Capítulo 80 - Juramento de Médica

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Faziam anos que Takina, agora médica, tinha se dedicado ao grande objetivo de estudar e cuidar da condição raríssima que tinha acometido sua esposa Chisato, isso quando ela era mais nova. Por sorte faziam anos que que a saúde de Chisato era cada dia melhor e de que nada do passado pudesse dar o menor indício de alterar a saúde agora.
Mesmo assim Takina continuou estudando e estudando, cuidando da esposa e analisando meticulosamente tudo isso bem de perto.
E depois de tanto tempo, esse esforço investido havia se mostrado necessário.
Ainda que não para Chisato.

"Ok... Eu vou dar uma olhada nos documentos que você me enviou por e-mail e conversar com a minha família, e depois lhes informo da minha decisão" Takina disse antes de desligar o telefone. A garota ainda pegou o Tablet que estava a mão e fez uma leitura dinâmica de toda informação que pôde, até que Chisato entrou no quarto.
"Que ligação longa... O que aconteceu? A Erika estava com saudades?"
"Era exatamente ela que ligou"
"Nossa, que coincidência, o que ela queria?"
"Por favor, sente aqui, precisamos conversar"
"Ih, é coisa ruim?"
"Talvez, mas quero conversar adequadamente com você antes"
"O que aconteceu exatamente?"
"Bom, apareceu uma garotinha com a mesma condição rara que você tinha"
"Oh meu deus, coitadinha"
"Pois é, e talvez a situação dela seja um tanto mais grave e complexa do que foi a sua"
"Oh não, e agora? Eles pediram algum conselho seu?"
"Então... Eles pediram que eu tome conta do caso da garota"
"Sério?"
"Sério mesmo, eu reafirmei que ajudaria, mas questionei sobre minha real necessidade de chefiar todo o caso"
"Eu acho que entendo, você estudou tanto a fundo sobre essa condição de saúde, que meio que a sua participação é crucial no caso né?"
"Mas eu prometi pra vocês, que ia ficar e ver minhas filhas crescerem, cuidar delas, cuidar da minha família..."
"Bom, olha aqui meu amor" Chisato pegou a mão da esposa e colocou sobre seu peito "Eu lembro perfeitamente bem quando você prometeu pra mim que faria medicina para poder cuidar de mim, cuidar de quem precisava... Está sentindo meu coração não é? Saudável, batendo com toda saúde possível... você cuidou de mim durante todos esses anos, pesquisou, estudou, fez de tudo que era possível e imaginável, e eu estou bem, aliás, mais do que bem... Talvez agora esteja na hora de você ajudar outra pessoa que esteja precisando também."
"Mas eu..."
"Quando eu fiquei doente eu tinha você, doutora Yamagishi, tantos médicos e enfermeiros que puderam me ajudar, agora tem uma outra garotinha que precisa de ajuda de alguém capacitada, que estudou uma vida toda sobre o assunto..."
"Você tem certeza?"
"Claro, eu dou conta aqui em casa, tenho certeza que vão nos ajudar também a sua irmã, as meninas do LycoReco, meus pais, nossas filhas não vão ficar desamparadas"
"Bem pensado, vamos falar com elas sobre isso, é de suma importância que elas saibam"
"Sim, você tem razão"
"Se Shion entender, então eu estarei de completo acordo" disse Takina, antes de ir explicar para a filha sobre tudo isso e ser completamente compreendida pela criança.

