Capítulo 70 - Reabilitação

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 Adendo: um capítulo de importante relevância feminina saindo no 8 de março!
Feliz dia Internacional da Mulher, gente! ❤️🧡💛💚💙💜🤎🖤🤍

 
 
"Prontinha, esse é o último tubinho, já pode ficar tranquila" disse uma enfermeira muito feliz depois de tirar uma amostra de sangue da bebê Chika. 
"Muito obrigada senhora, você é uma profissional muito habilidosa" 
"O que é isso, a honra é toda minha, poder colher o sangue da filha da doutora Takina, o que mais nos deixa feliz é cuidar de uma criança tão linda e que não deu o menor trabalho." 
"Ela é maravilhosa né? Raramente chora, tá sempre feliz" disse Chisato como a mãe coruja e orgulhosa que era. 
"Ela é perfeita" Takina não ficava muito atrás. "por isso estamos fazendo todos os exames possíveis" 
"Mas eu morro de medo de injeção" disse Shion em seu cantinho. 
"Mas mesmo assim veio apoiar sua irmã, isso é muita bravura" disse Chisato "Mas quer saber filha, eu sou uma mulher crescida e morro de medo até hoje" 
"É mesmo mamãe" Takina riu da situação, apesar de achar muito fofo. 
Depois de tudo devidamente deliberado, as mulheres foram liberadas para voltar pra casa, como bem disse a enfermeira antes porem, ainda fazia pouco tempo que Chika havia tomado todas suas vacinas, então era recomendo que ela evitasse  permanecer em ambientes cheios de pessoas por muito tempo, e definitivamente ficar em um hospital era um desses. 
"prometo que mês que vem a gente faz uma tour pelo hospital para todas conhecerem a Chika" 
"Pode ter certeza doutora, todas aqui estamos ansiosas por isso" confirmou a enfermeira. 
No saguão Chisato teve a informação que Mika, que viria buscar as quatro garotas, estava preso no trânsito. 
"Que droga, tá um calor absurdo… acho melhor você esperar com as garotas lá dentro no ar condicionado" disse Chisato preocupada.
"Você tem certeza?" perguntou Takina igualmente preocupada também. 
"Claro, elas são pequenas, especialmente a Chika, e você não pode dar bobeira… eu não sou médica nem nada mas estou pedindo pra você" 
"Tá bom, você tem razão… Vamos garotas" Shion já estava comemorando. 
"Quando ele chegar eu aviso ok?" 
"Ok, pode deixar" 
Contudo, em alguma daquelas surpresas da vida, Chisato não poderia imaginar quem ela encontraria no imediato instante que ela estava parada. 
Um homem com uniforme da prefeitura passou recolhendo as folhas das árvores caídas, de longe Chisato se esforçou bem pra enxergar e tirar suas dúvidas, mas aquele cabelo verde era inegável. 
"Majima!" 
Ao ouvir seu nome ele se virou e então viu a mulher parada de frente na porta do hospital. De imediato ele ficou tão ou mais sem reação do que a garota, mas passou um instante e ele enfim se aproximou fazendo um sinal. 
"Não se preocupe, estou apenas limpando a cidade, como um bom cidadão reformado" disse ele mostrando o crachá de funcionário em reabilitação. 
Chisato ficou perplexa. Não pelo fato dele ter vindo falar com ela exatamente, mas por de fato vê-lo. Em uma cidade tão grande e lotada como Tokyo ela sequer cogitaria rever o antigo companheiro de atletismo em algum momento. 
Mas curiosamente, apesar de como ocorreram as coisas desde a última vez que eles se viram, Chisato não sentia nem nutria nenhum tipo de sentimento negativo mais. Aliás, não nutria sentimento algum. 
"E aí, como você tá?" Chisato perguntou, tentando manter um tom cordial na voz. 
"Eu tô de boa, fazer a limpeza da cidade faz parte do meu acordo para me liberarem em condicional…" Majima disse como se falasse de algo super trivial "Olha, eu vou falar sem planejar nem nada, mas preciso falar, como minha psicóloga me falou… Eu passei muito tempo refletindo e ponderando tudo que eu já fiz na vida, tipo tá ligado quando você tem tempo de sobra pra fazer? Então, eu pisei muito na bola, tipo, zuado mesmo, ameacei e fiz mal pra uma galera e não tô aqui nem pedindo seu perdão nem nada, eu só queria dizer que sinto muito e que isso jamais vai apagar as merdas que fiz contigo, mas enfim, sei lá, eu sou um merda sem redenção e… "
"De boa" 
"O que?" 
