CAPÍTULO 22

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Na manhã de segunda feira, minha mala ainda estava sobre a cama. Alguns sapatos espalhados pelo quarto, e o notebook aberto sobre a cama. Eu não preguei o olho durante a noite, a viagem do Rio a São Paulo para mim sempre eram exaustivas e quase sempre me tiram o sono, então dediquei as horas para trabalhar, e agilizar um pouco da minha agenda de Ministra.
O Cheirinho de chá de hortelã foi logo atrativo quando Maria entrou em meu quarto trazendo a bandeja em mãos.

- Bom dia senhora. - Disse Maria sem aquele típico sorriso de todas as manhãs.

- Bom dia Maria. - Peguei a xícara de chá, e ela ainda me encarava como se tivesse algo a dizer. - Que cara é essa? Aconteceu algo na minha ausência?

- É que...Bom, eu... - Ela gaguejava.

- Pelo amor de Deus, fala mulher!

Aquela pausa era um punhal afiado cravado em minha garganta.

- O Senhor Eduardo, está no outro qua...- Não deixei ela terminar. E atravessei o corredor até a porta em frente ao meu quarto.

- Eduardo. - Bati na porta de forma incessante. E demorou alguns minutos para ele abrir.

Estava de pijama, com cabelo desgrenhado e com o bafo de álcool muito perceptivo.

- Bom dia, bom dia. - Ele disse ainda sonolento.

- Que merda você está fazendo aqui?

- Oras, aqui ainda é minha casa. - Voltou para o quarto, ignorando minha existência. - A Gente ainda precisa conversar.

- Sobre?

- Nosso casamento, nossa família. Eu não vou abrir mão de tudo por um novo capricho seu.

- Capricho? Acorda Eduardo. Não existe mais casamento á anos. E eu estava falando sério quando disse que isso havia encerrado. É muita ousadia de sua parte invadir a minha casa, como se fosse bem vindo.

- Você sempre que ganha algum poder sempre quer descartar as pessoas, já percebeu? Seu pai ficaria decepcionado com você.

Me enfurece ouvir ele falando do meu pai. E ele quer me ferir onde me dói de forma maquiavélica.

- Escute bem! - Encaro seus olhos.- Nunca mais ouse abrir a sua boca para falar de meu pai. Nunca mais Eduardo.

- Você já disse a nossas filhas sobre seu caso.

Engulo a seco. Meu corpo parece paralisar no meio daquele cômodo.

- Que caso? Do que você está falando?

- Não se faça de idiota, você e a Senadora. Ou você acha que eu não sabia?

- Você só pode estar ficando louco. Acreditar nessas histórias de Internet.

- Não são histórias e você sabe bem. - Ele sentou na poltrona ao lado da criado-mudo. - Eu não sou idiota, eu via sempre como você á tratava, das suas ligações com ela intermináveis, e do seu cuidado excessivo para com uma colega. Era muito notório a sua queda por ela, e de início eu até pensei que todo esse afeto poderia ser de amigas, ou colegas de trabalho. Mas, olha só?! Você não tinha o mesmo cuidado com mais ninguém, era sempre Soraya, Soraya...- Interrompo com voz trêmula.

- Chega! Cale a boca. - Mas ele é persistente

- E é surpreendente uma mulher da sua idade agir como uma adolescente apaixonada, eu vi os extratos da sua conta, das flores que você comprou. Que com certeza eram para ela, na grana que você gastou no hotel luxuoso, que não quero nem imaginar pra que foi. - Ele sorria como se fosse o próprio diabo. - Você perdeu o total senso do ridículo.

PertencerWhere stories live. Discover now