"Queridas, especialmente você Shion que pode entender melhor, precisamos contar algo" disse Takina, sentando no sofá da sala. Chisato a acompanhou pegando Chika no colo, enquanto Takina abraçou Shion.
"Aconteceu algo ruim?" Shion sempre muito atenta sondava as mães enquanto perguntava.
"Não, nada disso, mas é que..." Chisato estava tentando achar as palavras certas. "Você lembra que eu falei uma vez que tive um probleminha no meu coração e que depois que me curaram eu fiquei ótima?"
"Lembro sim" respondeu prontamente Shion.
"Então, apareceu uma outra pessoa que tem a mesma coisa que a mamãe Chisato teve" disse Takina tentando passar seriedade.
"E você vai ajudar essa pessoa né?"
"Sim, é claro" Takina foi pega de surpresa como a própria filha engajava no assunto tão prontamente.
"E por que isso seria um problema?" Shion retrucou a pergunta confusa.
"Bom, eu teria que ficar alguns dias longe de vocês"
"Mas a mamãe é uma super médica, ela tem que ajudar quem precisa né?" disse Shion, com uma maturidade que pegou tanto Takina quanto Chisato de surpresa. Essa definitivamente não era uma resposta que imaginava vindo da filha tão nova.
"Sim, não sei quanto a parte de ser uma super médica, mas eu preciso ajudar a pessoa que necessita nessa situação"
"Ótimo" Shion levantou do colo, se virou e deu um beijo na bochecha da mãe "Você vai conseguir mamãe"
A única reação que Takina pôde ter foi abraçar a filha de volta.
"Mesmo que eu fique longe durante esse tempo, eu vou estar sempre pensando em você, em todas vocês, tá bom?" disse Takina emocionada.
"Claro, eu também vou" Shion era fácil e direta com as palavras, igual sua mãe Chisato.
"Veja bem, a mamãe Chisato vai cuidar de vocês, e mesmo quando ela não estiver, os vovôs vão estar, a titia Yuyu vai também, Kurumi ou Mizuki, vocês nunca estarão sozinhas ok?"
"Claro, eu prometo que vou cuidar da Chika também" Shion fez um sinal de positivo e aquela imagem foi tão poderosa que deu a confiança que Takina precisava para seguir os dias seguintes.

"Bem Vinda de volta Doutora Takina" uma enfermeira emocionada disse antes de todas as demais pessoas da equipe.
"É bom vê-las de volta aqui, ainda que eu quisesse que o meu retorno fosse em condições melhores, mas enfim, esse é o ofício do médico" Takina disse com um sorriso amarelo no rosto. Junto com a equipe recepcionando a médica estava Doutora Yamagishi, Doutora Sievers e Doutora Erika, todas as principais médicas super gabaritadas esperando Takina, o que fazia a importância da médica esposa de Takina ser maior ainda.
"Ter essa recepção com três grandes profissionais como vocês aqui só me faz me sentir mais bem quista ainda" revelou Takina.
"Jamais poderíamos dar conta disso sem você" disse Erika saudosa.
"Literalmente, você é a maior especialista do Japão nessa doença, ninguém se debruçou e se especializou nisso do que você" Mel completou.
"E sinto dizer, isso é maior do que todas nós já vimos, precisamos de toda ajuda possível" Yamagishi completou.
"Certo, por isso mesmo eu pedi para vocês me encontrarem mais cedo, antes de eu me encontrar com a garota, tem algumas coisas que precisamos analisar juntas" disse por fim Takina "Eu ainda tenho uma sala que possa usar?" perguntou Takina tentando suavizar a situação.
Mas de fato, ela era bem tensa, até mais do que Takina havia visto na noite anterior que havia se debruçado nos exames da menina que havia adoecido.
"Esses estágios são bem mais preocupantes do que ocorreu com Chisato" revelou Takina.
"Sim, quando ela teve a primeira crise dela, Chisato era um pouco mais velha e foi possível tratá-la apenas com medicação, isso claro, até quando..."
"Tiveram que fazer o transplante" Takina completou a frase da colega Yamagishi. "E quando foi que a garota apresentou o primeiro sintoma e a crise?"
"Supostamente sintomas ela não tinha até então, o incidente foi em uma atividade física na escola, que ela sentiu uma dor no peito e falta de ar..." disse Erika.
"Nenhum exame prévio detectou nada?"
"Não, ela não tinha feito nenhum tipo de exame médico cardíaco específico" Yamagishi disse.
"Normal, ninguém nunca pensa em submeter uma criança à uma análise cardíaca na infância, qualquer sintoma também é mascarado por um cansaço mais pesado por brincarem demais, até isso ser tarde demais" pontuou bem Mel.
"Bem lembrado, brincar demais... Alguma de vocês perguntou sobre os hábitos de brincadeira da criança?" perguntou Takina, recebendo o silêncio revelador das outras três mulheres. "Perfeito, vamos agora para o quarto da Kaori"

