Capítulo 18 - Closet.

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"Chegamos aqui da maneira difícilTodas aquelas palavras que trocamosÉ de se admirar que as coisas quebraram? — Seafret"

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"Chegamos aqui da maneira difícil
Todas aquelas palavras que trocamos
É de se admirar que as coisas quebraram?
— Seafret".

Nós seguimos até seu carro, passando por uma caminhonete que realmente carregava um jetsqui, onde mais dois adolescentes tentavam o retirar. E só quando alcançamos nosso automóvel, Lauren se veste.

— Eu ainda estou molhada, pode entrar no carro assim mesmo? – Os bancos eram de couro, logo, não estragariam com a água, mas pergunto por desencargo de consciência.

— Por favor – Lauren abre a porta, e eu faço o mesmo. Nós entramos, ela joga seu sapato no banco de trás, e confere as notificações no seu celular. – Vamos?

Ela bloqueia a tela, sem abrir nenhuma das notificações, e eu concordo, apoiando minha cabeça no vidro da janela.

Lauren liga o rádio, e não conversamos tanto assim no caminho. Eu estou perdida no meu mundinho, querendo sorrir a cada instante por ter a beijado de novo. Por ter estado com ela de novo. Por saber que não nos perdemos.

Acho que volto atrás no que disse. Talvez, Lauren e eu fomos as pessoas certas que nos encontramos na hora errada, e, agora, estávamos tendo outra chance para nos reconhecer.

Eu a olho várias vezes pelo canto do olho. Seu cabelo recém molhado cai livremente pelo ombro, a dando o especto praiano mesmo. Não sei contar todas os finais de tarde que voltavamos assim pra casa depois de um dia inteiro na praia.

Quando o carro para ao lado da entrada da minha casa, eu me viro para Lauren, e repouso a cabeça no banco, e ela faz o mesmo. Eu sabia que iríamos nos encontrar outra vez, tinha certeza daquilo, mas algo em mim pedia para ver seu rosto mais um pouco.

— Você está dormindo sozinha esses dias? – Ela me pergunta, em um tom baixo, enquanto levava a mão até minha franja, para ajeita-la.

Eu me sinto estranhamente bem com uma simples arrumação sobre mim vinda da parte dela.

— Estou, Austin não voltou pra cá desde o que aconteceu – meu ombro formiga ao me lembrar daquilo. – Não precisa se preocupar.

— Você fala como se eu realmente fosse parar – ela retira seu cinto para conseguir se aproximar e deixar um beijo demorado na minha testa, e um selar nos meus lábios em seguida. – Entra, vou esperar até que você esteja lá dentro para ir.

Como aquela mulher conseguia me fazer sentir segura com um beijo na testa?

Eu concordo, pincelando seu queixo para a deixar outro selinho, que acaba se transformando em um beijo de despedida temporário. Senti saudades.

Quando eu a deixo, Lauren está sorrindo, e esse sorriso não se cessa após eu abrir a porta e sair do carro. É estranho e reconfortante ter a mesma sensação que eu tinha quando sai em um encontro com ela pela primeira vez, e ela me deixou em casa. Estava abobada, me sentindo leve.

Eu olho pra trás para gesticular um tchau com as mãos, e no momento em que retorno, e abro a porta de casa, é como se cada borboleta que havia se criado no meu estômago essas horas que ficamos juntas tivesse perdido o efeito. Não se trata de nada que eu tenha visto, ou lembrado, e sim, sentido. Como uma sensação ruim.

Não tenho certeza se é porque, depois do que houve com Austin, Lauren foi minha única parte boa desse início de semana, e retornar à casa me fez lembrar o domingo. Mas, mesmo assim, não arrisco.

— Ei, Laur – eu volto pra trás, até conseguir me desbruçar na janela do carro –, pode ficar aqui até eu conferir a casa? Tive uma sensação estranha, talvez não seja nada, mas só pra ter certeza.

Lauren franze o cenho, e saí do carro antes de me responder. Ela o contorna, e, de onde estávamos, se estica para enxergar algo lá dentro.

— Você quer que eu entre com você?

— Não precisa, não acho que seja nada, mas também não quero arriscar – Lauren concorda, um pouco desconfiada.

— Pode ir, eu espero.

Sabendo que Lauren estaria logo ali, na porta, com o quadril apoiado em seu carro e os braços cruzados, eu entro em casa com mais confiança. Vasculho todo o andar de baixo, acendendo as luzes de todos os cômodos. Chego até mesmo a conferir a garagem e o porão, sem pressa para não deixar nada passar despercebido.
Quando passo pela porta aberta para alcançar as escadas, vejo Lauren ainda do mesmo jeito que eu tinha a deixado, porém, com o telefone na orelha, conversando algo com alguém, e imagino que seja a respeito de trabalho.

Eu subo os degraus correndo, como uma mania, e o quarto de hóspedes, que se tornou de Sofia é o primeiro que vasculho. O cômodo que defini como biblioteca pessoal com minhas coleções de livros e uma poltrona para leitura é o próximo, e, quando chego no meu quarto, já estou mais tranquila.
Acendo a luz, e está tudo da mesma forma que deixei.

Suspiro aliviada, mas minhas desconfianças ainda me fazem adentra-lo completamente e dar um passeio de vistoria. Balanço o pano da cortina, olho em baixo da cama, adentro o banheiro, e chego até mesmo a dar uma espiada na banheira. Tudo limpo.

Meus músculos começam a se relaxar, e eu me sento na cama antes de descer para avisar Lauren que estava tudo bem. É quando eu reparo a luz do closet acesa. Uma luz que eu não havia deixado quando sai.

Meu coração dispara instantaneamente, e eu engulo em seco, mas parece que há navalhas descendo pela minha garganta.

— Porra – sussurro, e sou rápida e desajeitada devido ao nervosismo ao revirar minha bolsa atrás do meu telefone. Já estou trêmula.

Não penso em correr para fora, pois Austin poderia ter saído do meu quarto enquanto eu vasculhava o banheiro. Ligar para Lauren subir, ou ao menos a deixar na ligação caso Austin apareça seria a melhor opção.
Quando alcanço o celular, estou mais tremula do que pensei, o que dificulta o processo de desbloquear a tela e encontrar o número de Lauren.

— Se passou três dias, e você já está beijando ela na porta da nossa casa?

Em Outra Vida, Talvez?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora