia de aventura do hotel. Vamos fazer trilha, conhecer a natureza e, no final, ir numa cachoeira linda!

- Cachoeira? - me animei um pouco - E como vai ser isso? Vamos nadar peladonas?

Um pigarro chamou minha atenção. Era Jisoo, fazendo tranças no cabelo de Ella. Lisa estava praticamente dormindo no ombro de Rosé, que parecia tão animada quanto Doyeon. Cooper, como sempre, só estava sentado lá com sua típica cara de mafioso.

- Eu preferiria que todo mundo mantivesse suas roupas de banho - Jisoo disse, sem me olhar.

Deixei um suspiro escapar, apertando a mão de Doyeon levemente.

- Então, a família pesadelo vai também?

- Pra nos...

- Nos conhecermos melhor - interrompi - É, eu entendi.

Assim que Jisoo terminou de trançar os cabelos da filha e, em seguida, os de Rosé, saímos para o dia de atividades. Doyeon prometeu que estava levando lanches para fazermos um piquenique na cachoeira. Tentei me comunicar com Jisoo, mas ela não ficou do meu lado em momento algum, e parecia estar evitando fazer contato visual comigo a qualquer custo.

- Tem certeza que estamos no caminho certo? - indaguei, em certo momento.

Uma ponte de cordas e tábuas se estendia sobre o rio lá embaixo. Mesmo de longe, dava para ver que algumas partes estavam podres e caindo aos pedaços.

- O preço da diária é mais caro do que os tênis feios da Rosé, e eles não consertam essa ponte - reclamei, no final da fila - Essa coisa é segura?

Rosé olhou para trás e me mostrou o dedo do meio. Encolhi os ombros, com cara de inocente. Os tênis dela eram mesmo horríveis. A culpa não era minha se Rosé era uma daquelas riquinhas facilmente feitas de trouxa pelas vendedoras das lojas de grife.

- Não se preocupa, Jen, o pessoal do hotel me garantiu que é seguro - Doyeon gritou lá da frente - Vamos lá, pessoal!

Começamos a atravessar a ponte em fila indiana. Ela balançava de um lado para o outro, e eu duvidei mil vezes durante o trajeto de que aquilo era seguro. Jisoo, na minha frente, apertava as mãos tão forte nas cordas, que os nós de seus dedos estavam brancos. Ela tinha medo da altura.

- Soo, você está bem? - perguntei baixinho, preocupada.

Jisoo não respondeu nada, só sacudiu a cabeça sem nem olhar para trás. O silêncio dela estava me incomodando, mas não iria insistir em ter sua atenção naquele momento. Quando estávamos no meio da ponte, um cara de cabelos compridos e camisa floral gritou da margem oposta, lá embaixo:

- O que vocês estão fazendo? - soou divertido - Essa ponte só aguenta uma pessoa de cada vez!

Bastou isso pra que todo mundo começasse a gritar e a correr. Como eu estava por último, fui a última a processar a informação. Quando todo mundo já tinha atravessado, a tábua na qual eu estava não aguentou o tranco e, BUM, se partiu em três. Caí com tudo, sentada no pedaço que sobrou, sentindo uma dor enorme na Jenniezinha. Lisa voltou rindo e me puxou pelo braço, me carregando para a terra firme.

Esposa de Mentirinha (Jensoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora