Se apaixonar por sua melhor amiga não parecia algo conveniente na vida de Thomas até o exato momento em que conheceu Isabelle. Mas, mesmo tentando lutar contra, foi o que aconteceu. Numa tarde de terça-feira de um dia comum, aos doze anos de idade...
"Atenda o seu telefone, tenho uma pergunta Se eu morrer essa noite, você se arrependeria?"
— Nothing Without You — The Weeknd
Alerta de Gatilho: Depressão e tentativa de Suicídio
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MARÇO/2013
Março chegou e estava indo embora opaco tal qual fevereiro. Aquele foi o pior aniversário que tive em toda a minha vida.
Mal pude acreditar nas perspectivas que tinha quando fizesse dezoito anos. Tudo parecia tão bobo agora.
Eu queria tirar a licença para dirigir. Procurar um emprego e talvez comprar um carro só meu. Nesta altura, já estaria estudando também. Havia escolhido arquitetura, curso que era minha primeira opção e consegui passar sem problemas. Estava muito empolgada apesar de não ser tão boa desenhando quanto gostaria. Achava que seria uma ótima profissão para mim e que me encaixaria sem problemas.
Thomas e eu estudaríamos na mesma faculdade. Freddie e Elisa também. Não nos separaríamos. Ao menos esse era o plano.
E eu esperaria pacientemente que meu namorado completasse a maioridade também pelo mês e dez dias que nos separavam as datas. Nós dois planejávamos fazer uma viajem juntos quando isso acontecesse, nem que fosse apenas num final de semana.
O ano prometia grandes emoções, e tiveram. Só não foram exatamente positivas.
Eu costumava receber em todos eles uma carta de Thomas em meu dia especial. E, desde que ele começou com esse hábito, eu espero ansiosamente para saber o que vai escrever para mim. Eu amava esse gesto com todo o meu coração. Na virada desse ano, por exemplo, exatamente à meia noite havia prometido para mim mesma que teria coragem de lhe entregar todas as que fiz para ele durante esse tempo em seu aniversário, e a última seria com a declaração de amor mais intensa que conseguisse expressar em palavras.
Porque eu o amava e Thomas também merecia saber que me dediquei a ele da mesma forma. Iria pedir perdão por me sentir envergonhada todas as vezes que deveria ter contado o quanto era especial para mim através daquele mesmo gesto exatamente como ele fazia.
Eram tantos planos. A vida parecia tão incrível para nós dois. E agora... eu simplesmente não tenho mais nada disso, pois escorreu pelas minhas mãos como água e se foi.
Contudo, naquele dia eu mantive a esperança de que Thomas continuasse a cumprir com aquele ritual. Durante o dia inteiro fiquei de olho nas redes sociais em busca de alguma coisa, assim como nos correios e mensagens do celular, e nada.
Recebi tantas congratulações de pessoas conhecidas e desconhecidas, pessoalmente ou por redes, mas nenhuma era dele. Desejavam-me felicidades e eu simplesmente não conseguia me sentir minimamente bem.