"Bom dia Kaori, te acordamos?" disse Erika tentando ser simpática. Deitada na maca uma garota loira de aparência frágil mas feliz sorriu de volta.
"Não, eu já estava acordada" Takina imediatamente reconheceu aquele sorriso antes, em uma mesma garota loira que sorria para não transparecer seus próprios sentimentos.
"Que bom, me deixa apresentar a sua nova médica"
"O que? Você vai me deixar Doutora Erika?"
"Não, não... Ela veio ser mais uma médica pra cuidar de você, ela é expert na sua condição e vai ajudar a cuidar de você melhor do que ninguém"
"Muito prazer, meu nome é doutora Takina Nishikigi-Inoue" Takina respondeu sorridente também.
"Uou, você é linda doutora" disse a menina.
"Muito obrigada" respondeu Takina meio sem jeito. "Como você está se sentindo hoje Kaori?"
"Muito bem, todo mundo me trata tão bem aqui..."
"Você sabe que não precisa ser formal e educada só porque estamos cuidando de você né? Tudo bem ser sincera com seus sentimentos e tudo mais..."
"É... Eu realmente tô bem, M-mas..." a garota parecia vacilar pra falar "Depois de um tempinho que eu tomo remédio eu fico mais cansada sabe?"
"Sim, sim, tudo bem se sentir cansada, querida" Takina sentia compelida em consolar a garotinha. Não era do seu habitual cuidar de pacientes jovens e crianças no geral, então tudo aquilo era novidade. "Você se lembra quando passou mal pela primeira vez? De como você se sentiu?"
"Não muito, eu estava bem e de uma hora para outra eu simplesmente senti muita dor no peito e apaguei, quando acordei já estava no hospital"
"Você é de Osaka né? Desde que transferiram você para cá você não sentiu mais nada parecido?"
"Não, só esse cansaço que não passa"
"Entendo..." Takina fez uma breve anotação e voltou a conversa "antes disso, você lembra de sentir um cansaço anormal, ou algo parecido?"
"Não, eu sempre brinquei muito e não sentia nada"
"Quando você jogava queimada, pega pega ou atividades parecidas, você era quem era atingida primeiro?"
"Sim, na maioria das vezes... Eu nunca fui muito boa nessas brincadeiras"
"Nunca?" insistiu Takina.
"Não, meus amigos inclusive me chamavam de 'Kaori lerda'" riu a menina disfarçando a frustração.
"Entendi... Mas isso não é algo que você deveria se sentir mal, algumas pessoas são mais ou menos atléticas, isso não altera o valor de ninguém" disse Takina motivando a menina. "O futuro é amplo, cheio de possibilidades, aposto que depois que resolvermos tudo isso, você estará plena e saudável pra decidir ser o que você quiser ser"
"Sério?"
"Claro" respondeu Takina arrancando enfim um sorriso sincero da garota.
"Bom, por enquanto você tem que ficar aqui quietinha até o remédio fazer efeito e a gente cuidar de você, tá bom?"
"Tá bom!" respondeu a menina mais motivada. "Ah doutora Takina, muito obrigada".
"Obrigada você por se motivar" respondeu a Médica de volta.

"Então, chegaram os últimos exames dela?" perguntou Takina assim que as quatro médicas retornaram pra sala de reuniões.
"Sim, a deterioração está avançando mais rápido do que o previsto." disse Erika bem preocupada.
"Isso é muito estranho, todos os casos que analisei no mundo eram mais lentos e demoraram mais anos para se manifestarem nos pacientes, a própria Chisato teve anos desde a primeira crise até quando não teve mais solução a não ser o transplante"
"E conseguimos lidar com remédios por todo esse tempo, agora parece que a mesma medicação usada em todos os casos anteriores não surtem o mesmo tipo de efeito" Yamagishi mencionou.
"Vocês estão medicando ela com isso desde a crise?" quis confirmar Takina.
"Sim, desde que ela deu entrada no hospital de Osaka" disse Mel.
"Não tem jeito, mesmo não tendo os exames detalhes precisamos nos debruçar sobre o que possuímos no momento... Erika, você consegue pedir todos os exames que a Kaori pode ter arquivado no hospital de Osaka?"
"Todos?"
"Sim, vamos ter que procurar a agulha no palheiro, seja lá qual for essa agulha, tudo isso correndo contra o tempo" disse Takina sincera.
"Doutora... Você acha que ela... tem muito tempo?"
"Eu quero acreditar que sim" respondeu Takina pensativa "achar um transplante compatível com ela nessas condições, sendo ela tão nova é muito mais raro do que foi com Chisato, então devemos nos agarrar em todas as condições possíveis que acharmos... E vamos conseguir!" disse Takina realmente motivada.

