Capítulo 11 - O caco que brilha em vermelho

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- Carlos POV -

Que porcaria, como é que alguém que tem a minha cara consegue me irritar tanto? Eu juro por Deus que se eu pudesse trancar as portas, eu trancaria o Camilo dentro do próprio quarto.

- Pensando bem, isso não iria funcionar já que nossos quartos são conectados. -

Eu pensei em voz alta enquanto me lembrava desse detalhe. Que se dane, eu trancaria o meu quarto também se fosse pra manter o Camilo preso, além disso, eu tenho outros lugares onde posso ficar além do meu quarto. Se bem que seria mais fácil só amarrar ele, né? Eu sacudi a cabeça pra afastar esses pensamentos desnecessários e então entrei no quarto da tia Julieta.

O quarto inteiro é, de forma resumida, um laboratório químico gigante. Há várias mesas repletas com vidrarias de química, diversos tipos de elementos desconhecidos pela ciência e equipamentos especializados para produção e análise de fármacos mágicos, os quais tia Julieta usa como tempero na hora de preparar sua comida.

Se considerar apenas as mesas químicas onde ela trabalha, o quarto dela seria o segundo menor de todos, maior apenas que o quarto da Dolores, mas se considerar os corredores lotados no fundo, o quarto da tia Julieta se torna um dos maiores, atrás somente do quarto do Camilo, do Antonio e do meu. Esses corredores são relativamente longos e possuem prateleiras lotadas com todos os tipos de ingredientes conhecidos e desconhecidos e possuem placas escritas "IP" numeradas de um até 15 para sinalizar cada um deles.

E antes que pergunte, não, eu não sei o que IP significa, o máximo que posso fazer é deduzir que é uma abreviação para "Ingredientes Perfeitos", pois com eles a tia Julieta faz comida qualquer coisa, e se isso não for uma comida perfeita preparada com ingredientes perfeitos, eu não sei o que é.

- Tá, corredor IP12, prateleira da esquerda, pote A113. -

Eu repeti as instruções de tia Julieta em voz alta enquanto encarava as placas dos corredores uma a uma até achar a placa IP12. Eu caminhei até o corredor respectivo da placa e comecei a olhar os potes na prateleira esquerda, lendo cada rótulo em busca do A113 que a tia Julieta pediu, mas como sei que ler um por um na velocidade normal vai demorar muito, eu decidi usar minha Super Velocidade para ler todos os rótulos de uma única vez, encontrando o que estava procurando em apenas um segundo, mas isso foi um erro. Eu corri tão rápido pra procurar o que a tia Julieta me pediu que o deslocamento de ar causado pela minha corrida fez as prateleiras balançarem.

- Mierda... -

Eu xinguei enquanto via alguns potes caírem de suas prateleiras, mas eu usei minha Super Velocidade para pegá-los ainda no ar e então colocá-los de volta no lugar, repetindo esse processo algumas dezenas de vezes até todos os potes serem postos de volta em seus respectivos lugares e não correrem o risco de cair.

- Ufa, consegui... -

Eu suspirei aliviado por não ter deixado nada cair no chão. Esses ingredientes são uma dor de cabeça pra limpar e eu que teria que limpar caso deixasse algo cair. Então eu peguei o pote A133 e o joguei no ar pra fazer, pois estava me sentindo confiante, o segurando facilmente por causa da minha Super Velocidade.

- Poderia ter sido um desastre. -

Eu disse enquanto começava a caminhar tranquilamente pra fora do corredor, mas eu dei apenas dois passos antes de parar abruptamente quando ouvi o som de vidro caindo no chão soar bem atrás de mim. Eu juro por Deus que meu coração bateu mais rápido que asas de beija-flor quando eu ouvi o baque de vidro contra o chão atrás de mim. Eu lentamente me virei para a origem do som, uma expressão preocupada que esperava por uma bagunça decorando meu rosto, mas tudo passou em um instante quando vi que era apenas um caco de vidro vermelho brilhante que tinha caído.

O Gêmeo Maligno - PausadoWhere stories live. Discover now