"Eu falei 'tá de boa'... Quer dizer, não tô falando que da pra ignorar a quantidade de coisas ruins que você fez nem nada disso, mas só do fato se você reconhecer seu comportamento e seus crimes, e estar tentando pagar por isso e se comprometer em melhorar, já é um sinal que você já está em outro caminho"
"Você acha?" 
"Eu não acho nada, tô imaginando pela sua psicóloga que você falou aí" Chisato deu de ombros" mas de mim você pode ficar tranquilo, não nutro mais ódio algum de você… Vida que segue, desejo que você encontre um bom caminho pra você na real"
"Hunf, confesso que imaginei que você fosse querer estourar minha cabeça com uma bala se um dia gente se reencontrasse" Brincou Majima. 
"Pessoas mudam e amadurecem, ou ao menos deveriam…" 
"Pois é, estou aprendendo isso… Mas e você, como anda?" 
"Bem… Na verdade, muito bem" disse Chisato engajando realmente uma conversa "Você tá vendo ali? A Takina?" Chisato apontou pela janela e Majima se espantou ao ver aquela imagem, de uma Takina tranquila cuidando de um bebê de colo enquanto casualmente conversa com outra criança "Essa é a minha família". 
Espantado com o que via Majima só teve uma reação automática possível. 
"Meus parabéns" 
"Valeu… Eu tenho muito orgulho do que eu conquistei mesmo" 
"Tem que ter mesmo, isso é mesmo incrível… Mais até do que aquele monte de recordes de corrida que você batia" 
"Hehe, eu acho que sim" 
"Bom, tenho que ir continuar varrendo senão meu supervisor me dedura pra minha agente da condicional" 
"Então melhor você ir mesmo" alertou Chisato. 
"Bom, foi bom te rever aí…" 
"Digo o mesmo" Chisato falou tirando um peso das costas. E ela imaginou que Majima também deve ter sentido isso "Ah, e o que falei é verdade, torço pela sua recuperação" 
"Valeu aí" Majima agradeceu com um olhar sincero. 
"E trate de ficar na linha" Chisato disse e ela respondeu com um sinal de continência, já se despedindo ao longe. 
"Quem imaginaria isso acontecendo… A Takina não vai acreditar quando eu falar, espera, ela vai acreditar e vai surtar de ódio…" Chisato pensou "O que vou falar…?" 
"O que você vai falar o que?" disse Takina imediatamente atrás dela. 
"Ah! Que susto" Chisato não havia percebido que a esposa estava bem ali ao seu lado. "O que vocês estão fazendo aqui fora?" 
"O seu pai mandou no grupo que estava chegando, você não viu?" 
"Não, foi mal, eu não reparei… aliás, você não vai acreditar no que aconteceu" Chisato não escondia nada da esposa, não seria agora que faria isso. 
Então ela contou todos os detalhes do fatídico reencontro com seu antigo algoz. 
 
"Sério? Você não tá brava?" 
"Por que eu estaria?" 
"Sério Takina? Você queria matar o Majima antigamente" 
"Bom, talvez no passado eu tivesse alguma restrição quanto a ele…" 
"...'alguma restrição'?" 
"Ok, eu não gostava dele, e ainda não tenho simpatia, mas isso é coisa do passado, ele cometeu severos crimes e tá pagando por ele até hoje, e se você disse que ele parecia completamente arrependido pelos atos, eu acredito em você" 
"E você não ficou brava por eu falar com ele?" 
"De maneira nenhuma… Você é uma mulher adulta e sabe perfeitamente lidar com qualquer coisa, além do que duvido que pelo seu senso de moral você fosse ignorar ele ter ido falar com você, ainda mais naquela situação… E nem preciso lembrar o quanto eu confio no seu julgamento"
"Então estamos bem?" Chisato quis confirmar. 
"Mais do que bem" 
"Por que eu tenho a sensação que você de alguma forma mágica você já sabia disso tudo?" Chisato matou a charada enfim. 
"Bom, pra ser sincera eu já sabia sim…" 
"Como???" 