Porém, essa motivação toda diminuía mais a cada relatório médico que saía, e a cada exame que Takina analisava.
"Aumentamos a medicação, mas isso parece apenas segurar o avanço da degradação... Vamos precisar incluir ela na lista de transplantes, não tem jeito" disse Mel sem querer parecer pessimista, mas já sem saber o que dizer.
"Eu... Acho que é a solução final que temos, mas eu ainda não quero desistir" Takina falou.
"Ninguém aqui quer desistir, mas precisamos estar preparadas para tudo, isso que é ser médico" disse a veterana Yamagishi.
"Sim, vocês estão certas... Podem incluir o nome dela, eu vou dar a notícia para os pais, avisar dos riscos, das chances, o protocolo de sempre" Takina disse desanimada.
"Você tem certeza? Se quiser eu posso fazer isso e..."
"Não Erika, pode deixar, eu sou a médica titular responsável pelo caso afinal" Takina falou se levantando da mesa e deixando as dezenas de folhas impressas em que ela estava debruçada há dias.
Na porta do quarto estavam os familiares e Kaori na cama lendo calmamente um livro.
"Ah, doutora Takina, seja bem vinda" disse a menina, sorrindo. Aquele mesmo sorriso falso estampado em um rosto pálido que ela lembrava em seu passado que a Chisato fazia dia após dia.
"Boa noite, eu vim aqui para avisá-los que continuamos analisando os efeitos da medicação mas queríamos informar que no estágio atual da condição de Kaori o transplante já é uma possibilidade real e que a garota será inserida na lista de espera de um coração novo" disse Takina de uma só vez, sem rodeios "Contudo, é importante que vocês saibam que isso é um processo demorado, com certo grau de risco e todos os meandros que o acompanham..." e ela começou a explicar os detalhes técnicos envolvidos para a família.
Enquanto tudo isso acontecia a expressão séria da família contrastava com o pouco de relaxamento que Kaori ia ficando. Até que ela se deitou na cama e relaxou os ombros, chamando atenção de todos no recinto.
"Kaori, você..."
"Doutora, depois que vocês trocaram meu coração eu vou estar cem por melhor né? Livre de hospitais, vida nova, pronta pra voltar a fazer tudo como antes..."
"Sim, é o que esperamos e..."
"Me falaram que você é a maior especialista do assunto, você curou outras pessoas disso?"
"Na verdade, não curei, essa é uma condição muitíssimo rara mas eu estudei tudo que podia ter sobre ela"
"Por que você estudou especificamente essa doença?" Kaori ficou curiosa. Takina sentiu que não precisava esconder nada naquele momento.
"Olha, quando eu estava na escola eu estive em um quarto hospital nessa mesma situação, segurando as mãos da pessoa mais importante da minha vida, e eu prometi que se ela se curasse eu me tornaria médica pra cuidar dela e ajudar outras pessoas como ela"
"Eu no caso" disse Kaori.
"Exatamente"
"E como ela tá hoje? Essa pessoa mais importante da sua vida?" perguntou Kaori mais curiosa ainda.
"Ela está bem... Na verdade ela está muito bem, saudável, feliz, correndo igual uma atleta, cuidando das filhas..."
"Doutora Takina, ela é a sua..." Kaori perguntou apontando para o anel na mão de Takina.
"Sim, é a minha esposa, a minha Chisato"
"Ah, então eu sei que vai ficar tudo bem" Kaori deu de ombros, pegou o livro que havia deixado de lado na maca e voltou a abri-lo. Aquilo deixou até Takina surpresa. "Eu tenho absoluta confiança em você doutora Takina, sei que vai acabar tudo certo então"
"Obrigada pela confiança Kaori, prometo que você vai ficar bem" prometeu Takina, sem saber como iria cumprir aquela promessa.

