11 | Posso ir ai?

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Me sinto um ser humano horrível quando acordo na manhã seguinte com uma pequena criatura agarrada a mim, me fazendo lembrar do desespero horrendo que senti na noite anterior ao receber a ligação de Maria Clara

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Me sinto um ser humano horrível quando acordo na manhã seguinte com uma pequena criatura agarrada a mim, me fazendo lembrar do desespero horrendo que senti na noite anterior ao receber a ligação de Maria Clara. Hanna está internada por culpa do que aconteceu na viagem, eu não deveria tê-la deixado entrar na piscina em um dia tão gelado, aliás, isto não deveria ter acontecido nem mesmo em um dia ensolarado. E agora me sinto ainda pior em estar sendo encarada ferozmente pela prima dela do outro lado do quarto, ela parece querer me matar, Maria Clara com certeza viu o que aconteceu ontem, é impossível que não tenha visto já que entrou bem na hora e minha maneira de disfarçar não foi a melhor possível.

— Por que não me avisou que eu estava com um tênis de cada cor? Meu Deus — resmungo para Maria, me sentindo horrível com os tênis diferentes. Estou tentado encontrar uma forma de mudar de assunto, mas acho que não vai rolar.

— Estava tão desesperada quando chegou que achei inconveniente te interromper para falar sobre isso.

— Devia ter falado! Que horrível — abotoo o casaco e paro em frente o espelho do banheiro para arrumar o cabelo todo despenteado — eu cheguei aqui parecendo uma louca, não sei como me deixaram entrar assim.

— Para de bobeira, Lisa — Maria se encosta no batente da porta do banheiro, e então solta um suspiro agoniado. Eu sei muito bem o que vem a seguir, e pensar em uma forma de conciliar isso tudo dentro de minha cabeça me faz entrar em pânico, mas não deixo transparecer de imediato — posso perguntar uma coisa?

Meu corpo gela. Por algum motivo, sei exatamente o que Maria vai perguntar agora. Ontem quando ela apareceu no quarto, eu senti que ela flagrou meu beijo com Hanna... só não sei o que virá após essa pergunta.

— Pode sim — murmuro ainda distraída, passando o pente minúsculo de Maria em meus cabelos.

— Você e a Hanna... hum...

— Ahn? — tento adiar a pergunta, mas o olhar de Maria me leva a respirar fundo — é... você viu o que aconteceu ontem, né?

— Quando entrei, vocês estavam muito próximas, não cheguei a ver... mas imaginei que sim, tinha acontecido algo a mais do que amigas normalmente fariam — ela vira para conferir se Hanna ainda está dormindo, e sim, ela está apagada com os remédios que a enfermeira colocou no soro durante a madrugada. A moça me acordou pra avisar que estava fazendo isso e disse que não acordaria Hanna porque os pais dela disseram que ela tinha medo de agulhas. E ela realmente tem. Eu passei a noite grudada em Hanna com medo que a febre piorasse ou algo acontecesse com ela. Eu não me importo com muitas coisas na vida, as vezes nem mesmo com a minha própria saúde, mas pensar em Hanna doente me matou por completo. Eu detesto vê-la ruim, detesto.

Sim, nós nos beijamos.

— Está rolando algo entre vocês?

— Na verdade, não... não.

Remember That Night?Where stories live. Discover now