"Passou na televisão uma matéria com o Majima, era alguma chamada do tipo 'ex-atleta da seleção Júnior é recuperado e tem segunda na sociedade' ou algo assim" 
"E porque você não me contou?" 
"Foi um dia antes de tudo começar a ficar maluco, da Chika nascer antes da hora e tudo mais… aí acabou depois disso tudo eu simplesmente esqueci" 
"Você esqueceu algo?" 
"Sim, autistas não fixam atenção a coisas que não consideram relevante"
"É, definitivamente o Majima é bem irrelevante pra você… Mas você acha que ele se tornou mesmo outra pessoa? Ele foi recuperado de fato?" 
"Bom, pelo que mostrou na TV ele tinha de fato um comportamento exemplar na prisão e tudo mais… E você disse que ele parecia uma pessoa melhor mesmo, então confio no seu julgamento."
"É sério?" 
"Claro que sim, você é muito boa em avaliar caráter, ainda que seja meio complacente… E acredita em segundas chances, então eu vou com a sua opinião" 
"Que ótimo" Chisato sorriu por ter 'tirado um peso da consciência' com a reabilitação do antigo colega de corrida. Mas Takina ainda tinha um olhar 'sereno' demais. 
"Tem coisa na sua cabeça ainda né?" 
"Você me conhece muito bem" Takina agora começava a digitar no celular. 
"O que você está fazendo?" 
"Tô aqui fazendo umas perguntas para nossa amiga ligada à lei, ordem e forças policiais" 
"Ah não… Você vai perguntar pra Chika pedir a ficha prisional do Majima?" 
"Não com essas palavras, mas com esse fim… Tenho impressão que ela pode nos ajudar" 
"Tenho a esposa mais precavida e preparada do mundo" Chisato seu de ombros e foi cuidar das filhas enquanto Takina tramava seu plano engenhoso. 
 
~
 
Dias se passaram e enfim, Chisato e Takina obtiveram a resposta. 
"Não consigo acreditar, é verdade mesmo… O miserável está reabilitado" 
"Não só isso, ele tem indicações suficientes para mentorear outros jovens em situação de reabilitação" 
"Sério?" Chisato seguia incrédula. 
"Sério… a lista e o laudo são bem extensos, melhor deixar pra gente ler na volta, senão vamos nos atrasar" 
"Com certeza" Chisato concordou. 
Nesse mesmo dia que Chisato e Takina colocaram as mãos na avaliação de Majima, era o dia de um grande campeonato nacional de hackaton que Kurumi iria participar. Ou melhor, Walnut, o nickname que ela usava no mundo virtual. 
"Bom passeio garotas" disse Mika, que ficaria encarregado de cuidar das netas enquanto Chisato e Takina iam torcer pela amiga. 
No local em si, um grande ginásio, dezenas de jovens estavam disputando sentados em seus computadores. Para leigos que vissem a cena era difícil entender o que estavam fazendo. 
"Até que enfim vocês chegaram" Mizuki estava recepcionando as amigas. 
"Como estão as coisas? Perdemos muito tempo?" Chisato perguntou. 
"Na realidade não, começou alguns minutos, mas esse é a primeira bateria" 
"Como funciona isso tudo afinal?" Takina quis saber. 
"Nem eu sei direito, mas aparentemente são três baterias de atividades que eles vão ter que se destacar programando. Não é só por tempo, ou quem acaba primeiro, mas quem faz o melhor em tempo e execução"
"Parece bem complexo" Takina concluiu. 
"Se a gente gritar por ela, será que ajuda?" perguntou Chisato 
"Acho que a gente vai tirar a concentração dela" disse Takina. 
"Mas tá cheio de gente gritando" reparou Chisato. 
"Você tem razão" Takina concordou. 
"Vai Kurumi!!" Chisato berrou lá do alto da arquibancada do ginásio. 
"HEY! O nome dela é Walnut esqueceu?" Takina deu a bronca. 
"Ih, verdade… Aqui eles só conhecem ela como Walnut" Chisato se corrigiu "Destrói eles Walnut!!" 
A garota parecia impassível, não se sabe se ouviu e ignorou ou se não tava prestando atenção mesmo. 
"Ela é super focada" reparou Chisato. "Mas e como a gente sabe se ela tá ganhando?" 