De volta à sala de reuniões Takina foi informada que a garota havia sido aceita na lista, ainda que a prioridade fosse bem baixa.
"O jeito vai ser esperar agora" falou Mel. Mas Takina não pareceu dar ouvido e voltou ao monte de folhas que havia deixado em cima da mesa. "Pera, você vai continuar nisso?"
"Sim ué, eu preciso ver se não deixei passar nada"
"Takina, você está há quase uma semana fazendo isso, só foi pra casa uma vez... Pelo amor de Deus, vai passar uma noite em casa por favor" Mel disse revoltada.
"Não, eu ainda..."
"Você nada, uma médica cansada e debilitada mais atrapalha do que ajuda... Vai pra casa descansar um pouco, beijar sua esposa, abraçar suas filhas, tomar um banho e dormir em uma cama de verdade" Mel disse ainda indignada, depois se virando para Erika "liga pra Chisato, fala pra ela vir buscar a esposa".
Depois dessa comoção toda, Takina apenas aceitou o que as três colegas de trabalho haviam mandado.

"Tão ruim é?" perguntou Chisato.
"Muito... O seu caso era fichinha perto dessa garota, e tão nova... Mas o que mais me frustra é aquele sorriso de acalento que ela tem, igual você mesma fazia, quando não quer deixar ninguém preocupado, mas você mal parava de pé"
"Eu não sei de nada disso" quis desconversar Chisato.
"Não vem com essa não, eu enxergava perfeitamente isso em você Senhora Chisato"
"É, não confirmo nem nego, mas isso é passado... Estou ótima e perfeita, e aposto que a garotinha também vai melhorar"
"Eu queria ter o seu otimismo" confessou Takina.
"Isso é o que tenho de melhor, se a gente não acreditar que tudo vai ficar bem, então já aceitamos a derrota sem lutar"
"Você tem toda razão amor, vou recarregar minhas baterias hoje com vocês, e amanhã vou reenergizada começar de novo... Só vamos evitar esse assunto quando chegarmos em casa tá? Só quero ficar abraçada com você e com as nossas meninas"
"Fechado!" concordou Chisato, que ao abrir a porta foi atacada por Shion, que teve que ser contida até que sua mãe estivesse de banho tomado e livre de qualquer germe hospitalar.

"Que saudades eu estava de estar vocês duas" Takina abraçou as filhas na cama agora.
"Ei, e eu?" Chisato perguntou enciumada.
"Ok, de vocês três" Takina respondeu, afrouxando o abraço que estava dando nas duas filhas "Vem cá você também"
"Obrigada" Chisato disse quando entrou no abraço.
"E como foram esses dias para vocês?"
"Mamães, eu preciso confessar algo antes de tudo... Hoje eu deixei a Chika subir no galho da árvore lá fora, eu fui uma péssima irmã, um péssimo modelo de..."
"Ei ei, perai, você tá muito agitada, aconteceu alguma coisa com vocês duas?"
"Não, eu subi no galho e tirei ela de lá" esclareceu Shion.
Takina ficou ponderando se daria uma bronca ou o quanto ela teria aumentado na história toda, enquanto isso Chisato deu um riso curto.
"O que foi?" perguntou Takina.
"Não foi a primeira vez que a Chika subiu nesse galho, eu já deixei ela sem querer escalar ali"
"Você o que?" perguntou Takina surpresa.
"Eu estava cuidando das meninas já fazia um tempo, e a baixinha começou a escalar o galho mais baixo, ali parecia suficiente baixa pra aprender a subir e ficar na altura da gente... Culpa dessa árvore cheia de ramificações baixas"
"Então não fui eu que..." Shion suspirou aliviada.
"Não, quer dizer sua irmã é inteligente, mas um bebê não ia aprender a escalar tão rapidamente... A nossa querida aqui já vinha aprontando dessas"
"Mas mesmo assim, uns instantes antes ela me viu subindo, ela deve ter ficado com isso na cabeça..."
"Talvez, mas o que importa é que você a tirou de lá e repreendeu a atitude dela certo?" disse Takina.
"Sim, foi o que eu fiz"
"Então está ótimo, é isso o papel que irmãs mais velhas fazem... Nem sempre você vai ser um modelo de perfeição, mas para isso que você tem que estar lá também, para zelar pela segurança e o bem estar dela"
"No mais, era uma quedinha baixinha, menos de um metro de altura, tá seguro" relativizou Chisato.
"Mesmo assim, era uma altura que um bebê pode se machucar" ponderou Takina.
"É, mas... Tá de boas, ninguém se machucou, Shion não deixou a Takina cair e tá tudo bem..."
"Chisato... Você deixou a nossa filha cair do galho?"
"Olha, não acho que isso..."
"Chisato!??" Takina insistiu.
"Amor eu..." antes que Chisato pudesse esclarecer o mal entendido e afirmar que nunca deixaria a filha cair, uma voz interrompeu todas as pessoas no ambiente.
"Mana..."
Uma voz nova, uma voz que se direcionava na direção de Shion.
"Mana!"
"Espera, ela...?" Chisato arregalou os olhos.
"Sim, são as primeiras..." Takina cobriu a boca em emoção.
"Mana! Mana!" Chika saiu rolando na direção de Shion e novamente imitando a irmã, pulou se jogando nos braços da irmã mais velha "Mana, mana!"
"As primeiras palavras da Chika foram..."
"...Mana!"
Chisato e Takina estavam verdadeiramente emocionadas, uma enorme coincidência, como tantas que já fazia parte da rotina na vida dela delas, a filha dizer suas primeiras palavras na presença das três. Nesse período conturbado cheio de coisas para pensar e um caso tão complexo para se resolver no hospital de Takina, ter podido presenciar a primeira palavra da filha, e justamente ser a filha mais nova chamando a filha mais velha, era a demonstração maior de amor que Chisato e Takina poderiam querer ou sequer imaginar.
Não importassem as dificuldades que fossem passar, elas teriam forças sempre para superar qualquer barreira.
Takina estava certa disso, e estava completamente recarregada para mais um dia no hospital.
Mais do que isso ver as filhas saudáveis que ela batalhava tanto para cuidar, a fez ter um estalo.
"Chisato!"
"Sim?"
"Telefone. Agora"
"C-claro" Chisato até se assustou com a disposição da esposa e pegou rápido seu celular.
Takina não se demorou e digitou na busca o nome da colega de hospital. Mas não era nenhuma das colegas de trabalho dos últimos dias.
"Alô, é a Lynn? Preciso falar com você"

