Se apaixonar por sua melhor amiga não parecia algo conveniente na vida de Thomas até o exato momento em que conheceu Isabelle. Mas, mesmo tentando lutar contra, foi o que aconteceu. Numa tarde de terça-feira de um dia comum, aos doze anos de idade...
"Não se preocupe, Thomas, eu prometo que neste ano irei incitar de alguma forma toda a sala de aula para cantar parabéns para você. Sei que não é justo fazer isso por todos e, quando chega a sua vez, ninguém se lembrar. Mas não fique chateado por isso. Todo mundo lá te adora, às vezes até demais, sabia? Se a sua intenção é conquistar o coração dos outros, saiba que consegue essa façanha facilmente. Me ensine algum dia a ser como você, talvez assim consiga mais amigos também.
Feliz aniversário. Você é incrível de uma maneira que chega ser surreal. E, apesar der ser muito estranho quando o ouço dizendo que me ama, quero que saiba que eu também...
Eu também te amo, Thomas."
— Um pedaço da carta de aniversário escrito por Isabelle para Thomas em seu 12° aniversário que foi substituída por um cartão apenas posteriormente e, mais uma vez, não entregue.
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— Isso faz algum sentido para você? — Estou no consultório de Janine no sábado seguinte conversando sobre... bem, tudo. Mas, principalmente da suspeita de Ramon, pois é a que mais me consumiu os pensamentos na última semana. — A garota não pode simplesmente se parecer com o avô dela?
— Pode, claro que sim — ela concorda analisando minhas divagações. — Porém, Ramon não está totalmente errado. Se a garota se parece com o avô a ponto de gerar suspeitas, pode-se dizer, nesse caso, que talvez Thomas esteja mentindo.
— Eu sei que ele está mentindo. Mas, a troco de quê?
Janine ri da minha afobação.
— Está muito alterada, Isabelle. Eu sugiro que se acalme primeiro para conseguir analisar as coisas. Lembre-se disso todas as vezes que se encontrar numa situação dessas — aconselha. — Nossos sentimentos podem anuviar nossos olhos e confundir nossa mente.
— É exatamente por isso que estou aqui. Já entendi que consegue ver além todas as vezes que falo com a senhora e me esclarece coisas que realmente fizeram sentido.
— Claro.
— E você deve saber mais do que eu sobre genes recessivos ou dominantes — julgo.
— Não tanto quanto os seus amigos médicos. Eu não estudei muito sobre isso em si, mas o comportamento que os filhos podem herdar dos seus pais que possam se passar por genética.
— Compreendo.
— Porém, consigo entender perfeitamente a suspeita de Ramon com base em sua observação. Talvez a garota fosse parecida com esse Théo a ponto dele se questionar se Giselle é mesmo filha de Thomas. Uma explicação plausível é de que ela é irmã e, consequentemente, Théo possa ser irmão também, por isso a semelhança entre os três e com o pai.
— Mas, o pai não tem cabelos loiros. São castanhos. Thomas se parece com ele, mas ao mesmo tempo puxou as características da mãe: madeixas loiras e olhos cor de chocolate de qualidade duvidosa.