"Ali no telão tem uma espécie de barra de progresso que registra a pontuação atual" Mizuki esclareceu. 
"Então ela tá na frente… Mas por bem pouco, tem aquele outro cara ali muito colado nela…" Takina analisou. 
"Que raios de nome é Robota?" perguntou Chisato indignada. 
"Não sei, mas deve ser aquele maluco de capacete de robô na cabeça… aparentemente tá cheio de gente nova nessa competição" Mizuki falou. "Em outros anos a Kurumi já estaria disparada na frente, será que eles são tão bons assim?" 
"Ou tem algo errado com a Kurumi" Takina reparou. 
"Agora que você está falando…" Chisato ajeitou os óculos e Mizuki focou sua atenção na irmã. Ela parecia incomodada com algo. 
A competição seguiu acirrada até os instantes finais da primeira bateria, mas infelizmente Kurumi foi perdendo fôlego e Robota venceu a primeira das três baterias. 
"Eu vou falar com ela" Mizuki se levantou decidida. "Tem algo errado com a minha irmã" 
"Eu vou junto" Takina acompanhou a amiga. 
"O que? Esperem por mim" Chisato se levantou correndo e seguiu as duas. 
Entre as fases da competição havia cerca de meia hora de intervalo para os competidores descansarem em uma sala técnica, lá estava Kurumi em um canto próximo ao banheiro feminino. 
E foi só bater o olho que Takina já imaginou o que possa estar acontecendo. 
"Tá tudo bem com você maninha?" 
"Tá, eu só estou meio… Argh" Kurumi balançou a cabeça de frustração. 
"Você preciso expressar melhor o que significa o seu 'Argh'" disse Chisato tentando ajudar. 
Enquanto isso Takina estava olhando para os cantos. 
"Esses são todos os seus concorrentes, certo?" Takina mencionou. 
"Sim, alguns ficaram na mesa de competição, ou sei lá…" Kurumi deu de ombros. 
"E você tá aí parada na porta do banheiro feminino caso um cara alguém venha te incomodar, certo?" Takina instigou a questão tocando na ferida. 
"O que?" Kurumi se entregou "Como você…" 
"Você é inteligente, sua performance não é afetada a menos que alguém esteja fazendo algo com você… Estou certa?" 
"É… Tem alguém, mas eu estou resolvendo..." 
"Pois não parece" Mizuki disse meio incomodada "Minha irmã nunca se incomodou com essas coisas, bota pra fora" 
"Ah, é um otário idiota incel que odeia mulher que fica assediando as garotas e agora decidiu aparecer num campeonato de verdade e ficou me flodando de mensagens nojentas… Sei lá como ele conseguiu meu nome de verdade" 
"Meu deus fui eu que berrei da arquibancada!" Chisato se sentiu culpada. 
"Não, ele já anda fazendo isso faz um tempo, não é de hoje…" 
"E por que você não falou isso antes?" perguntou Mizuki. 
"Eu achei que ele era só um daqueles trolls de Internet, não imaginei que ele daria as caras em uma competição real" Kurumi realmente estava frustrada "Inclusive, imagino que o assédio em cima das outras garotas tenha feito elas desistirem do campeonato, reparou que eu sou uma das poucas mulheres aqui hoje?" 
"Que inferno!" esbravejou Kurumi. 
"O desgraçado é o tal do Robota né?" Chisato quis confirmar. 
"Sim, era meio óbvio pela máscara né?" Kurumi confirmou. 
"Sim, mas mesmo que ele estivesse usando a máscara do Mickey eu saberia que era ele, esses supostos valentões por mais que apareçam no mundo real, ainda são incríveis covardes…" 
"Kurumi, posso ver as mensagens que ele te mandou?" Takina pediu e Kurumi entregou o celular pra amiga ver "Que coisas horríveis… Sinto muito que você tenha que ver esse tipo de coisa" 
"Mas você sabe que ameaça de morte é crime né?" 
"O desgraçado é bom de cobrir rastros, ele não vai deixar que descubram que foi ele que mandou de verdade" Kurumi disse com um completo desânimo e descrença, e infelizmente ela tinha alguma razão. 
Mas Chisato e Takina tinham já alguma experiência em lidar com esse tipo de gente. 
