Capítulo 7 - A melhor cerimônia de todas - Parte 2

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- Carlos POV -

Respirando fundo antes de se virar pra multidão, Abuela logo começou a falar:

- Cinquenta anos atrás, no nosso momento mais sombrio, essa vela nos abençoou com um milagre. E a maior honra da nossa família tem sido usar nossas bênçãos para servir a essa comunidade tão amada. Esta noite, nos reunimos novamente enquanto mais um dá um passo em direção à luz para nos orgulhar. -

E então a cortina de flores e abriu pra revelar Antonio, que estava estático enquanto todos o aplaudiam e os ladrilhos do pátio da Casita mudavam de cor pra formar uma passarela vermelha pra ele. Logo em seguida, a Casita apontou as velas pra meu hermanito e as usou como holofotes. Antonio parecia nervoso e um pouco assustado, completamente imóvel enquanto todos olhavam pra ele com alta expectativa.

Aquilo imediatamente me levou de volta pra minha Cerimônia do Dom, quando eu tava na exata posição do Antonio, alvejado por olhares constantes e inquietantes, esmagado pela expectativa de todos, assustado com a possibilidade de algo dar errado.

- "Tonito..." -

Eu chamei por meu irmão mais novo com preocupação mentalmente enquanto ansiedade começava a tomar de conta de mim. Eu senti meu coração acelerar, senti minhas mãos tremendo e algumas gotas de suor começaram a se acumular na minha testa. Eu me senti um pouco tonto e estava começando a sentir náuseas, que droga.

- "Agora não... Por quê...?" -

Eu me perguntei em pensamento enquanto tentava me controlar, sentindo minha respiração ficar levemente. Mesmo que não seja minha cerimônia, é como se eu tivesse revivendo aquilo tudo de novo, e isso é horrível, extremamente horrível. Eu sinto como se tudo fosse dar errado a qualquer momento, e tudo o que eu quero fazer agora é fugir pra La Guarida.

- Ei. -

Eu ouvi um sussurro fraco atrás de mim junto de um aperto no meu ombro, olhando pra trás e vendo Camilo me encarando um tanto quanto preocupado.

- Vai ficar tudo bem. -

Ele sussurrou de forma tranquilizadora, mas eu lhe dei um olhar cético em resposta e então perguntei:

- Como tem tanta certeza? - (Sussurrando)

- Porque estamos juntos, nós dois. - (Sussurrando)

Ele respondeu com um sorriso gentil enquanto segurava minha mão pra me acalmar, como no dia da nossa Cerimônia do Dom. Aquilo realmente teve efeito, eu já não me sentia tão mal quanto antes, e mesmo que eu ainda esteja um pouco receoso, eu já estou bem mais calmo graças ao meu irmão.

- Obrigado. -

Eu agradeci de forma quase que inaudível, mas Camilo conseguiu ouvir mesmo assim, pro meu azar.

- Como é? Eu não ouvi direito. - (Sussurrando)

- Eu não vou repetir! - (Sussurrando)

Eu apertei a mão do Camilo com um pouco de força, não o suficiente pra fazer ele gritar, mas o suficiente pra fazer ele sentir dor.

Eu não vou admitir isso pro Camilo, mas eu fiquei realmente feliz dele ter notado como eu estava e eu fiquei realmente agradecido pelo o que ele fez.

Eu afrouxei o meu aperto e então voltei a olhar pro Antonio, vendo Mirabel caminhar até o lado dele e então segurar sua mão. Eu pude ouvir o murmúrio de alguns aldeões, surpresos com a presença de Mirabel, que simplesmente olhou pro Antonio e disse:

O Gêmeo Maligno - PausadoWhere stories live. Discover now