CAPÍTULO 2

2.6K 284 93
                                    

Após uma tarde exaustiva, eu queria apenas tirar meus sapatos e vestir meu pijama fazer um carinho em minha cachorrinha e assistir qualquer coisa involuntária na TV. Estava exausta, e ainda faltava algumas semanas para as férias. Voltei ao meu gabinete naquela tarde, e nos corredores não se falavam em outra coisa. O Assunto desde cedo era apenas a visita ilustre da ministra do planejamento, ela havia se tornado tópico na maioria das conversas que haviam no senado. E por falar em Simone tebet, logo recordo do nosso encontro de mais cedo, recordo exclusivamente dos olhos negros daquela mulher. Meu corpo ainda exalava o cheiro dela, e lembrou de forma saudosa quando ela me segurou pela cintura, tão forte e perpicaz.
Entro em minha sala, sento em minha cadeira, fecho os olhos e parece que a imagem dela subitamente surgi em minha frente, a voz dela fica ecoando dentro da minha cabeça. Simone e eu nos tornamos amigas aqui no senado, apesar de conhecê-la desde a faculdade. Foi aqui, que criamos um elo amistoso, muito respeitoso de ambas as partes. Confidenciavamos sobre tudo, filhos, trabalhos, até o nosso relacionamento fracassado. Sim, relacionamento fracassado ela me contava das constantes brigas que tinha com Eduardo, e eu falava com ela sobre as discussões que tinha com Carlos era como se tivéssemos no mesmo barco, ela me compreendia e me ouvia tão atentamente. A Tal ponto que eu contava os minutos para vê-la, para conversarmos. Eu sentia um bem enorme quando estava com ela, mas meus sentimentos haviam mudado, pois eu comecei a sentir algo novo, a presença dela passou a ser a coisa mais importante do meu dia, e eu sempre queria a sua atenção. As vezes parecia que eu tinha verdadeira adoração por Simone Tebet, e não era apenas pela admiração que nutria por ela era algo mais complexo e profundo. O Toque dela me causava arrepios, a forma como ela me defendia era tão voraz. E eu não sei explicar como me sentia quando ela tomava a frente em qualquer situação para me defender.

toc toc

Saiu dos meus pensamentos quando ouço alguém bater na porta.

- Pode entrar. - Para minha surpresa Simone passa pela porta, estava com o terno em uma das mãos o cabelo preso com alguns fios soltos diferente de como a vi mais cedo. - Pensei que já tinha ido embora.

- Estava com a Gleisi e Kajuru na outra sala.

- É engraçado como a Gleisi não desgruda de você. - Sai involuntariamente. Ela sorri de canto.

- Está com ciúmes Soraya?

- Ciúmes? De você? - Desdenho.

- Ah confessa vai. - Ela para frente à minha mesa, colocando o seu terno sobre o móvel e apoiando os braços sobre ele. Que mulher bonita meu Deus! Penso comigo mesmo.

- Por que eu teria ciúmes de você? Me diga.

- Esse seu ego é invejável Ministra. - Desvio o olhar, não consigo encará-la. - Mas vamos, diga o deseja.

Ela afasta uma das cadeiras frente a minha mesa e senta.

- Você está livre amanhã á noite?

- Acho que sim.

- Podia me acompanhar em um jantar? - Arqueou a sobrancelha levemente.

- Jantar? Como assim? Eu e você? - Não consigo raciocinar.

- Não especificamente eu e você, na verdade seria com a Janja... - Solto uma risada ao ouvir esse nome.

- Com a Janja?

- Por que a risada?

- Você sabe que apesar de aceitar seu posicionamento político, não quer dizer que eu esteja do mesmo lado, não é? Eu jamais sentaria na mesa com Janja e Lula. - Ela bufou

- Não é assim. A Janja me convidou para um jantar apenas de mulheres, porém eu vou me sentir totalmente deslocada entre elas. E queria você comigo. - Ela me olha com tom de súplica.

- Não mesmo.

- Por favor? Você não faria isso por mim? - Ela junta as mãos, e faz um bico manhoso. Como eu diria não á ela?

- Definitivamente não. - Insisto. Não sendo o suficiente ela se aproxima, sentando na minha mesa olhando para mim de cima para baixo.

- Eu não vou ser bem vinda, é terreno inimigo.

Ela olha para mim, e isso perdura por segundos intermináveis

- Por favor, vamos. Se você se sentir deslocada em algum momento vamos embora.

Não gosto muito da ideia, afinal todos do outro partido sabem do meu desafeto com o presidente eleito, e sabe exclusivamente que eu apoiei o candidato oposto, e na eleição passada fui aliada convicta do outro cujo o nome não gosto nem de citar. Porém a Simone era minha amiga, e apesar de tudo eu sabia como ela estava se sentindo deslocada, mesmo apoiando firmemente a campanha do Lula, ela ainda se sentia fora da caixa. E sem falar que ela havia sido muito mal interpretada por todos á sua volta, e foi bastante pesado os dias que antecederam a eleição.

- Eu odeio como você consegue me manipular. - Ela sorrir gentilmente, e em um impulso ela segura meu rosto dando beijo de cada lado.

- Você é ma-ra-vi-lho-sa. - Ela diz pausadamente, ainda sinto meu corpo queimar ao sentir o toque macio e aveludado dos lábios em meu rosto.

- Mas, vou logo avisando não terá fotos. E muito menos irei fazer o "L". - Falo séria.

- Como você quiser. - Ela pega o terno sobre minha mesa. - Amanhã eu pego você no seu apartamento, de verdade obrigada.

Aqueles olhos...aqueles malditos olhos.

- O Que devo vestir?

- Nada muito extravagante, temos que passar despercebidas.

- Okay, irei usar brilho e renda. - Ironizei.

Ela pisca rapidamente pra mim, e sai em seguida do meu gabinete. Acho que as câmeras daqui estão captando meu sorriso idiota por aquela mulher estupidamente sexy e atraente. Respiro fundo, e parece que o perfume suave dela está presente em cada lugar, de forma embriagante. Logo me policiou, balanço a cabeça algumas vezes para espantar aqueles devaneios.

- Olá - Vejo Marcos um dos meus acessores. - A Senhora recebeu alguns presentes hoje.

Encaro a caixa que Marcos trás consigo. Haviam flores, livros, chocolates e até mesmo um urso de pelúcia com as minhas iniciais. Ultimamente havia chegado bastante presentes para mim, alguns bastantes inusitados confesso.

- Olha, daqui a pouco a senhora irá precisar de uma sala pra armazenar tudo isso.

- Eles são tão gentis comigo, mas estou começando a ficar preocupada.

- A Senhora precisa ver o tanto de coisa que tiramos da sala da Tebet. - Colocou a caixa sobre a mesa, olhei dentro dela alguns itens, abri uma caixa de Ferrero rocher meu chocolate favorito. Mas algo me chamou a atenção, havia um álbum com algumas fotos, fotos essa que eu nem sabi que existia, cada foto tinha uma legenda muito carinhosa. No fim do álbum havia uma foto, na verdade até questionei a veracidade da imagem, na imagem era eu e Simone, era como se ela tivesse ajoelhada não sei olhando para mim. Aquilo prendeu minha atenção, e logo me remeteu aos inúmeros edits e vídeos que recebo como se eu e Simone fossemos um casal. E isso surgiu logo depois do nosso debate, surgiram teorias inimagináveis, algumas bem engraçadas. Nunca comentei com Simone pois tinha medo disso afetar a nossa amizade de alguma maneira, no início achei bastante constrangedor porque em algumas imagens especificamente eu fui pegar olhando para ela, e contra fatos não havia argumentos.

Eu era estupidamente atraída por Simone Nassar Tebet

PertencerOnde histórias criam vida. Descubra agora