Moeda

1.5K 142 7
                                    

Bianca:

Aquele início de noite foi difícil. Vi a preocupação no rosto de nossa mãe assim que voltou pra casa, o cansaço emocional em Rafa e a inquietação em Stéfani.

A garota morena trazida da Colômbia que sempre costumava estar paciente e focada em algo ocupante, agora andava pela casa observava qualquer coisa em busca de algo que lhe interessasse para tirar o foco.

(...)

Mirella:

Era fim de tarde e eu tinha acabado de chegar a Colômbia. Lipe me guiava pelos corredores do bunker com cerca de 7 homens fazendo minha segurança. Por mais que eu ordenasse tudo ali, imprevistos poderiam acontecer e minha vida podia sim ser colocada em risco.

Adentrei uma sala parcialmente escura, Lipe
se afastou ficando próximo a parede e cruzando
os braços para trás, em descanso. Os 5 homens
ficaram ao seu lado enquanto 2 mantinham a
segurança na porta fechada. Todos os 7 portavam
armas de alto calibre, bem... eu estava segura.

O silêncio era tremendo, tanto que eu podia ouvir a
minha respiração.

As luzes foram acesas e no fim da sala notei
Henrique acorrentado, as correntes se prendiam na
parede o mantendo de braços abertos e ajoelhado
no chão.

- Mirella: Ainda tem fetiche em adolescentes? -
questionei provocativa e ele se manteve sério.
- Eu desenvolvi o fetiche de torturar antes de
matar. - comentei enquanto escolhia um adereço
torturante em uma pequena bancada móvel a
poucos metros do homem.

Virei de frente pra ele e senti o medo nos seus
olhos, suas mãos trêmulas e acorrentadas me
mostravam seu temor.

- Henrique: Você é tão abominável quanto eu.. - ele
disse falho. - Tão abominável quanto seu papai
querido...

Sorri involuntariamente me agachando a sua altura. Ele me olhou nos olhos, esperando que eu falasse, e assim o fiz.

- Mirella: Você armou a chacina da própria família quando resolveu encostar seu corpo imundo na minha irmã contra vontade. - ele me olhava fraco, indefeso. - Você armou guerra quando veio atrás da minha família, e por isso vou te fazer sofrer como só eu posso. Afinal... sou filha do "papai querido". - ressaltei.

Ele abaixou a cabeça, fechando os olhos depois que me afastei, peguei uma moeda dentro de uma bolsa de grife que eu carregava, me agachei outra vez. Segurei firme em seu maxilar, mantendo contato visual.

- Mirella: Vamos tirar na moeda... - eu disse divertida e ele me olhou paciente. - Se cair "cara" eu peço que drenem seu sangue e te sufoco nele até a morte... e se, cair "coroa" eu te espanco até ficar fraco e te mato em seguida da forma que eu escolher.

- Henrique: As duas formas te beneficiam. - ele disse óbvio e falho.

- Mirella: É eu sei... mas gosto de me divertir com elas. Ultimamente tenho caído no costume e é entediante...

Lipe:

A moeda foi jogada e Mirella olhou sorridente quando Henrique notou a posição da maldita moeda e a encarou nervoso.

(...)

Bogotá - Colômbia. 16:52 da tarde...

Mirella:

Henrique estava morto, dentro de um saco jogado ou enterrado em qualquer lugar do mundo. Espancado brutalmente por mim, e morto com um tiro em seu rosto depois de tanto sofrimento.

Seus gritos de dor ainda rondavam minha memória, seu choro ainda me relembrava a sensação de estar naquela sala. E o alívio me deixava bem... o alívio de saber que agora Bianca tinha um dos maiores pesos em suas costas vingado.

Meu corpo sujo de sangue demostrava a atrocidade que eu tinha feito. O chuveiro em água fria foi ligado e eu fechei os olhos deixando a água percorrer meu corpo e levar com ela o vermelho sangue e o cheiro ferroso do líquido.

Deslisei pela minha própria pele uma quantidade
necessária de sabonete líquido de um cheiro
atípico e doce. Retirando de mim todas as
impurezas e marcas sanguíneas insistentes...

Depois de um tempo, mãos femininas tocaram
minha cintura, um corpo nu se colou ao meu
enquanto me abraçava por trás. Senti seu cheiro
marcante e suas deliciadas mãos passearem
pelas curvas do meu corpo.

- Amanda : Se sente melhor? - sua voz delicada soou
como um calmante.

Respirei fundo e senti seus lábios beijarem meu
pescoço com cautela.

(...)

Stéfani:

Sentada naquela cama eu me dava conta da
bobeira que eu tinha feito. Provavelmente
minha mãe enlouqueceria só de sonhar que eu
estava pensando numa psicopata de formas
maravilhosas...

Ela me olhou sincera e eu me rendi como uma idiota, querendo acreditar que no fundo daquele coração egoísta, duro e frio pudesse criar um pequeno espaço.

Ela só tinha milhares de personalidades e usava uma delas comigo. E isso me frustrava.

Eram poucos dias e poucos beijos, mas eu havia me entregado com boas intenções e talvez seu pensamento não fosse o mesmo.

Talvez eu esperasse demais de algo tão raso... vindo de alguém tão vazio.

Por alguns segundos me permiti fechar os olhos e sentir seu cheiro doce no moletom em que eu vestia. Seu primeiro sorriso bobo depois do nosso beijo rondou minhas memórias, seu toque na minha cintura depois de descer aquelas escadas...

droga, eu estava me apaixonando por uma assassina.

(...)

Mirella:

Virei-me de frente para Amanda, e quando olhei em
seus olhos não encontrei o Verde que esperava.
Sua feição não era a mesma, seu toque não era
igual e sua pele não me fazia arrepiar. Não era ela.

Aquela calmaria ao sentir sua chegada havia
passado, e agora eu só sentia, inquietação é culpa.

Me afastei

Ela não tinha aquele olhar doce, a fala gentil ou o
jeito atencioso e encantador.

- Amanda: O que foi? - ela me questionou paciente.

- Mirella: Não quero. - ela assentiu em silêncio,
se aproximou lentamente e voltamos a antiga
posição.

- Amanda: Estou a sua disposição, queira me
carnalmente ou não... podemos beber um vinho ou
só ficar aqui em silêncio. Ok? - ela disse atenciosa
e eu assenti em silêncio.

Eu queria, só não conseguia... não era Stéfani ali.
E por mais que eu tentasse negar, a alguns dias
involuntariamente ela já vinha me controlando.

La MáfiaWhere stories live. Discover now