"Bom, tem mais alguns minutos pra voltar pra segunda bateria de do campeonato, vou no banheiro… Você pode me acompanhar querida esposa?" Chisato disse olhando com firmeza pra Takina. 
"Mas é claro, vamos" Takina respondeu e as duas se dirigiram para a saída da sala de descanso. 
"Mas o banheiro é aqui atrás" Kurumi lembrou. 
"Ah, esse é pra vocês competidores, vamos no banheiro comum mesmo" Chisato disse "Ah, Mizuki cuida aí da sua irmã enquanto isso" e a mulher sentiu um tom de voz completamente diferente em Chisato. 
Elas tinham algo em mente. 
 
Ao lado do palco principal de competições havia um corredor de serviços que supostamente só poderia ser usado pelos funcionários do evento, mas ali estava parado um garoto com máscara de robô. 
Além da incrível inconveniência que ele causava estando em local proibido, a todo instante ele incomodava as funcionárias que ali passavam, deixando-as no mínimo constrangidas. 
O poder da impunidade e da anonimidade eram grandes aliadas dele criando uma coragem desmedida. 
Ao menos até aquele instante. 
"Yo, você ai" ele se virou para ver de onde vinha a voz. Do outro lado do corredor, de uma zona mais escura e vazia, com direito a luz piscando, duas figuras com postura altiva saíram das sombras. 
"Quem…" assim que ele se virou e deu de cara com a expressão séria e intimidadora da pessoa, ele automaticamente deu dois passos para trás. 
"Eu tô sabendo que você anda fazendo com as mulheres… isso não é nada legal" Chisato saiu das sombras se revelando ainda mais com sua postura intimidadora. 
"O que você tá…" 
"Xiu! Não te dei a chance de falar nada" Chisato interrompeu a fala do garoto "Eu conheço seu tipinho… Sabe o que eu fiz com o último igual a você que conheci? Nem queira saber" 
"V-você acha que me intimida?" 
"Não acho não, eu sei" Chisato ajeitou o óculos escura que estava usando para causar efeito "você, um baita valentão que não tem sequer coragem de tirar essa máscara fajuta, deve ser porque é feio de doer por baixo disso…" o rapaz ficou sem reação alguma com aquela Chisato intimidadora. "Vamos fazer o seguinte, eu vou deixar você voltar pra aquele palco lá porque sou uma boa pessoa, e se você parar com esse comportamento lixo e não assediar mais nenhuma garota eu posso até deixar isso passar"
"V-você vai fazer o que? A polícia não vai acreditar em nada que você…" 
"Hahaha polícia? Quem falou em polícia colega?" Chisato disse então puxando o óculos pra baixo e mostrando um olhar cheio de raiva. Aqueles olhos vermelhos cheios de raiva eram completamente intimidadores.
Era impossível saber como estava a expressão por baixo da máscara de Robota, mas era cem por cento de certeza que o garoto estava tremendo na base. 
"V-você acha que d-dá conta… De mim?" o rapaz tentou um último recurso como blefe. 
"Eu? Acho que consigo me divertir, mas na real, quer saber? Eu sou boazinha demais, eu te dei muitas oportunidades muito legais, se você não quiser colaborar comigo agora nessa segunda rodada já, quem vai vir falar com você de novo depois não vou ser eu, a pessoa legal… Vai ser ela" Chisato apontou para o canto escuro do corredor e de lá das sombras saiu Takina com a expressão mais séria e ameaçadora que ela sabia fazer "Acredite em mim garoto, você não quer ver a MadDog brava, pq ele é um cachorro louco descontrolada" 
Aquilo tinha sido mais do que suficiente, o hacker covarde se tremia de medo visivelmente. 
"E aí, como vai ser? Negócio fechado?" Chisato esticou com a mão. 
"S-sim…" 
"Sim o que?" 
"Sim, senhora, sim senhora, acordou fechado" 
"Bom rapaz, aprende rápido… Agora vai lá, e trate de pedir desculpas pra todas as mulheres que achar no meio do caminho" 
"Sim sim… Sim senhora" e ele saiu correndo. 
Tao logo virou a esquina e foi pra palco, Chisato e Takina caíram no riso. 
"Meu amor, você devia ter feito teatro, o mundo perdeu uma excelente atriz" Takina parabenizou a esposa. 