Notas: Fazia tempo que eu não tinha uma história que o plot se estendia além de um capítulo dessa maneira com clifhanger e tudo, mas tá aí, não pretendo contar muitos detalhes dos acontecimentos desse capítulo nessas notas de hoje, vou deixar pra comentar alguns detalhes no próximo capítulo mesmo.
O que eu gostaria de usar esse espaço na verdade é pra esclarecer algo que a minha péssima memória já tinha esquecido de vir comentar e prestar uma satisfação a vocês.
Vieram perguntar sobre meu estado da tendinite e já estou bem meljor, recuperada das dores e apenas tratando em casa mesmo com bolsa de gelo quando começa a doer. De fato, em anos escrevendo e editando (e jogando vídeo game, ninguém é de ferro xD) na frente do PC, nunca tinha tido uma crise de tendinite tão pesada e limitante, por isso mesmo reduzi bastante atividades não essenciais para não me prejudicar (Isso quer dizer que eu considero escrever fanfic como algo relativamente essencial, estou me dando conta agora enquanto estou redigindo isso xD minha psicóloga estava certa 😅).
Enfim, agradeço MUITO por todos que estiveram preocupados comigo durante esse tempo todo, prometo que seguirei me cuidando e tentando entregar mais capítulos dessa família Chisataki que eu tanto gosto de escrever. Prometo também que ainda tenho bastante coisa pra contar sobre a vida delas.
Btw, falando em família, eu assisti um anime novo essa semana chamado Oshi no Ko, que muitos devem conhecer do mesmo criador de Kaguya-sama, e meu deus como fiquei impactada/obcecada, facilmente uma das melhores primeiras impressões que tive nos últimos tempos, espero que continue nesse ritmo do primeiro episódio. Enfim, fica a recomendação para quem quiser assistir (infelizmente não tem no Brasil, quem quiser assistir precisa pegar uma carona num barco pirata)
Por hora é isso, muito obrigada quem leu até aqui e todos os comentários recebidos ♥.

Fonte da capa do capítulo
https://twitter.com/fafayu_0425/status/1645387971296919552?s=19

Lycoris Recoil High SchoolWhere stories live. Discover now