15. Warm Foothills

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"Libélulas azuis voam para lá e para cá

Eu amarro a minha vida ao seu balão e o deixo ir"

Warm Foothills - alt-J

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7 de Abril, sábado

Era uma noite fresca, com o vento primaveril entrando pela janela do quarto e balançando as cortinas. E, finalmente deitada em sua cama depois de mais um dia cansativo, uma pergunta martelava na cabeça de Cecília.

Ela estava errada?

Desde que Matt lhe mandara a primeira mensagem na noite passada, Cecília viu-se cercada por algo que há muito não tinha, um sentimento bom e caloroso que não entendia de onde vinha. Não trocaram muitas mensagens, apenas algumas à noite, e às vezes pela manhã, porém o suficiente para que ela se pegasse sorrindo para o celular como os adolescentes que via e julgava como bobos.

Agora, ela é que agia como uma boba.

Na manhã daquele dia, Matt mandara uma mensagem perguntando como ela estava, e ela se perguntou quando foi a última vez que alguém lembrara dela logo pela manhã. Conversaram sobre coisas simples, mas que a deixaram com um pouco mais de ânimo, e ele a fez sorrir tantas vezes que, agora, prestes a ir dormir, ela começou a se perguntar o que estava acontecendo.

Será que estava errada demais em se sentir tão feliz de repente?

Por que se sentia daquele jeito, afinal?

Cecília o conhecia e via o lado mais extrovertido dele a cada conversinha, e deixava que Matt soubesse um pouco mais sobre ela também.

Agora, ela sabia o nome completo dele. Matthew Robert Smith... Cecília teria que controlar a vontade de chamá-lo de Robert - agora achava que ele tinha muito cara Robert -, ou de Sr. Smith.

Mas, se ele a chamava por senhorita às vezes, ela também tinha todo o direito de chamá-lo de Sr. Smith, não tinha?

Um mês atrás, quando estava sentada naquela poltrona na livraria, quase chorando e lamentando internamente por sua vida, Cecília jamais imaginaria o que estava acontecendo agora, e nem teria acreditado se alguém lhe dissesse que o rapaz que antes só podia observar de longe iria se tornar algo próximo de um amigo.

Um amigo... será que já poderia considerá-lo um?

Poderia se considerar amiga dele?

Não sabia se estava se rebaixando demais por considerá-lo bom demais para ser amigo dela; não sabia se era uma tola por estar gostando tanto de conversar com ele; não sabia se era paranóica por se perguntar se Matt era uma espécie de psicopata e por isso tinha se aproximado dela.

Sim, ela provavelmente era paranóica por pensar aquilo dele. E uma das músicas de Waitress* não ajudara em nada no processo.

Cecília estava feliz, mas também tinha medo. Aquele tipo de empolgação tinha se tornado uma coisa tão rara em sua vida nos últimos tempos, que ela temia perder tudo novamente no mais simples sinal de felicidade. Quando as coisas sempre davam mais errado do que certo, tornara-se normal esperar sempre o pior de cada situação, apenas para não se decepcionar tanto mais uma vez.

The Bookstore | Matt SmithOnde as histórias ganham vida. Descobre agora