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Minha cabeça está zumbindo enquanto ecoa o nome dele dentro de mim

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Minha cabeça está zumbindo enquanto ecoa o nome dele dentro de mim. 

Eu sinto vontade de arrancá-la fora apenas para parar de pensar nele. Nem que fosse por um único segundo.

"Oito anos, Isabelle. Oito anos!" — Me censuro. — "E você ainda pensa naquele idiota da mesma maneira como se tudo tivesse acontecido ontem?"

"Supera, imbecil. Já passou do tempo."

Checo as horas pela terceira vez no relógio pendurado na parede branca acima da cabeça da recepcionista no consultório de psicologia. São oito e trinta e cinco da manhã e minha sessão começa em vinte e cinco minutos.

Sou uma garota muito ansiosa. Perdão, mulher. Completei vinte e seis anos de idade a pouco mais de um mês e meio, mas ainda não me acostumei com o tempo corrido entre os dezoito e o agora.

Para alguém que convive diariamente com a ansiedade é um pouco contraditório, eu sei, mas os dias que se passaram até aqui foram divididos em três etapas com mais ou menos a mesma duração. Criança, adolescência e a vida adulta, sendo uma delas a principal causadora das minhas noites de insônia.

Estive a ponto de abandonar a clínica três vezes desde o segundo em que coloquei meus pés aqui. Simplesmente acho que não conseguirei falar sobre meus problemas. Eu quase nunca consigo. Num dado momento entre uma palavra e outra meu peito dói, minha garganta se fecha e me vejo debulhada em lágrimas e soluços infindáveis.

Todavia, preciso encerrar esse ciclo e me tornar a mulher que tanto sonhei um dia em ser. E essa mulher é madura o suficiente para conversar com alguém sem deixar os sentimentos caóticos e controversos atrapalharem no meio do caminho. Essa mulher é segura de si e não deixa que os outros pensem que ela é frágil, pelo contrário.

Você consegue — repito mentalmente.

E eu sei que estou a um passo de me tornar essa figura incrível que tanto desejo ser. Porém, existe um assunto que sempre me pega desprevenida e faz me trancar num refúgio interno no fundo da minha alma, em um lugar praticamente inalcançável.

Só existiu em toda a minha vida uma pessoa que conseguia me arrancar de lá, mas essa pessoa é o meu motivo de estar aqui hoje.

Ele é quem me jogou no fundo do poço.

Tento espantar meus pensamentos antes que recomece a tremer a pernas ou bater os pés em ritmo frenético no chão. Geralmente preciso ensaiar o que vou dizer aos outros, mas desta vez resolvi que deixaria fluir naturalmente. Tenho tendência a ser tagarela, ou o contrário — é sempre oito ou oitenta, atualmente não tenho meio termo.

Procuro o celular e checo se tem alguma mensagem. Nenhuma. Meu círculo de amizades é pequeno por escolha minha. Não trabalho aos sábados, por isso sem perturbações nos fins de semana da empresa, e meu namorado provavelmente está dormindo depois de chegar da sua viagem de negócios nesta madrugada.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora