CAPÍTULO 4

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Já estávamos á mesa, a Janja falava sobre alguns momentos engraçados da Campanha, do banho de chuva ao dia que Simone disse Lula 15 em um palanque. Ela me parecia ser um pessoal agradável diferente do que imaginei, acredito ter a julgado mal. E Voltando a Simone, mal nos falávamos desde que saímos do banheiro, era muito notório o constrangimento dela depois que eu a vi me olhando, e aquele olhar levantou várias dúvidas em minha cabeça. Afinal o olhar da Simone, foi tão intenso que que podia sentir o que ela estava pensando, e confesso que me julguei por pensar isso dela. Mas aquele olhar foi como se me devorasse, como se arrancasse a minha roupa, o olhar dela foi...foi de desejo. Ok, talvez eu esteja ficando paranoica com isso.

Simone estava ao meu lado, e conversava com a Janja, ela era linda de fato. Mas, conseguia ser ainda mais atraente quando falava, seus gestos, e sua dicção frágil era o meu ponto fraco.

- Á Soraya estava lá também. - Simone colocou a mão sobre minha coxa. - Né Soraya?

- Estava onde? - Tento fingir controle. Mas aquela mão macia em minha perna me faz sentir tudo de novo.

- Aquela história com Marcos Rogério, que a Leila chamou ele para fora.

- Ah sim, aquele dia foi desgastante. A Simone foi constantemente desrespeitada.

Ela me olha com carinho com leve sorriso de canto.

- Já tive vontade de trancar eles dentro do Senado e atear fogo. - Completou Gleisi.

- Calma Gleisi. - Disse Janja sorrindo. - Eu sei que não deve ser fácil para vocês estar lá, afinal é um dos lugares mais machistas que eu conheci na vida. Lamento muito que cada uma de nós aqui presente tenha passado por algo assim, tenha sido desrespeitada, invalidada de alguma maneira. Mas, quando isso acontecer saibam que pode contar comigo e com o presidente Lula.

Todos à mesa aplaudiram, ela foi muito perspicaz em suas palavras.

O Jantar logo foi servido, e estava divino. Acho que nunca havia comido tão bem, uma conversa tão tranquila e descontraída. Á tempos eu não sentia a energia que era estar entre mulheres, entre amigas.

- Você está calada? - Disse para Simone quase em sussurro entre um garfada e outra. - Foi pelo que vi no banheiro?

- O Que você viu? - Ela responde sem olhar pra mim, segue sua atenção ao prato.

- Você estava me olhando de um jeito diferente. - Sussurro em seu ouvido.

- Estava admirando você, sempre te disse que achava você uma mulher muito bonita.

Viro a taça de champanhe de uma vez.

- Não foi isso que entendi.

- Você bebe devagar pelo amor de Deus! - Disse tirando a taça de minhas mãos.

- O Que você quer que eu diga? Hein? Que eu sou atraída por você? Que eu te acho sexy? - Ela olhando nos meus olhos, e aqueles olhos me queimam por dentro.

- Uau! Não pensei que fosse tão sincera.

- Está vendo? Você me faz dizer coisas inapropriadas para um jantar.

Olho em seus olhos em seguida para boca com pouco batom, ela umedeceu o lábio com a pontinha da língua e desviou o olhar para o Garçom que servia nossas taças. Aquele lugar havia tornado pequeno e tão quente, era como se nós duas estivéssemos sido esmagadas pela tensão que ali se instaurou. Após o jantar Janja convidou todas para conhecer como estava ficando a pequena reforma que fazia para logo se tornar a residência oficial do presidente. Alguns cômodos já estavam prontos, outros ainda faltava alguns toques, havia cômodos ainda com a antiga mobília, e era assustador o estado Deplorável de como eles haviam deixado. Subo alguns degraus da escada, e admiro um quadro de um artista brasileiro de 1973. Olho a minha volta e percebo que estou sozinha as mulheres haviam sumido do meu campo de visão. Abro uma porta para ver se vejo alguma delas, era tudo muito silencioso e assustador pra falar a verdade.

PertencerWhere stories live. Discover now