O Gêmeo Maligno - Pausado

Capítulo 1 - Uma nova manhã, dez anos depois

- Carlos POV -

Dez anos se passaram voando, quase tão rápido que eu mal pude acompanhar... Bem, sim, mas na verdade não. Depois que eu recebi o meu Dom, meio que tudo ficou lento demais pra mim, então os últimos dez anos daminha vida foram o maior teste de paciência da história. Alguns dizem que o dia é pequeno demais por ter apenas 24 horas, mas quando se é capaz de correr dezenas de vezes acima da velocidade do som, meros 24 segundos podem levar uma eternidade, então essas pessoas são sortudas do dia ter "apenas" 24 horas. A minha sorte é que a paciência é uma das minhas maiores virtudes, apesar do que eu deixo transparecer, mas vamos logo ao que interessa.

Eu abri meus olhos lentamente e depois me sentei na minha cama, esfregando meus olhos antes de estirar os braços e soltar um bocejo alto para enfim tirar meu lençol de cima de mim e então me levantar, usando minha Super Velocidade para tomar banho, cada quarto tem um banheiro próprio (vamos fingir que isso é cannon), em apenas alguns segundos.

Ainda com uma toalha enrolada na minha cintura enquanto eu terminava de secar meu cabelo com uma segunda toalha, eu caminhei até a cômoda do lado da minha cama e então peguei minha ruana vermelha, indo logo em seguida para o meu guarda roupa para pegar algumas roupas limpas, mesmo sabendo isso era desnecessário, pois todas as minhas roupas são iguais: uma camisa branca de mangas compridas, uma ruana vermelha, uma calça preta e sandálias pretas também.

O Camilo usa as mesmas roupas que eu, e o guarda roupa dele também é cheio de roupas iguais, mas a diferença é que a ruana dele é amarela ao invés de vermelha. Esse negócio de usar roupas iguais foi algo que nós combinamos quando ainda tínhamos quatro anos de idade, nós fizemos isso pra pregar uma peça nos nossos pais pra fazer eles pensarem que eu era o Camilo e vice-versa. Foi muito divertido, e quando percebemos que poderíamos enganar qualquer um a qualquer hora com essa brincadeira, nós tornamos isso permanente, mas hoje em dia já da pra perceber algumas diferenças entre nós, quer dizer, além da ruana vermelha que eu uso, é claro. Por exemplo: eu sou o mais alto entre nós dois, eu tenho 1,68 de altura e o Camilo tem 1,65 de altura, e os meus olhos são vermelhos enquanto os do Camilo são verdes. De qualquer forma, eu acho que é uma boa ideia sair do meu quarto agora, ou então minha mãe vai brigar comigo de novo por dormir demais, ou alguém pior vai fazer isso.

Tirando a toalha da minha cintura e então vestindo minhas roupas em menos de um segundo, eu caminhei rápido até minha porta e cheguei nela também em menos de um segundo, saindo do meu quarto calmamente enquanto fechava a porta atrás de mim e respirava fundo antes de descer até a cozinha para tomar café, obviamente dando bom dia para a foto do Abuelo Pedro pendurada na parede das escadas.

- Será que ainda dá tempo de fazer a minha ronda matinal? -

Eu me perguntei enquanto me estirava novamente e então bocejava, indo até uma das gavetas da cozinha para procurar por uma caneca, mas não conseguindo encontrar nenhuma. Eu procurei nas prateleiras e nas gavetas mais baixas, mas ainda assim não consegui encontrar nada. Com um gemido leve de aborrecimento, eu perguntei à Casita enquanto começava a me levantar:

- Casita, pode me trazer uma caneca? Eu não consigo- ai! -

Enquanto me levantava, eu bati com a cabeça em uma das gavetas da cozinha, mas eu tinha certeza que tinha fechado a gaveta em questão. Enquanto esfregava minha cabeça na área em que tinha batido ainda com um pouco de dor, eu olhei para a gaveta, como uma maneira de encarar a Casita, com um gemido irritado. Como vingança, eu me preparei para bater a gaveta com força, pois sabia que a Casita tinha feito aquilo de propósito, mas antes que eu faça qualquer coisa:

- Carlos? -

Abuela me chamou, me encarando com um olhar neutro, mas erguendo uma sobrancelha quando me viu prestes a bater a gaveta. Eu fechei a gaveta calmamente, apesar de não querer, e então respondi: