Turbulências, Diárias de Hotel e Outras Coisas que me deixam Louca

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Eu tinha ótimos motivos para preferir viagens de carro. Um deles e, talvez, o mais relevante, era que eu morria de medo de voar. Não era só aquele friozinho na barriga de quando o avião decola, mas era o medo irracional e apavorante de estar presa dentro de uma caixa de metal a milhares de metros de altura.

Como minha falta de sorte parecia estar maior nos últimos tempos, pegamos bastante turbulência durante o voo. Meu corpo já estava inteiro dolorido, de tanto que fiquei tensa na poltrona. A cada solavanco da aeronave, meu coração parecia que ia sair pela boca.

Ao meu lado, Doyeon dormia tranquilamente. Atrás de nós, Rosé cochilava nos braços de Lisa, que também dormia. Na fileira do lado, Ella estava assistindo filme, enquanto Cooper
jogava tranquilamente em seu videogame portátil. Eu não conseguia entender como eles não estavam se importando com todo aquele sacolejo.

Desatei o cinto de segurança e me levantei, cambaleando, para ir ao banheiro. Precisava urgentemente jogar uma água fria no rosto, ou iria desmaiar ali mesmo. Passei por Jisoo, sentada mais no fundo, que me olhou preocupada. Como Lisa comprou a passagem de última hora, acabou ficando com um assento longe de nós, mas Jisoo aceitou trocar de lugar para que ela pudesse viajar perto de Rosé.

– Porra…

Gemi baixinho, suando frio, assim que me tranquei dentro do banheiro minúsculo. Outra turbulência me fez agarrar a borda da pia com força. Consegui abrir a torneira e molhar o rosto. Prendi o cabelo e joguei um pouco de água na nuca. Eu não me lembrava da última vez que viajei de avião, mas me lembrava do porque evitava.

Era tortura.

Ficar dentro daquele cubículo apertado era tão ruim quanto ficar sentada na poltrona. Joguei água nos braços, sem me importar se molharia a roupa ou não. Céus, quando eu havia me tornado tão claustrofóbica? Uma batida na porta me distraiu.

– Jendeuk?

Era Jisoo.

– Jennie, está tudo bem? - a voz dela soou abafada do outro lado - Você já está aí há muito tempo… estou preocupada.

Destranquei a porta, e, com um pouco de dificuldade, Jisoo entrou no banheiro minúsculo. Apenas alguns palmos nos mantinham longe uma da outra, mas a presença dela me acalmou. Jisoo arregalou os olhos e falou baixinho:

– Você está mais branca que um mandu cru - sussurrou, exasperada - Sente falta de ar?

– Um pouco - resfoleguei - Minha cabeça dói.

Abri a torneira de novo, jogando água no rosto de um jeito atrapalhado. Poucas coisas no mundo me deixavam tão mal quanto estar dentro de um avião. Me senti quente, quase pegando fogo, e, num ato de desespero, puxei desajeitadamente a camisa pela cabeça.

– Me ajuda, Soo.

Implorei, quando a blusa se enroscou. Senti Jisoo fechar a distância entre nós. Suas mãos se arrastaram pelos meus braços, me dando arrepios por todo o corpo, e ela conseguiu tirar a peça de roupa de mim. Estava frio dentro do pequeno toalete, mas eu me sentia ferver.

– Você não está nada bem - ela murmurou - Nada bem, Jennie…

As bochechas de Jisoo ficaram vermelhas e ela desviou os olhos. Não me importei muito de estar apenas de sutiã na frente dela, apesar de sentir a cabeça girar. Daquela vez, eu tinha certeza que não era por causa do pânico de voar.

Uma turbulência mais forte sacolejou a aeronave, empurrando Jisoo na minha direção. Consegui segurá-la antes que nós duas acabássemos estateladas, mas isso fez Jisoo ficar perigosamente perto. Suas mãos foram parar na minha cintura, e nossos narizes ficaram a milímetros de distância.

Esposa de Mentirinha (Jensoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora