Capítulo 4: O começo do sonho

4 1 0
                                    


 A primeira coisa que senti foi o movimento dos meus dedos, depois a ponta dos pés, minha consciência ia se espalhando pelo meu corpo, os olhos foram particularmente difíceis de abrir.

O quarto onde estava não era o meu e muito menos o de um hospital, tirei a leve manta que cobria meu corpo e a imagem de ver cicatrizes no meu braço foram como um coice, todas as memorias voltavam, '' então foi tudo real? '', era difícil de acreditar que fui sequestrado e forçado a lutar contra um gatão esquisito.

Um leve ''toc toc'' na porta me deu um leve susto. — Bom dia flor do dia! — Um senhor alto de cabelos médios e totalmente brancos, com uma barba por fazer entrou no quarto, seguido pela mulher ranzinza que me sequestrou.

Apontei meu dedo para a moça — Sua maluca! Você podia ter me matado.

— Mas você está aqui não está? Falou ela com toda calma do mundo

O homem pegou uma cadeira que estava no canto do quarto e pôs ao lado de sua cama invertendo ao se sentar.

— Vamos acalmar os ânimos, escuta, peço desculpas pelo jeito que minha jovem aqui te tratou — Disse o senhor depois de dar um breve suspiro.

— Meu nome é Roger Highwater, eu e minha companheira aqui somos caçadores, não do tipo que você está acostumado, podemos dizer que caçamos algo muito mais... específico.

— Ok, mas o que o seu grupo esquisito tem a ver comigo? — tentei manter uma voz firme para não parecer intimidado.

O senhor ficou estático por alguns momentos, olhando fixamente nos meus olhos.

— Qual era a cor da lua na noite passada? — perguntou o senhor.

— A lua? — A imagem veio na minha mente.

— Roxo... A lua estava com uma cor roxa, assim como nos meus sonhos.

Quando falei dos sonhos a mulher fixou seu olhar no senhor, mas o velho não mexeu nem por um centímetro.

— Nos seus sonhos, você viu o calendário não viu?

— Você está falando do obelisco? Se for, sim eu vi.

— Bom se você não percebeu, o outro nome da lista sou eu, isso significa que você é o último.

A expressão carrancuda do velho mudara para um estranho sorriso assimétrico puxando mais para o lado esquerdo.

— Bom, preciso te explicar algumas coisas, esse sonho que você viu significa que você, assim como eu, é o que chamamos de ''escriba'', apenas significa que você é capaz de ler o calendário. A questão é que você é o último da lista, então o destino de nossa organização e talvez até do mundo depende de você.

''Como alguém pode dizer uma coisa dessa tão casualmente? '' O meu rosto provavelmente deve ter feito uma careta bastante aparente, visto que o velho começou a gargalhar.

— Por que você está rindo? O mundo está dependendo de um pamonha desses e você acha engraçado. — Falou a mulher enquanto ela dava um leve tapa na nuca do senhor chamado Roger.

— Agora, vamos planejar o futuro, Lara, você vai treinar ele nos básicos do ofício de caçador, espero que dentro de três meses você já deve ter o suficiente para sua primeira missão, não se preocupe você vai ser pago por estar aqui, e digo que é bem melhor que o seu emprego de limpa pratos, além de que só o tempo dirá o que o seu destino reserva para nós.

O senhor prontamente levantou e apertou minha mão, ao sair Lara deu um leve grunhido, '' alguém está brava''.

— Amanhã, as cinco em ponto venho aqui te buscar para o seu treinamento, tchau. — Disse ao sair, ela fechou a porta com bastante força, ecoando através do corredor.

Eu estava perdido, fui parar em uma situação que nem pedi para estar e ainda falaram que sou um lava pratos, o cansaço me puxava para a cama novamente, tinha que me recuperar, amanhã é um outro dia.

Naquela noite não sonhei.

Trilha da lua: O caminho de um caçadorWhere stories live. Discover now