Scherzo-Focoso

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Sebastian acordou em seu horário de costume, mas foi surpreendido por Ciel já acordado na cozinha. "O que está fazendo?" Ele perguntou antes de procurar por seus aparelhos auditivos.

Ciel se voltou para o escritor. "Já separei todos os ingredientes para fazermos os biscoitos natalinos. Já peguei as formas de boneco de gengibre, de árvore de natal, de floco de neve e de Papai Noel. Já separei açúcar de confeiteiro, corantes verde, vermelho e amarelo, polvilho doce, gengibre, farinha de trigo, leite condensado e fermento. Esqueci alguma coisa?"

Sebastian arregalou os olhos. "Acho que só os ovos."

"Ah, eu não esqueci. Eles estão aqui." Ciel sorriu triunfante. "Vou cobrar cem dólares por receita que eu fizer."

"Nunca comi biscoitos tão caros." Sebastian bufou, colocando seus aparelhos.

"Pode fazer sozinho se quiser." Ciel o ameaçou.

"Oh não, como poderei fazer isso sozinho sendo que só fiz sozinho em todos os outros anos da minha vida?" O escritor foi irônico. "Tanto faz. Já que quer se ver livre de mim, então quero quatrocentos dólares de biscoitos."

Ciel assentiu. Ele não era o melhor na cozinha, aliás ele estava bem longe disso, mas se sacrificaria por Sebastian.

"Eu vou ler a receita para você então." Sebastian se sentou próximo ao balcão. "Primeiro precisa peneirar a farinha de trigo."

Ciel pegou uma xícara para medir a quantidade de farinha, mas já deixou uma quantidade imensurável cair no chão. "Err..."

Sebastian se levantou e mediu para ele. "Agora precisa colocar aos poucos na peneira."

Ciel o fez mas nada parecia acontecer. Ele não sabia se precisava bater a peneira para que algo acontecesse. Ele o fez, mas só provocou uma névoa de farinha de trigo. "Perdão..."

"Precisa passar com a colher, assim." Sebastian ensinou pacientemente. "E você pretendia morar sozinho?"

Ciel apenas assentiu, passando a fazer como o escritor havia ensinado. "E agora?"

"Precisa separar quatro gemas, mas sem a membrana."

"Sem o quê?" Ciel o encarou. Já era um inferno separar as partes do ovo.

"Sem a membrana. Senão o biscoito vai ficar cheirando a ovo." Sebastian jurava que aquilo era senso comum e que o jovem era um idiota na cozinha. "Deixa que eu faço isso então. Enquanto isso, abra a lata de leite condensado."

Ciel suspirou em derrota. Ele não merecia nem vinte dólares pela sua performance na cozinha. Assim, ele se concentrou em abrir a lata. O mais jovem pegou o abridor de latas e, na sua primeira tentativa, cortou seu dedo. "Ai!" Sua primeira reação foi colocar a ferida dentro da boca.

"Você está bem?" Sebastian percebeu a cara de dor do inquilino.

"Machuquei meu dedo." Ciel disse com o dedo ainda na boca.

"Não entendi. Tire o dedo da boca e repita." Sebastian odiava quando alguém simplesmente esquecia que ele não conseguiria entender nada se algo atrapalhasse sua leitura labial.

Ciel tirou o dedo da boca. "Cortei meu dedo."

Sebastian colocou a mão do garoto debaixo da água corrente. "Vou fazer um curativo, fique aí." Ele pegou o kit de primeiros socorros, espirrou um medicamento no corte e o cobriu. "Pronto."

Ciel estava impressionado com o cuidado do mais velho. "Muito obrigado."

"Eu já separei as gemas. Quer usar a batedeira?"

I Just Want to Hear YouOnde as histórias ganham vida. Descobre agora