"Eu sei, eu sei, quando preciso atuar como alguém brava eu sou a melhor… Mas você também foi incrível, a intensidade que você transmitiu sem falar uma palavra, excelente atriz" 
"Na real eu só fui séria como eu mesma" revelou Takina "Essa mesma expressão que eu usei durante a minha vida toda pra espantar homem desgraçado de perto" 
"Então fico feliz que você tenha usado esse talento todo em prol do bem" sorriu Chisato "Vamos voltar logo pra nossos lugares, mas lembre, temos que manter nossa expressão intimidadora agora hein?" 
"Pode deixar" 
 
Havia começado a segunda rodada e todos estão de volta ao seus lugares, Chisato, Takina e Mizuki na torcida enquanto os demais competidores em seus postos. 
"O que vocês fizeram?" perguntou Mizuki. 
"Você vai ver huhuhu" riu Chisato ainda no visual de mulher intimidadora. 
"Ela intimidou o cabeça de robô" resumiu Chisato. 
"O que???" Mizuki se espantou. 
"Foi mais ou menos isso mesmo" 
"Foi exatamente isso" 
"E como vocês duas acham que isso rolou?" 
"Eu particularmente acho que funcionou bem… Mesmo de capacete da pra ver ele tá desconfortável" Takina encarou de volta com o olhar mais terrível que ela possuía. "Da um tchauzinho pra ele Chisato" e a esposa acenou. 
"Vocês tem razão, o desempenho dele no telão despencou, tá quase em último" 
"E a Kurumi está de volta, como se não tivesse mais sendo importunada" 
E assim seguiu boa parte da segunda rodada até o final. 
"O que vocês fizeram?" Kurumi estava curiosa. 
"As suas manas aqui botaram o misógino no lugar dele" Chisato disse com naturalidade. 
"Espero que isso acabe pra sempre e não seja algo só de hoje" Kurumi apontou, mas o que vocês realmente…" antes de terminar de falar uma equipe policial entrou no salão. 
"Eu conheço aquela policial" Chisato viu a moça que liderava a equipe. "Hey, você é quem trabalhou no caso da universidade de Tokyo uns anos atrás? Que prendeu o assediador lá" 
"Ah, eu lembro de você… você nos ajudou, Senzoku né?" 
"Chisato na verdade, mas todo mundo confunde mesmo" 
"Verdade, a grafia sempre me pega… Estamos atrás de um indivíduo identificado como Robota" 
"Ah, é aquele ali" Kurumi apontou para o rapaz todo encolhido escondido atrás do monitor. 
"É, o capacete não engana… Pessoal, levem ele para interrogatório" 
"Como vocês acharam algo dele…?" 
"Nós recebemos uma denúncia anônima cheia de informações e depoimentos sobre um indivíduo que vinha perturbando e causando crimes de ódio na Internet, essa denúncia que mais parece um dossiê, foi analisada nos últimos dias e hoje recebemos a dica que ele estaria presencialmente aqui, então estamos levando-o averiguação"
"Que incrível, eu mesma não tive acesso a esse tipo de coisa, e olha que eu sou bem boa no que faço" Kurumi disse espantada imaginando outra hacker tão boa quanto ela própria. 
"Você foi uma das vítimas dele não é? Peço que quando puder venha até a delegacia central prestar queixa" 
"Eu levarei ela" disse Mizuki em seu modo irmã protetora. 
"Muito obrigada colega, bom saber que você está se dedicando a ajudar mulheres assim" disse Chisato. 
"Depois do caso do Majima eu me foquei nisso, então ganhei minha equipe no combate à assédio contra mulheres".
"Fico contente, parabéns pra você" Chisato parabenizou contente em ter feito parte disso. 
"Obrigada, e eu agradeço por ter me ajudado lá no começo… Bom, vamos indo, te espero na delegacia depois garota" disse a oficial para Kurumi. 
"Ah, a denúncia online, tinha algum nome ou assinatura?" perguntou Kurumi antes da policial ir embora. 
"Ah? Tinha sim, mas era apenas uma assinatura genérica, chamada Alibaba… Você imagina quem seja?" 
"Humm talvez…" Kurumi disse enigmaticamente. 
 
De volta para a terceira e última rodada, Kurumi não tinha mais adversários, todos os demais competidores estavam bem atrás dela e não parecia haver tempo para tirar a vitória da garota. 
