Capítulo 11:Escuridão a dentro

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O cheiro impregnava em meu nariz, o ar está pesado e muito abafado, provavelmente causado pela falta de ventilação nas minas, eu e Lara iluminávamos o caminho com pequenas lanternas, não era possível enxergar nada ali, a única fonte de luz era a entrada pela qual nós entramos e estávamos apenas começando a adentrar naquela mina.

Lara estava na minha frente, seguindo obstinada em enfrentar o que estivesse fazendo daquela mina de covil. Naquele momento estávamos praticamente sem direcionamento, pois há alguns momentos já não havia trilha de sangue para seguir.

— Lara, eu não queria te distrair agora, mas você sabe onde está indo?

— Quieto, não me atrapalhe, preciso me concentrar aqui.

— Não precisava ser grossa também. A antecipação estava consumindo.

Apontei minha laterna para onde nós estávamos seguindo.

— Soka! Atrás de você!

Ouço uma voz gritar na direção da entrada em que acabamos de passar.

Por um reflexo involuntário consegui desviar no último segundo da mordida de um gigantesco cachorro mutado.

Assim como nos outros animais que enfrentamos, esse cachorro não parecia ser totalmente alterado pela fenda, mas sua coloração era inatural, a pelagem possuía um certo tom de roxo e os olhos não tinham mais pupila, era uma figura aterrorizante.

Em menos de um compasso, Lara já o empalava com seu sabre, em uma reluzente faixa de luz prateada. ''Obrigado'' pensei eu.

Mas ainda não tinha terminado, a criatura mesmo tendo seu ombro perfurado pelo sabre de Lara, partiu para cima, e a arranhou em sua perna esquerda, ''uhrg'' grunhiu.

Jenna que tinha nos avisado do ataque, atirou duas vezes nas costas do bicho, fazendo-o se contorcer de forma violenta de dor, nesse momento Lara o golpeou na cabeça, finalizando o transfigurado animal.

— Então é isso o que estavam caçando? Perguntou Jenna.

— Não... tem outros e algo muito pior no fim dessa mina.

O rosto de Jenna se fechou de apreensão quando percebeu a gravidade da situação.

— Vou pegar minha arma na viatura, já volto.

O vulto de Jenna sumiu na contraluz da abertura da mina, percebi que Lara agora se encostava na parede e iluminava sua perna, isso vai marcar.

— Está tudo bem? Parece ter sido profundo.

— Sim, vou conseguir estacar o sangue, mas vai atrapalhar o combate de agora em diante.

— Vamos esperar Jenna voltar, é perigoso avançar com você machucada.

Não demorou para que Jenna voltasse com uma arma de alto calibre, parecia mais um rifle de caça, levava ao seu redor pacotes de munição.

— Não tem muitas armas na nossa delegacia, nem temos criminalidade.

Nesse momento um uivo ressoa pela mina, um lembrete do real perigo que eles enfrentavam.

Lara abaixou a barra de sua calça para esconder o ferimento em sua perna e levantou-se em um único movimento, pois o som de movimento se aproximava cada vez mais, era frenético e irregular, provavelmente são mais de um, como eu queria ter uma arma.

Três cachorros surgiram como um flash da escuridão, e já eram recebidos com os tiros de Jenna, achei um cano para usar como arma, o que acabou salvando minha vida já que um dos cachorros saltou em minha direção e pude usar o cano como proteção.

Lara prontamente empalou o pescoço da criatura com seu sabre prateado, fazendo-o grunhir de forma horripilante.

Jenna descarregava todo o pente de seu rifle de caça, o cachorro que ela enfrentava cambaleou com a dor de seus ferimento, mas não foi possível pará-lo, sobrando para Lara finalizar enquanto eu distraia o último.

— Abaixa! Logo acima do meu ombro Jenna acertava a criatura que eu enfrentava, um golpe com o cano de aço apagou o cachorro.

— Estão todos bem?

— Sim, mas acho que Lara está tendo dificuldades, pensei que vocês caçadores fossem mais resistentes.

Sangue agora cobria a panturrilha de Lara, o esforço contínuo forçava o sangue a sair, ela se sentou em um caixote ao lado.

— Só preciso recuperar meu folego, só isso.

Mas não havia tempo para descansar, me aproximei dela quando um grito infernal ressoou pela caverna, era um grito mais de agonia do que qualquer coisa, como alguém arranhando uma lousa.

Nós três rapidamente viramos nossas cabeças em direção ao som, Jenna prontamente recarregou seu rifle e o apontou para o fundo do corredor.

Deu apenas tempo de enrolar um pedaço de pano que retirei de minha camisa na perna de Lara, quando os passos pesados da criatura se tornaram audíveis.

Pesado. Cada passo era uma pancada, o metal que compunha o piso da mina ressoava sob o peso do monstro e era possível perceber que ela arrastava suas patas para andar.

— Agora vem o chefão.

Da escuridão 3 pares de olhos amarelos penetravam a sobra, primeiro em união, mas conforme se aproximava pareciam se mexer independentemente, assim como uma cobra.

Focinhos, uma barragem de dentes que deformavam as três bocas daquela criatura, um cérbero? Aquele vislumbre do que algum dia foi três criaturas separadas, agora se fundiam numa massa de músculos única que se dirigia em nossa direção.

Os meus pelos da nuca me alertavam do perigo que se aproximava, mas minha mente se concentrava na segurança de Lara, não posso deixá-la morrer!

Trilha da lua: O caminho de um caçadorTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang