14 | Não Dói.

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Nikki está me contando sobre o que ele fará na aula de hoje, enquanto isto, Lisa está entupindo meu celular de mensagens

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Nikki está me contando sobre o que ele fará na aula de hoje, enquanto isto, Lisa está entupindo meu celular de mensagens.

Bom dia — Lili

Você ainda está brava? — Lili.

Posso ir te buscar? — Lili.

Por favor... eu estava irritada ontem. Sei que isto não é desculpa, você não tem absolutamente nada a ver com a minha raiva, mas eu acabei descontando em você — Lili.

Por favor, me deixa ir buscar você — Lili.

Não, eu não vou fazer isso. Hoje irei de carro pro colégio.

Eu sei que você está me ignorando de propósito, eu te conheço, Hanna. Você nunca fica sem olhar as mensagens que chegam — Lili.

Hanna. — Lili.

Hanna — Lili.

Hanna — Lili.

Hanna — Lili.

Na quarta vez que ela manda essa mensagem, paro de ler e torno a atenção ao meu irmão e o que ele está falando de tão interessante. Ele parece feliz com a aula de educação física.

— Tudo bem, meu amor? — meu pai direciona o olhar a nós de repente, notando meu silêncio excessivo. Não sou de falar de manhã, mas também nunca fiquei tão quieta desse jeito, e meu pai nunca reparou em nada, por que está me perguntando agora? — você parece um pouco abatida.

Pelo tanto que me segurei de chorar ontem, chorei logo que acordei ao ver a pulseira de Lisa ali. Nem sequer foi uma briga de verdade, mas tudo que acontece na minha vida parece mais intenso do que geralmente é para as pessoas, é claro que eu ficaria mal com o que ela falou, era óbvio. Minha cabeça dói só de pensar em ficar longe dela por um tempo indeterminado. Minha cabeça já está doendo por natureza por culpa do álcool, e pensar nisso faz doer mais ainda, se for possível.

— Eu estou bem — no mesmo tanto que sou péssima em esconder sentimentos, sou boa em esconder situações.

Não quero conversar sobre isso com ninguém, pela primeira vez na vida quero ter capacidade de me virar sozinha. Meu pai não acredita no que falo, mas não faz qualquer outra pergunta, até porque sabe que será um caminho sem retorno. Termino de tomar o suco e me levanto sem falar com ninguém, apenas aceno para todos eles e vou para a garagem em seguida.

Remember That Night?Where stories live. Discover now