Eis que uma outra menina começou a ganhar destaque nos minutos finais. 
Aquilo pegou Kurumi desprevenida, ela estava segura que seria uma vitória fácil novamente, como foram todas as demais. 
E no minuto final ela foi ultrapassada por muito pouco. 
O telão anunciava uma vitória nos critérios finais muito apertada, mas ainda assim o prêmio da competição daquela edição não ia para Kurumi. 
"Gostaríamos de chamar para frente a grande vencedora, por favor Futaba Sakura receba seu troféu" disse a apresentadora. "O prêmio de segundo lugar vai para nossa veterana Walnut, o segundo lugar ficou por décimos de pontuação na sua mão"
Kurumi aceitou o prêmio, mas ela não estava pensando tanto no resultado, algo além ocupava sua cabeça. 
"Wa-Walnut né? Parabéns" disse a garota Futaba. Uma menina de cabelo longo e ruivo com uma franja e cobria seu rosto, além do óculos que pareciam esconder completamente a garota. 
"Seu primeiro concurso né? Parabéns pra você" Kurumi retribuiu a gentileza. 
"S-sim, eu não sou muito de sair do meu quarto, mas meu irmão me incentivou a sair de casa e me arriscar" ela acenou pra um rapaz de óculos na arquibancada. 
"Que bom, eu tenho uma irmã que me incentiva sempre também" Kurumi acenou para Mizuki. 
"Bom, fico contente que esteja tudo bem, não sei lidar bem com pessoas, fico feliz que você não me odeie" 
"Eu também não gosto de interagir muito com pessoas, mas as vezes não tem jeito né? Bom, espero que possamos ser amigas" 
"Eu também" Futaba havia ficado contente com a proposta. 
"Ótimo, espero você no próximo concurso, e saiba que eu vou vencer" Kurumi esticou a mão e cumprimentou Futaba "Até mais, ah, e obrigada pela ajuda que você deu com o Robota, senhorita Alibaba" 
"Não foi nada… Espera Espera! Não!! Como você sabia???" 
"Tinha minhas suspeitas, mas você confirmou agora, muito obrigada" Kurumi era tão inteligente quanto suas irmãs na arquibancada. "Mas o parabéns e a proposta de amizade é real, você foi bem corajosa e habilidosa em conseguir expor aquele incel lá, gostei de você… bom, depois quero que você me conte como conseguiu tudo isso, agora eu tenho que ir depor lá na delegacia" 
"Ah, obrigada…" disse Futaba com vergonha "eu também quero ser sua amiga… Mas eu não tenho seu contato" 
"Bom, não acho que isso vai impedir você de descobrir, não é mesmo, Alibaba?" Futaba sorriu com a fala da nova amiga "A propósito, pode me chamar de Kurumi viu?" ela disse antes de sair. 
 
Passado os eventos da competição, estava Chisato, Takina, Mizuki e Kurumi na delegacia. As duas últimas na sala da policial prestando depoimento e ajudando como podiam nos fatos envolvendo as denúncias contra Robota. 
"Pelo que dá pra ver, o garoto não vai passar impune" disse Chisato observando a quantidade de provas contra ele, e também as várias denunciantes. 
"Mas ele ainda é menor de idade, não vai poder ter uma pena muito grande" 
"Bom, isso pode ser algo positivo por um lado, ele ainda tem tempo pra aprender, se regenerar e ser uma pessoa melhor" 
"Admiro muito seu lado tão otimista que acredita mesmo na recuperação de pessoas e segundas chances" 
"Temos que ser assim né? Se até aquele podre do… Não pode ser" Chisato parou o que estava falando quando viu o sujeito da sua fala passando bem na sua frente. 
"Vocês!! O que vocês duas estão fazendo na delegacia?" 
"Eu que pergunto, você não foi preso novamente não é?" perguntou Chisato para Majima. 
"O que? Não, não.. Eu só estou cumprindo uma dos meus afazeres como parte da minha condicional" 
"Ah, você é mentor agora né?" 
"Isso, como você sabe?" 
"Palpite" disfarçou Chisato. 
"Mas o que vocês fazem aqui? Foram assaltadas ou algo assim?" 
"Não, um mini Majima assediou uma amiga nossa e estamos aqui prestando apoio pra ela" 
"Que merda, e está tudo bem com ela?" 
