[02] Erros que se aprofundam quando ignorados

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Ontem quando te conheci

eu estava me sentindo triste

No caminho para a minha melancólica casa

o som do riacho estava mais alto

pois muitos erros estavam sendo cometidos

Mas só depois que te conheci

que eu comecei a perceber

que os erros em meu coração

tornavam-se mais profundos à medida que eu tentava esquecê-los

An Dohyon



Os dias estavam passando dolorosamente para Kang Seulgi e a sua família. Diante de um fim de semana que terminou de forma tão pacata, não imaginava que estaria prestes a enfrentar a amostra do inferno.

Embora tenha deixado a confeitaria mais cedo, os ombros pesavam de cansaço da mesma maneira. Ela mal conseguia manter as pálpebras abertas enquanto voltava para casa, sentindo-as pesar mais a cada segundo que se passava.

Como havia chegado àquele ponto?

Seulgi — Kiyoung, o seu irmão, iniciava do outro lado da linha, a sua voz tão quebradiça sob a exaustão que o acometia —, sei que o clima entre nós não está bom, mas é que estou tão aflito e cansado... O pai está cada vez pior.

— Final de semana estarei aí. — Suspirou. Não podia mais ignorar toda a situação que os rondavam. — Eu já avisei os funcionários da minha ausência e amanhã mesmo irei preparar as coisas para viajar.

Houve uma pequena pausa antes que Kiyoung respondesse.

Vai ficar tudo bem? — Suspirou também. O sentimento de preocupação era palpável a milhas de distância. — Quero dizer, não costumamos deixar outras pessoas no comando das lojas assim... Não é melhor simplesmente fechá-la durante esse tempo?

— Não posso me dar o luxo de fechar por tanto tempo, irmão... Você sabe que temos investimentos grandes para o futuro. — rebateu em um tom ameno, mas firme. — Kyungsoo é um homem de confiança, eu prometo que ficará tudo bem.

Obrigado, irmã... Obrigado de coração. — Dessa vez, tinha um pequeno sorriso em sua voz abatida. — Não era minha intenção te sobrecarregar tão de repente.

— Digo o mesmo. — Permitiu-se sorrir também. O clima ainda estava denso, mas, naquele momento, sentiu a esperança soprar em seu coração. — Vamos conversar melhor no sábado, certo?

Ao ouvir Kiyoung concordar e se despedir em um tom mais ameno, ela encerrou a ligação e guardou o celular na bolsa. Estava tão dispersa, imersa em sentimentos conflitantes, que nem mesmo percebeu quando chegou ao corredor, apenas alguns passos do apartamento.

Precisava descansar. Urgentemente.

Assim que digitou a senha e abriu a porta, porém, deparou-se com um envelope no chão. Retirando os sapatos e equilibrando a bolsa no ombro, ela se abaixou para inspecioná-lo com curiosidade queimando na ponta dos dedos.

Envolvido por um fio de cânhamo, notou que se assemelhava à estética antiga que tanto via nos filmes e dramas. Sentiu-se tão instigada que apenas se escorou na porta e deixou que os olhos pairassem sobre aquela letra desconhecida.

Contos de Apartamento | SeulReneOnde as histórias ganham vida. Descobre agora