Se apaixonar por sua melhor amiga não parecia algo conveniente na vida de Thomas até o exato momento em que conheceu Isabelle. Mas, mesmo tentando lutar contra, foi o que aconteceu. Numa tarde de terça-feira de um dia comum, aos doze anos de idade...
"...não consigo acreditar que você tenha mandado notícias através de Freddie e ainda não parou para falar comigo. Seu desgraçado! Mal pude crer nas palavras dele quando as ouvi. Passei alguns dias esperando que me telefonasse e me contasse sobre você, mas nada aconteceu. Pensei que seria a primeira a saber sobre você. Pensei que bateria em minha porta na primeira oportunidade e, de repente, manda uma mísera justificativa que não responde absolutamente nada do que aconteceu?
Será que fui tão pouco em sua vida a ponto de não merecer sequer uma palavra sua? Será que compreendi errado todo o nosso tempo juntos em que me dizia continuamente que me amava e que eu era a sua melhor amiga?
O que pretende? O que achou que iria acontecer quando soubesse da boca de terceiros que meu melhor amigo simplesmente não deu a mínima para mim por longos dois anos e não mandou um sinal de vida sequer?
Não falarei contigo até que me esclareça. Ou faça isso, ou considere nossa amizade acabada pelo resto das nossas vidas! Continue a fingir que eu não existo.
Gostaria de desejar um feliz aniversário a você, Thomas, mas seria mentira. Espero que esteja sendo o pior de todos.
Idiota!"
— Parte da carta de aniversário de vinte anos de Thomas escrito por Isabelle pouco tempo depois de receber notícias sobre ele.
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Eu estava sentada no banco-balanço quando recebi uma ligação de Daniel. Apesar dos múltiplos esforços que fazia para conseguir ignorá-lo, em algum momento seria bom que o atendesse para amansar aquele ego frágil e desconfiado.
— O que foi? — A minha voz não saiu da maneira que gostaria.
"— O que anda fazendo?" — A sua, como sempre, rondava minha vida em forma de perguntas. — "Não gosto quando fica em silêncio."
Como nunca tinha reparado no quão controlador ele era?
— Pedi demissão hoje do hospital, porém, tenho que cumprir o aviso prévio de trinta dias — menti. Ao menos poderia ir para lá sossegada fingindo trabalhar e ver Giselle neste tempo.
"—Ótimo. Muito bem.Tempo o suficiente até o casamento. E como vão os preparativos?"
Droga! Eu tinha me esquecido completamente de ir até a organizadora de eventos e entregar para ela os detalhes do cerimonial pronto que pediu da última vez que nos encontramos.
— Fui até uma loja de decorações ontem, mas não estava ao seus pés — digo em forma de deboche para ele não desconfiar da minha total mentira.
"— Pois encontre uma que seja.Não precisa economizar, minha Afrodite. Quero que nosso casamento seja grandioso."
Revirei os olhos e agradeci intimamente por não estar falando pessoalmente com ele.