"Na medida do possível, sim" disse Chisato. "Se você virou o senhor mentor mesmo capaz de monitorar o garoto que fez isso com a nossa amiga" 
"É bem capaz, eu estou sendo designado pra maior parte dos casos de garotos que assediam meninas mesmo" 
"Ótimo, quero ver esse cara ser recuperado igual você ficou hein? Senão eu volto aqui e soco sua cara" Brincou Chisato, mas Majima já estava bem desconfortável na situação. 
E não era por conta da Chisato. 
"B-bom, vou indo agora, tenho esses afazeres e não posso atrasar, até mais…" Majima se virou, mas antes de ir, Takina o chamou e falou algo pela primeira vez na conversa. 
"Você… Parabéns pela reabilitação, fico contente por você" Takina esticou a mão para cumprimentar o rapaz. 
"É… obrigado, eu acho" disse Majima visualmente desconfortável 
"São meus votos sinceros" 
"Agradeço a cordialidade, mas… V-você poderia soltar a minha mão?" 
"Certamente" Takina soltou a mão do homem e ele se foi mais constrangido ainda. 
E nem era pelo aperto de mãos esmagador de Takina. 
E sim pelo olhar da mulher. 
"Amor da minha vida, você tá bem?" 
"Completamente bem" disse inflexível Takina. 
"Você disse antes que tava de boas com o Majima livre, lembra?" 
"E estou" 
"Então me explica por que você está com um olhar mortal desses? É mil vezes mais ameaçador do que você fez pro Robota mais cedo" 
"O que você quer dizer?" Takina virou o rosto para Chisato e a esposa podia sentir a energia sombria saindo de Takina. 
"Chisato, você tá bem? Chisato" o poder sombrio do olhar afetou Chisato. 
"Dark Takina, ataca novamente" Chisato pareceu derreter no sofá da delegacia. 
"Me desculpa, eu só estava… Não percebi" Chisato derretida começou a rir da situação. 
"A Takina ciumenta evoluiu pra Takina Sombria… Você é um Pokémon do tipo sombrio" riu Chisato sozinha enquanto a coitada da Takina não sabia como reagir aquilo, e as esposas tinham mais uma história engraçada para ser contada no futuro. 

Notas: antes de mais nada, nunca imaginei que ia chegar a 70 capítulos! 
Eu não faço ideia até onde vou chegar, se terei pulso até lá, mas sigo escrevendo as histórias que me divertem, então enquanto tiver inspirações e vontades (e saúde), vamos indo. 
O capítulo de hoje inaugura depois de muito tempo a estreia do último personagem original do anime que não havia aparecido na fanfic: o Robota. 
Eu particularmente não sou o maior fã do personagem, mas eu não podia deixar de fora alguém que é tão relevante na história, a questão principal da demora de 70 capítulos para ele aparecer era simplesmente não achar o momento ideal para isso.
Desde a concepção da história eu imaginava ele já como um rival da Kurumi, mas não sabia se rejuvenescia ele pra poder entrar antes na história, ou se esperava a Kurumi envelhecer bem pra poder criar essa richa de hackers (afinal, se eles iam interagir em carne e osso, seria estranho colocar uma criança e um jovem adulto juntos como inimigos), a resposta ideal foi o meio termo, deixar ambos adolescentes e ver no que que dava. 
A ideia veio justamente quando eu parei pra pensar na Futaba de Persona 5, achei que era o formato ideal para ambos Kurumi e Robota serem retratados nessa fase da fanfic. 
Alias, aproveitando, eis uma nova personagem e uma nova hacker pra história, inspirada totalmente na Ladra Fantasma do jogo (e anime) Persona 5, Futaba é uma homenagem pra minha personagem preferida da franquia Persona, eu gosto muito dela e não podia deixar ela de fora de um plot sobre hackers na fanfic. 
Pra finalizar, como falei tempos atrás, essa é uma fanfic positiva, eu não poderia deixar o Majima sem uma possibilidade de redenção, então aproveitei que existia uma brecha na história para isso nesse momento. 
Espero que vocês continuem gostando da fanfic, muito obrigada por lerem e comentarem. ♥ 

Arte da capa do capítulo
https://twitter.com/lewillust/status/1568617921840091136?s=19

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