LXIII

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Passo água pelos meus punhos tentando voltar a mim e olho em meus próprios olhos no espelho. É como se Neithan estivesse brincando comigo desde a hora que chegamos.

Como ele ordenou que eu ficasse aqui encima.  Decido ir para o lado oposto das escadas, caminho pelos corredores largos cobertos por um tapete vermelho de canto à canto. Havia quadros com gravuras de todos os tipos e todas as cores. Dobro mais um corredor e meneio a cabeça assim que vejo fotos de pequenas crianças.

Supus logo que o garotinho vestindo azul era Dylan no canto da foto e o outro com uma cara séria lembrava os traços de Neithan. Procuro por Antony nas fotos, mas não o encontrei em nenhuma delas, apenas Clarisse ao lado de Carlos com os dois filhos que não pareciam nada felizes.

Caminho mais um pouco encontrando uma foto muito maior e o olhar de tristeza dos dois parecia ainda maior. Aqui, eles deveriam ter no máximo seis anos.

— Caralho, fica quieto porra! — A voz indaga e eu procuro de onde vem.

Caminho lentamente para o barulho dos saltos não ecoar no chão e logo vejo a janela no fim do corredor aberta. O moreno puxava uma corda com muita força ao que tudo indicava, me aproximo um pouco mais mas logo paro assim que a arma é apontada para mim.

— Não! — Exclamo e logo os olhos conhecidos param sobre os meus.

— Porra, é você! — Benedict fala a baixando no mesmo instante — O que faz aqui em cima?

— Neithan mandou que eu ficasse aqui. — Falo e o mesmo levanta as sobrancelhas como se entendesse.

— Aproveitou para ver o show de horrores que é essa família? — Ele questiona.

— O que está fazendo? — Pergunto o vendo ainda segurando as cordas.

— Um serviço para o seu marido. — Ele as solta e eu ouço um baque no lado de fora seguido de um guincho de dor masculino.

— É uma pe-...

— Acho que já pode descer. — Ele aconselha.

— Não, Neithan d-...

— Tudo bem, eu já terminei o trabalho então provavelmente vocês já irão embora. — Ele da de ombros e se senta na beira da janela mandando algo pelo telefone antes de me olhar novamente — tenha uma boa noite, Sra. Lucchese.

— Boa-..

Abro a boca para o responder, mas antes ele pula de onde estava. Arregalo os olhos incrédula e caminho até a janela vendo que ele sumiu.

— Mas que-...

Mais uma vez o telefone liga e eu fecho a janela em minha frente antes de ler a mensagem.

"Onde você está?" — Neithan.

Guardo o celular na bolsa e caminho de volta para o encontrar, acelero meus passos um à um cada vez mais, mas paro assim que não consigo lembrar o caminho de volta.

Droga...

Entro no corredor da direita e caminho por todo ele, passo meus olhos pelos quadros mas não eram os mesmos... céus.

— Não, Não, não... como você se perdeu sua tonta?

Corro de volta para onde estava, mas paro assim que o terno preto surge no final do corredor. Engulo em seco assim que Neithan meneia a cabeça de forma irritada e aperta o celular entre os dedos, algo nele estava sombrio.

Escuro e nebuloso, os olhos pareciam muito mais escuros e seu semblante parecia a personificação do mal. Como se apenas ódio dominasse seu corpo.

— O que eu disse quando entreguei o aparelho a você? — Ele questiona e sua voz ecoa sombriamente entre as paredes do corredor me fazendo extremecer.

La famiglia Lucchese - Neithan.Onde histórias criam vida. Descubra agora