minha vida não é só minha

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Stéfani:

Depois daquela curta conversa e troca de afeto, Mirella dormiu por horas seguidas. Eu fiquei ali até anoitecer, observando cada detalhe seu... até que Muryllo chegasse com Bianca. Eles ficariam com ela por um tempo, o suficiente para que eu fosse em casa. O relógio já mercava 19:40 da noite quando eles chegaram, e então mais limpo pude ver seu rosto machucado, com alguns cortes mínimos e marcas arroxeadas.

- Stéfani: Está tudo bem? - questionei ao notar sua expressão.

- Muryllo: É... só um pouco de dor, mas está tudo bem. - ele respondeu apontando para o punho com marcas de uma mão aparentemente masculina.

Estava vestido em um conjunto moletom preto, a cor discreta e o capuz ajudavam esconder bem as marcas de luta e sua identidade, evitando assim, que fosse fotografado.

- Muryllo: Come algo, ok? - ele pediu, segurando minha mão. - Prometo que vai ficar tudo bem.

Olhei pra Bianca por uns instantes e ela sorriu de canto, quase não notável. Muryllo me abraçou e eu pude me sentir confortável naquele mesmo segundo, ele era especial pra mim de certa forma. Mesmo que fosse o causador da tragédia em minha vida, ele trouxe tudo que nunca imaginei, mas que precisava.

(...)

Quando fui pra casa, tive que sair rapidamente pela saída e entrar em um dos carros luxuosos de Mirella, qual Joe havia trago pra mim. Assim eu podia ter mais autonomia e privacidade, estando sozinha. O hospital estava pouco movimentando e já não havia tumulto lá fora, e esses fatores facilitaram minha saída.

Aquele carro tinha seu perfume marcante inebriando cada parte dele, aquilo emanava como salvação.

Rafa:

Quando Stéfani chegou pude ver sua feição cansada, ela fechou a porta com a chave e colocou a bolsa sobre um móvel na entrada do hall. Prendeu os cabelos loiros em um coque rápido e levou as mãos ao rosto para respirar fundo.

- Rafa: Eii... Eu e Madelaine fizemos algo pra você. - mencionei após abraçá-la como cumprimento.

- Stéfani: Obrigada. - ela agradeceu em uma tonalidade moderada.

Havíamos feito uma comida brasileira pra ela, Madelaine havia vivido os últimos anos no território e podíamos dizer que ela conhecia a cultura. Ao menos o suficiente pra fazer algo típico. Bem... a internet também ajudou a gente, de certa forma.

Ela olhou nos olhou com os olhinhos marejados e um sorriso deslumbrante. Nos abraçou carinhosa e sussurrou questionando: "Por que vocês são assim?".

Recebi um beijo no rosto antes de mencionar me retirar.

Eu costumava passar maior parte do tempo em repouso, já que eu me sentia pesada e isso exercia muito de mim. Minha gravidez não tinha sido tão fácil, me recordo das incontáveis vezes em que Bianca ou Lipe ficaram no hospital comigo pelas dores de cabeça ou contrações involuntárias fora do tempo.

- Stéfani: Descansa, ok? Bianca vai voltar e ficar com você. - ela disse paciente.

Bem, eu já estava em semana de parto. Poderia ocorrer a qualquer momento, e estar sozinha não me ajudaria nem um pouco. Madelaine ultimamente tinha se aproximado muito de mim, nos dávamos bem, ela era incrível; inteligente e compreensiva. Mesmo que com pouca idade, já carregava uma responsabilidade absurda. Sempre estava de olho quanto a gravidez, as vezes me ajudava com os remédios ou só ficava próxima de mim, proporcionando apoio.

Madelaine:

Stéfani ficou um tempo abraçada a mim e por fim ela começou a chorar, silenciosamente. Mesmo que minha mãe estivesse bem, ainda era tudo muito novo e complicado. Em um momento estávamos reunidos e felizes, no outro ela estava hospitalizada e nossas vidas se tornaram uma bagunça.

La MáfiaWhere stories live. Discover now