CAPÍTULO 19

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Simone havia saído para resolver algumas coisas, cumprindo sua agenda de Ministra, junto com Gleisi Hoffman. Segundo ela Gleisi a levaria até o governador do Rio Janeiro para debater alguns assuntos sobre obras que serão benéficas para o Brasil, no setor de exportação e importação.

Ontem a Simone foi muito gentil comigo, e me senti mal por ter deixado ela sozinha e preocupada, eu vi nos olhos de Simone algo que nunca havia visto, uma mulher amedrontada, aflita. Hoje decidi ficar um pouco mais no quarto, depois do susto de ontem, não consegui dormir direito. A Imagem, os gritos e toda aquela correria se repetiam em minha mente, como um ciclo vicioso e perturbador. Vitor veio me ajudar com o bloqueio de contas, e todos os meios de segurança já que tive meu celular roubado.

- Pronto, a tarde eu trago seu novo aparelho. Mas peço que descanse se alimente direitinho. A Simone me fez prometer que cuidaria de você. - Vitor acomodou os travesseiros sobre a cama.

- A Simone foi gentil comigo. - Comentei deitando na cama.

- Ontem ele estava desesperada. Nunca vi ela daquela forma. E me desculpa o que vou falar Senadora; Mas, a Simone não gosta de você como amiga. Eu vi nos olhos dela, quando a senhora abriu a porta ontem.

- Você acha isso?

- Com certeza Senadora, a Simone sempre te tratou diferente, sempre te olhou diferente, e não foi só eu que vi. Essas histórias do Twitter, tiktok, não são infundadas. Claro, não são com a profundidade que eles contam. Mas, é algo muito visível.

Sorri ao lembrar dos dias, dos momentos que tivemos juntas.

- Eu gosto muito da Simone...até mais do que eu achava gostar. Mas, é difícil.

- Não é fácil, eu como homossexual sei que não é fácil, encarar uma sociedade extremamente machista, e preconceituosa. Mas, a gente aguenta. E vocês tem um amor lindo que não devia ser escondido, se a Senhora a ama. Viva esse amor.

- Você fala como se eu e a Simone fossemos um casal. - Digo segurando o riso..

- E não é?

- N-não, claro que não. - Menti para mim mesmo.

- Seus olhos te entregam. Tem coisas que não precisa ser ditas. - Ele puxou o lençol cobrindo minhas pernas. - Descanse. Daqui a pouco eu venho te ver.

- Obrigada por tudo Vitor.

- Não tem que me agradecer por nada. Agora descansa, e qualquer coisa eu vou estar lá embaixo trabalhando. É só me ligar.

Vitor dá um beijo no topo da minha cabeça. E sai do quarto, porém segundos depois alguém bate á porta, então acreditei ser o Vitor que pudesse ter esquecido algo. Me levanto da cama e abro a porta.
Sou surpreendida com Carlos parado ali em frente, com expressão séria. Antes que eu pudesse assimilar qualquer coisa ele entra para o quarto. Colocando uma mochila sobre a poltrona.

- Você pode me explicar que história é essa de divórcio?

- Não acredito que você se dispôs a vir até aqui pra isso.

- Você fala como se não se importasse, estamos falando do nosso casamento.

Bato a porta do quarto. Sinto as batidas do meu coração bater descompassado.

- Então agora você se importa com o nosso casamento? oh céus!

- Claro que sim, a gente tem nossos problemas mas nada é motivo para um divórcio Soraya. - Cruzo os braços e o encaro. Na minha mente me vem todas as brigas que tivemos no decorrer dos anos, todas as vezes que ele sumia, e me deixava sozinha pra assistir um jogo de futebol, recordo das vezes que fui invalidada e descredenciada por ele. Isso não era o suficiente?

PertencerWhere stories live. Discover now